quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Estamos começando pelo fim...


A raiz do problema talvez não esteja sob a terra.
O início da história pode não estar nas primeiras páginas.
O amor as vezes não começa pela amizade.
O primeiro nem sempre é o que começou antes.

Tentei encontrar o porque da superficialidade dos relacionamentos. Foi conversando que consegui um argumento convincente.
-Gláucia, estamos começando pelo fim.

Olhar. Pegar nas mãos. Tocar. Acariciar a face. Um beijo de ladinho para dar tchau. Conversa. Conversa. As flores. O jantar. O silêncio. O meio. O fim.

Nos dias "atuais", nós trocamos a ordem. Começando pelo fim, para que chegar a olhar?
Vamos logo aos "finalmentes".
Temos fim, mas sem o começo e meio, não se solidifica uma história.
Final feliz? Não. Sem os antecedentes, perde-se, inclusive, a referência de felicidade.
Tudo, simplesmente, acaba. Sem, no entanto, ter começado.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Foi assim, minha primeira vez...


Respira. Solta. Respira. Solta...
Aprendi a respirar esses dias. Respirar e perceber a respiração.
A correria é tanta que não só, não tive tempo de escrever, como também, não me lembro se cheguei a respirar.
Agora estou respirando e consigo aqui escrever o que guardei pra mim, com muita vontade de contar. Nem que fosse só para o papel. Só para a tela.

Tive minha primeira vez. Foi de madrugada. Quase tudo novo.
Depois que foi, na rua chovia... Uma chuva esperada... Uma chuva que não vinha. Caiu na minha primeira experiência. Veio lavar, ou regar essa vez. A vez que a gente nunca esquece.

Não, eu não estava sozinha.
Aliás, muita gente ao meu redor. Foi isso que fez ser tão especial.

Participei pela primeira vez de um momento histórico para política (minha paixão), instante que também se eternizará nos livros referente à Campinas (minha cidade). Minha figura era credenciada. Credenciamento de imprensa (esse que sempre foi e continua sendo meu sonho profissional: o Jornalismo).
Fui "testemunha ocular da história" (que orgulho!). Estive presente na votação que culminou no impeachment de Hélio de Oliveira Santos, então prefeito de Campinas.
Para mim não parecia verdade. Primeiro, o resultado favorável à cassação pareceu-me extraordinário demais para ser real, dada a sociedade em que vivemos, onde a impunidade e a história do foro privilegiado parecem simplesmente serem imbatíveis. Segundo, eu estava com o sonho de ser jornalista sendo lapidado....

Vi com esses olhos. E falei algumas palavras (duas ou três) que estiveram na transmissão especial da Rádio CBN.
Não foi simplesmente uma realização profissional, pois cheguei a sentir um gosto de cidadania. Não vou entrar no mérito se deveria ou não ser cassado, mas ver o povo (sim, era pouca gente, mas...) cantar o Hino Nacional deu uma nostalgia. Saudade de um tempo que nunca vivi e não tenho a certeza se alguém já vivenciou.
Foram horas aguardando. Horas. Demoraram para passar. Sono? Sim. Vontade de dormir? Nenhuma!
Os vereadores liam as centenas de páginas. Os jornalistas esperavam. Eu, enquanto estagiária tive oportunidade de conhecer colegas de trabalho, conversar, rir e me apoiar em alguém quando batia a preguiça.

Sai com olheiras sob os olhos. Dentro deles, luz! Eu estava feliz. Feliz por ter mais uma vez a certeza de que escolhi a profissão que me satisfaz. Sabe, parece que é isso que quero pra mim. Virem quantas madrugadas virarem. Leiam quantas páginas queiram ler.

Respirei, soltei. Agora pude registrar.