Tive o privilégio de nascer em uma família estruturada, com boas condições financeiras e laços sólidos de amor. Mas, como dizem, "nada é definitivo". A vida nos surpreende. E nem sempre as surpresas são boas. O positivo é que, inevitavelmente a gente aprende com elas. Os laços familiares continuaram fortes. No entanto, as finanças se instabilizaram. A mesada estava comprometida. Era hora de "ajudar em casa". Precisava de um emprego. Almejava e precisava de uma oportunidade.
Foi aí que percebi a descrença em relação aos jovens. Muitas empresas exigem experiência, formação, colocam uma idade mínima e geralmente desconfiam da responsabilidade jovial. Porém, como todo jovem, tenho muitos sonhos e ousadias. Fui à luta! E me decepcionei.
À juventude, faltam chances para mostrar a capacidade. Os dados são desanimadores, e já começam na Educação: 33 milhões de alunos tem acesso ao Ensino Fundamental, dos quais apenas quatro milhões ingressam numa faculdade, com um dado ainda mais alarmante- apenas 1,7 milhões conseguem um diploma acadêmico. Isso tem como reflexo jovens que, sem um acesso adequado ao Ensino, não envolvem-se em questões políticas, sentem-se subjugados, sem motivação para lutar por uma nação que os inferioriza ou mesmo os exclui. Falta muita oportunidade, não pode-se negar.
Se é responsabilidade do Estado e da sociedade incentivar e dar esperança aos jovens, é responsabilidade da juventude validar tal direito. Dizem que uma ação vale muito mais de que palavras. Falar que a juventude é o futuro do país e que os jovens precisam de mais apoio e melhor educação todos falam e sabem. O problema são os índices. O que nós jovens podemos fazer para incluir esses 31,3 milhões que não recebem diploma de graduação? Eu sugiro seguir a recuperação das características fundamentais, como a disponibilidade para a ação, o sentimento de entrega e busca em romper com paradigmas.
A sociedade precisa acreditar no potencial jovem, nos dar espaço para mostrarmos o quanto somos capazes.
Passei pelo desafio de inserir-me no mercado de trabalho, mas um olhar atento e interessado, abriu-me portas. Eike Batista, em recente entrevista, afirmou que o bom empreendedor não é o que sai em busca de emprego, mas sim aquele que não permite que as oportunidades passem, e as enxerga, onde outros não teriam a sensibilidade para tal.
Meu grande trunfo, foi um Projeto da Prefeitura Municipal de Campinas, desenvolvido pelo ex-prefeito Toninho, mas que participei durante mandato do atual prefeito Hélio de Oliveira Santos. Eu, que sempre estudei em escolas particulares, nunca havia andando de transporte público e não tinha sequer noção da triste realidade de vizinhos de bairro, estava inserida num Programa destinado à pessoas de baixa renda.
Foi a melhor escola que pude ter. A escola da vida. Abri os olhos para realidade. Foram as amizades mais sinceras que já fiz. No fim do curso, o mercado de trabalho veio procurar os profissionais, lhes deu a oportunidade de que precisavam. Jovens, na formatura, satisfeitos por já estarem empregados. Jovens sonhadores, que já discutiam o que ia priorizar com o primeiro salário. Uma juventude esperançosa e estimulada.
É disso que a juventude precisa. É muito simples. A gente não quer o peixe. Basta ensinar-nos a pescar e permitir que desfrutemos deste rio.
OBS: O curso do qual me referi, foi “Animador de Eventos”, pelo Ceprocamp. Tive “oportunidade” de ser a oradora de nossa formatura, que teve a presença do Prefeito, Secretários, Vereadores, do Ministro do Trabalho e outras autoridades. Como forma de gratificação, escrevi um poema, substituindo longos discursos de agradecimento. Reproduzo-o na postagem abaixo.
Muito bacana Gláucia! É sempre bom conhecer diversas opiniões sobre coisas do cotidiano, pois isso nos faz refletir. Espero poder voltar aqui mais vezes e encontrar vários textos tão ou mais legais que esse. Parabéns
ResponderExcluirPoxaa, você não sabe como isso me estimula Jéssica!! Muitíssimo obrigada pelo apoio!! Espero que volte sim e aprecie os textos, e que a gente debata muitos assuntos... Beijos!
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