quinta-feira, 29 de outubro de 2009

O encanto do Radiojornalismo


Sou amante das mesas-redondas, dos debates, discussões. São sempre construtivos e nos agregam preciosas informações e conhecimento.
Ontem participei do II Encontro de Editorialistas na Puc-Campinas, com participação de Edilson Damas da CBN-Campinas, Rodrigo Neves e Noêmia Gomes da Band News.
Na área de Jornalismo, o que mais me encanta é o rádio. Trabalho desde dos três anos neste veículo, e hoje, participando ao vivo, diariamente, tenho a certeza que encontrei meu "grande amor". Noêmia ao disse que o "rádio morde". Ela tem toda razão. Morde e o veneno cai na veia, aí não tem mais jeito.
Segundo Rodrigo Neves, a política adotada pela Rede Bandeirantes não mudou com a queda do diploma. E neste assunto Damas reforça que estamos num bom momento para reanalisar as diretrizes curriculares do curso, principalmente no que se refere ao estágio, que atualmente é proibido por lei. Ambas emissoras continuam contratando profissionais formados, afim de garantir a competência e credibilidade do veículo.
De acordo com o Diretor da Band News, há muito espaço para o Jornalismo, ainda mais numa cidade como Campinas, que tem dinamismo e “em termos de notícia, não pára nunca”. Neves destacou que a função do jornalista é “informar”, e tal afirmação me levou a pensar na polêmica envolvendo nosso presidente, na relação informação/fiscalização. Levantei este questionamento e o senhor Rodrigo ressaltou a importância da liberdade em nossa democracia, quando comparada a outros países da América Latina, porém enfatizou que ao informar, a fiscalização não é, nem deve ser desconsiderada.
A Rádio Digital em Campinas está em fase experimental desde 2005 e tem como vantagens a qualidade de som e a multiprogramação. De forma definitiva, o sinal digital deve se estabilizar daqui uns 15 anos. Isso porque, exige-se alto investimento, sem que haja massa receptora suficiente que justifique tal.
Entre os jovens a Internet é a mais abrangente. As emissoras de rádio tentam descobrir este novo público, a medida que a juventude redescobre e reaprende a radiofusão. Há necessidade de conhecer o novo ouvinte e a Internet pode ser aliada neste aspecto.
Edilson Damas assume que o radiojornalismo está sendo o último veículo a se profissionalizar. Muitos apresentadores não têm formação acadêmica, principalmente nas cidades do interior, porém, já está havendo um desmitificação neste aspecto.
Uma grande tendência é o podcast, no qual grandes redes de rádio irão vender seus conteúdos, e o ouvinte terá acesso quando desejar, é o que Damas denomina “Rádio sob demanda”. Esta seria uma forma de revitalizar o o veículo. O rádio passa a ser gerador de conteúdo, acompanhado da interatividade e convergência de mídias.
A Rádio CBN mantém um portal na Internet, e Edilson assume que é um grande desafio para emissora, pois o principal objetivo é conciliar o imediatismo do rádio com a característica instantânea da Internet, ainda um obstáculo no Jornalismo.
Neste novo cenário, a tendência é que haja um leque mais extenso de oportunidades para os jornalistas, sendo a web bastante promissora.
O interessante deste Encontro foi a participação de representantes de emissoras concorrentes. Para Damas a CBN e Band News se complementam e quem ganha com isso é o ouvinte, que tem mais opções.
Um ponto que merece destaque é o fato de o salário do profissional que trabalha com radiojornalismo ser inferior. Rodrigo Neves justifica a situação com o fato de a publicidade no rádio corresponder à apenas 4% das vinculações comercias na mídia, com arrecadação relativamente baixa. Nesta situação, nem todas as emissoras conseguem reter talento, sendo necessário uma política mais agressiva para que aconteça a retenção. O próprio Neves ressalta que “Nada sobrevive sem talento”.
Para Damas, a política salarial sofreu mudanças e hoje, na CBN a rotatividade é menor. Edilson chama atenção pelo fato de haver pisos diferentes, e sugere que isso seja debatido, afim de nivelar por alto.
Aos alunos de jornalismo e os que já atuam na profissão, Rodrigo destacou que a “ética não tem preço” e que nossa função é devolver à sociedade a oportunidade que temos de estudar numa Universidade. Noêmia Gomes ressaltou ainda que o profissional que atua no rádio é mais completo, além do veículo ser uma porta de entrada para o telejornalismo.

Sou suspeita para dizer, mas o rádio é apaixonante e desafiador, a medida que exige bom improviso, jogo de cintura e muito carisma. A receptividade do ouvinte é admirável, participam do programa com sugestões, críticas, o que cria um forte vínculo e fidelidade. No radiojornalismo, as estrelas são as notícias, porém não podemos desconsiderar jornalistas como Arnaldo Jabor e Heródoto Barbeiro, que fazem do rádio, uma mídia referencial.

3 comentários:

  1. Já faz algum tempo que estão tentando decretar a morte do rádio e do radiojornalismo, mas os pessimistas não conseguirão. Por mais que a internet tente, nunca conseguira ter a mesma velocidade e presença marcante do rádio, uma mídia que se renova a cada dia e atrai cada vez mais adeptos. Entre os jornalistas que você citou, Gláucia, tenho minhas restrições ao Jabor. Acho que os comentários dele agregam pouca coisa ou nada, acompanham sempre as tendências do momento, sem novidades. Acrescentaria o Ricardo Boechat, um profssional tradicionalmente de TV a dois anos no rádio pela Band News. Ele mesmo revelou que esta é a atividade que lhe dá mais prazer no jornalismo. Vida longa ao rádio!

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  2. Gláucia, se depender de sua paixão pela profissão, o rádio continuará cumprindo sua missão, independente dos desafios tecnológicos e comerciais. E você, com a garra que tem, sempre terá espaço no jornalismo. Vou acompanhar de camarote o seu sucesso. Ciça Toledo

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  3. Vida longa ao Rádio, Bruno Moreira!! =)

    Ciça, nem sei como agradecer suas palavras. O que depender não só de minha paixão, mas também de meu esforço, o rádio continuará trilhando seu caminho de êxito.
    Agradeço muito o apoio e incentivo. Palavras assim nos estimulam a ter cada dia mais garra =)
    Na luta pela realização profissional, o sucesso é consequência. Dividí-lo com pessoas que acreditam na genté, é o melhor a se fazer. Sou muito grata =)

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