quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Um Ano Novo sem as metáforas do Ano Velho


O engraçado é que todo final de ano, a esperança ressurgi de forma resplandecente, a fé toma parte de nosso tempo em promessas e orações. A sorte parece estar lançada e bobo aquele que não faz sua fezinha na “Mega da Virada”.
Interessante que no início de um novo ano nos aproximamos das pessoas, numa vontade incansável de desejar a todos, votos de prosperidade e realizações. É bom ser lembrado, complicado é esquecer de alguém.

O branco atrai a paz, o vermelho o amor. Há quem acredite que o amarelo elucide a prosperidade financeira, enquanto o verde, rega a alma de esperança. Nada melhor, portanto, que passar a virada “a la arco-íris”, afinal o que vale todo ouro, quando não se tem quem presentear? Ou ainda em metáforas chulas, - muito bem ensinadas por nosso presidente durante o ano de 2009 - como se pode ter esperança, num ambiente de discórdia?

O que devemos ter em mente é que nenhum ano será realmente novo, se continuarmos com os mesmos erros do passado. E isso vale para eleições, até porque, se é tudo farinha do mesmo saco, é hora de experimentar uma marca diferente, abrindo uma nova embalagem. Se fuçarmos bem as prateleiras, prometo a vocês que a gente encontra farinhas com novos temperos, ainda não contaminadas.

Aliás, por falar em promessas, abdiquemos de tais. É todo ano a mesma coisa! Chega dezembro e todo mundo começa a prometer, prometer e prometer. As promessas já impregnaram a política, e por esse exemplo, sabe-se que da promessa até a prática há um longo caminho a ser percorrido, com muitos buracos, desvios, sem falar dos pedágios. Chegar ao destino exige muita pertinência e infelizmente é mais fácil desistir, ou simplesmente esquecer, como muito de nossos representantes têm se esquecido.

Por falar em esquecimento, o ano de 2010 poderia ser a elucidação da lembrança. Lembrar que vivemos numa democracia, na qual políticos são nossos servos a medida que estão no poder para lutar pela esfera pública e não pelos interesses individuais. É bom refrescar a memória com o fato de que mordaça morreu com a ditadura e a liberdade de expressão é uma conquista que jamais poderíamos ter nos esquecidos. Porém, vamos começar o ano bonzinhos, lembrando ou reensinando tudo direitinho às nossas Excelências. Mas, se não aprenderem, em outubro a gente reprova, ou melhor, não reelegemos.


A vida é tão fácil, nós que complicamos. A oração de São Francisco em sua beleza e simplicidade prova que viver é uma arte e não uma guerrilha. Ao invés de odiar, simplesmente ame. Onde há discórdia, deve-se optar pela paz. Se houver desespero basta trocar pela paz. E caso haja trevas, é só acender a luz. Com essas escolhas, amar será melhor que ser amado. Perdoar será a solução para ser perdoado. Conformar trará mais benefício que ser conformado ,“pois é dando que recebe. É perdoando que se é perdoado. E é morrendo que se vive para a Vida Eterna.”


O objetivo 2010 não é ter um novo ano, mas sim uma alma nova. Temos em mãos mais uma chance para acertarmos.

Estamos prestes a abrir o livro. As páginas estão em branco, e somos nós os autores desta obra, intitulada “Oportunidade”. O primeiro capítulo é o Dia de Ano Novo!

sábado, 26 de dezembro de 2009

Surpresas de Natal


Jânio de Freitas recentemente em um belo artigo, fez um pertinente apelo, para que neste Natal, tivéssemos surpresas apenas natalinas. Mas não há jeito, elas veem acompanhadas.

Na véspera natalina, o garoto Sean foi entregue a seu pai. Uma vitória para Justiça brasileira, validando a lei. No entanto, imaginem a surpresa que teve a irmãzinha do menino, sua avó, o padastro. Cinco anos comemorando o nascimento de Jesus, juntos, reunidos, ao redor de uma mesa farta, ansiosos para a troca de presentes. Eis que a legislação rompe a sucessão de natais alegres e harmônicos. Sean com pai. A família materna sem Sean. Uma bela surpresa para Justiça. Triste surpresa para os corações dos envolvidos. Será que Goldman foi presenteado com o sorriso de seu filho?
Penso também na surpresa que teve as envolvidas na psicopatia do ex-médico Roger Abdelmassih. Numa época de perdão e de muita sensibilidade, o afronte à lei não pode ser desconsiderado. Cadê aquela Justiça do caso Sean? Surpresa alegre para Roger. Surpresa banhada à decepção para aquelas que foram violentadas.

Também tive uma surpresa no Natal familiar. Nas visitas natalinas, fomos surpreendidos. Minha tia avó não poderia receber nossos presentes, pois estava hospitalizada. Sem clima natalino, a surpresa soou preocupante. Visitá-la no hospital foi a saída. Surpresa infeliz para nossa família. Mas, uma surpresa que me fez pensar nos natais.

Fico imaginando o Natal daqueles que estão enfermos e aguardam o nascimento do Menino Jesus. Penso nos que passam a ceia trabalhando, afinal, se tem doentes, há aqueles que dedicam-se a amenizar e curar o sofrimento. E este é só um exemplo, até por que, o “tempo não pára”, já dizia Cazuza. A polícia continua na rua, a emergência se atenta, sem falar dos atendentes de pedágio, ainda mais agora com a surpresa de novos pontos de cobrança nas rodovias.
Lembro-me ainda daqueles que não têm recursos para fazer jus a toda fartura que se deseja por ai. Imaginem só, quantas crianças não receberam a visita do bom velhinho. Quantas pessoas não tiveram a companhia de quem desejava. Penso ainda, naquelas que não puderam desejar um “Feliz Natal, mãe”, ou quem sabe, “Feliz Natal, pai”.
Como deve ser o Natal numa clínica de recuperação? De que forma detentos comemoram a passagem natalina? Qual o segredo para comemorar o espírito natalino, quando se está só?

Espero que as surpresas natalinas tenham sobrepostos as surpresas cotidianas. E, na verdade não tenho dúvidas disso, afinal, existe melhor e maior surpresa que a vinda do Messias?

O Natal nasceu no coração de Jesus, mas só se completa, quando alcança o coração do homem. Está seria a melhor surpresa de aniversário para o Nosso Pai.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Mensagem Natalina

Pessoal, este é um vídeo que fiz a um tempinho. A mensagem é de um colega meu, o Luan e a locução minha e de outro colega, o Thiago. As palavras são bonitas e valem a reflexão.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Agradeço ainda, pela corrupção


“Oh, Minha Senhora e também Minha Mãe.
Eu me ofereço inteiramente toda vós.
Incomparável Mãe,
Guardai-me,
Defendei-me,
Como filha e propriedade vossa,
Amém.”

Todo ano vou à Aparecida do Norte, pedir e agradecer graças, que pela interseção de Nossa Senhora, se concretizam em minha vida e na vida das pessoas que amo.
É incrível como sempre temos algo para pedir. Inacreditável como somos insensíveis na hora de agradecer.
Alguém já agradeceu o sol que nos acorda? Ou a chuva que faz florescer? Reclama-se quando está quente, reclama-se quando faz frio.
Virtude tem aquele capaz de perceber as Graças que Deus presenteia-se. Pobre aquele que não enxerga o Pai nas curvas admiráveis da natureza.

Ano passado fui até o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, e confesso que as circunstâncias daquele ano, dificultaram ainda mais a virtude da gratidão. Dificuldades financeiras, problemas familiares e de saúde tumultuaram o ano de 2008, e minha única esperança era pedir uma graça, confiando em Nossa Mãezinha. Foi o que fiz, quando poderia simplesmente, ter agradecido: “Obrigada por todas as dificuldades. Os desafios, fizeram-me crescer.”

Não soube agradecê-los. Confesso que não aceitava tudo aquilo. Queria uma vida como nos livros de Walt Disney. Será que merecia toda aquela turbulência?
Só hoje vejo o quanto as dificuldades fora, benéficas e me remeteram à realidade. Mais cedo ou mais tarde temos que sair da abstração. Feliz daquele que transcende em meio os obstáculos. Sábio e forte.

Não uso este espaço para descrever meus problemas, pois inevitavelmente todos os tem e não acredito ser válido amenizar uma dificuldade com outra maior. A validez fica por conta do aprendizado, que nos faz viver melhor e evoluir do homem que pede para aquele que agradece.

O ano de 2009 foi um ano de realizações profissionais. As pedras persistiram, mas os obstáculos já haviam me ensinado a desviar. Houveram dias de tempestades, sempre seguidas da calmaria. Às vezes o sol negava-se a aparecer, mas logo as nuvens caminhavam e a radiação voltava a iluminar meu dia.

Infelizmente, este ano não fui e provavelmente não irei ao Santuário de Nossa Senhora. Por isso, uso este espaço, como muitas vezes usei papéis espalhados pela Igreja de Aparecida, não para pedir, mas sim para agradecer.

Nossa Mãe sabe o que guarda o coraçãozinho de cada um de nós, porém gosto de expressar-me com as palavras, mesmo quando elas não suprimem o grau de gratidão. Palavras são apenas palavras e se perdem no vento. São incomparáveis à uma ação, porém podem servir de sugestão, para que o leitor também tenha motivos para agradecer.

Agradeço pelos pais que tenho, os amigos que conquisto e as oportunidades que enxergo.
Sou grata pela saúde que me faz ter fome, pelas pernas que me conduzem ao trabalho, pelos braços que permitem que eu escreva.
Muito obrigada pelos dias que estava triste, pois fizeram-me valorizar as pequenas alegrias.
Obrigada também pela Capitu (minha cachorrinha) que fez com que percebesse o quanto as palavras são desnecessárias, quando se tem um olhar terno.
Grata pelo trabalho que me faz dormir poucas horas, mas me garante o contato com gente humilde e de sensibilidade, com as quais muito aprendo e fico honrada em um pouco, poder ensinar.
Agradeço o dia que não comi o que queria, pois quando o fiz o sabor estava muito mais intenso.
Muito grata pelos “puxões de orelha”, já que estes impediram-me de cometer o mesmo erro.
Sou agradecida pela correria e o tempo escasso, eles fizeram-me cumprir metas e mostraram que com determinação, tudo é possível.
Obrigada pelas brigas e discussões. Ensinaram-me a reconhecer meus erros e quando não, mostram-me quem são meus verdadeiros amigos.
Agradeço imensamente a cobrança e pressão da faculdade, pois sou privilegiada, numa sociedade na qual poucos tem acesso ao ensino superior.
Obrigada por todas as dificuldades, fizeram-me com que prestasse atenção no canto de uma maritaca, fitasse um lago em meio à cidade, ouvisse atentamente os “causos” de pessoas mais experientes, valorizasse cada sorriso, cada momento ao lado das pessoas que amo, cada caractere digitado, cada palavra lida, cada olhar sincero.

A lista de agradecimentos é mais extensa do que imaginava. Vou parar por aqui, não por falta de conteúdo, mas temendo a extensão deste artigo.
Só não posso esquecer de agradecer por toda corrupção. Apesar de sermos roubados, na mais descarada ironia, agradeço pois, na situação de cidadão que paga seus impostos, a noite, durmo, sem que a consciência pese em meus sonhos. Desculpe-me acabar com um pedido, mas gostaria que os políticos corruptos percebessem o quanto a vida pode ser prazerosa, sem a necessidade de ferir o desfrute do seu próximo.
Assim seja.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Natal: O que estamos comemorando?


Muitos dos artigos aqui postados tratam da minha indignação perante nossa política nacional. Gostaria que tais fosse desnecessários, ou meramente ilustrativos e ficcionais, no entanto a realidade esdrúxula e inaceitável do universo político reflete este repúdio, numa aversão que não perde a esperança e luta por uma política ética e por um país melhor. Melhor para gente, cidadãos que pagam seus impostos e prestam contas à Justiça.
Tivemos muitos escândalos, exemplos de cinismo, ironia, arrogância e total descaso com nós, membros deste país. Uma incrível e inaceitável comédia, na qual só nos faltava o nariz vermelho.
Muitas críticas, bem dirigidas, foram proferidas, muitas manifestações levantadas, porém o receio de comer panetone, parece contaminar nosso Natal.

E por falar em Natal, seria ignorância de minha parte, desperdiçar caracteres com pessoas como Sarney, que consideram que o Senado terminou 2009 “brilhantemente”. Pasmem! Brilhante para quem? Só se for para ele e demais senadores. Para mim, este ano que já vai, consolidou a Casa como exemplo de hipocrisia.

Já demos muito espaço para esses políticos corruptos, que embora não representem a totalidade da política, aqueles que renderam-se à corrupção, são suficientes para manchar, sujar, contaminar e descreditar “a arte de bem governar”.

Com tanto mal exemplo, perde-se a essência natalina. Isso é tão grave quanto carregar dinheiro em meias e cuecas, devido a falta de uma maleta.

Indignados com a política, preocupados e chocados com novas edições do mensalão esquecemos do Papai Noel, e aqueles que se lembram, comente equívoco ainda mais grave, pois por um lapso, não recordam-se que dia 25 de dezembro, comemoramos o nascimento do Menino Jesus, aquele que acreditou em nós, e morreu na Cruz.

Perdidos no espírito capitalistas, ignoramos o fato de que o Natal é muito mais do que aquela bela ceia e a deliciosa troca de presentes, embora ambas sejam de nosso agrado e de relativa importância, pois é um momento em que a família se reúne, mata a saudade, e involuntariamente comenta os escândalos que nos açoitam.

Falta-nos lembrar o que de fato estamos comemorando neste dia 25, passando a verdadeira essência as nossas crianças e lembrando os nossos políticos de quem foi o Menino Jesus, não para que se espelhem nele (seria muita pretensão), mas para que vejam que o poder não emana do “ter”, mas sim do “ser”. Majestade tem aquele que tem vontade suficiente para desprender-se da matéria, sensibilidade para compreender as necessidades do próximo, percepção adequada para entender o quanto a igualdade é benéfica, coragem para perdoar e amor incondicional para morrer pelo bem. Este foi Jesus, o Filho de Maria e José, o enviado de Deus, Nosso Pai.

No dia 25, reunidos na mesa, ansiosos em receber o presente, vamos nos lembrar daquele que está para nascer. Lembrar do exemplo de vida de Jesus, recordando de Maria, que confiou na palavra de Nosso Pai, e sem temer preconceitos e injúrias, aceitou o recado do Anjo Gabriel, e deu a luz ao Nosso Salvador. Lembremos também de José, que confiou em sua esposa e soube fazer jus ao papel de pai do nosso Cristo.

Um dos meus temores é que os verdadeiros sentidos percam-se no tempo, num Universo em que Páscoa seja simplesmente chocolate, e Natal, apenas Papai Noel.

Não basta comemorar, temos que saber o que de fato estamos comemorando. O que esperar de uma geração que aguarda o Natal simplesmente porque é época de ganhar presentes do bom velhinho?

Podemos esperar uma geração que acredite no fato de que, um líder carismático esteja acima do bem e mal, que um dia caminhará sobre as águas, e que será capaz de morrer na crucificado.
Estaríamos sendo cúmplices, ou responsáveis por uma geração iludida e tristemente enganada, afinal, esse líder jamais caminhará sobre águas, sequer saberá definir o bem e o mal, muito menos se submeterá a Cruz, pois ele não acredita no povo, crê apenas em seus companheiros. Ele não quer um mundo melhor, deseja apenas que sua candidata seja eleita.

Temo que sejamos nós essa geração. No entanto, conforto-me, pois sei que a manjedoura esta ali, esperando o nascimento de Jesus, aquele que perdoou Judas, mas jamais se “aliou” com o mal.

domingo, 20 de dezembro de 2009

A Política do Vandalismo


Muitas críticas disparei sobre a política, e percebendo que estas perdiam-se ao vento, também disparei indignação perante os cidadãos. Não sei até que ponto validam-se, porém, na pior das hipóteses, quando não rendem críticas, servem como terapia, numa gostoso desabafo.

Não que eu seja chata e implicante, muito menos desiludida com mundo, pelo contrário, há quem me ache legal e compreensiva, assim como creio muito numa vida mais digna, num mundo mais justo.

Há fatos que me decepcionam, e o pior é que para isso, basta abrir o jornal. Ainda assim, conforto-me diariamente com desafios que exigem fôlego, e numa luta individual, para bem coletivo, constantemente reservam-me boas surpresas.

Estes blog não tem caráter pessoal/cotidiano, até por que fico pensando, quantas pessoas teriam interesse em saber o que fiz ontem, ou vou fazer hoje? Talvez meu pai, minha mãe e mais uma meia dúzia de pessoas. O restante acharia mais atrativo assistir “A Fazendo”, ou esperar o novo BBB. Por isso, resolvi criar um espaço para debate, e nada melhor que fatos não consensuais para criar um embate.
A política sempre causa polêmica e merece ser debatida, bem como alguns atos que correm por lá, devem ser combatidos.

Mais uma vez questiono um ponto infeliz da sociedade. Desta vez não contra os políticos, mas contra uma parcela da sociedade, numa crítica à Juventude.

Muitas vezes defendi e continuarei defendo nós, jovens. Temos sonhos, capacidade, mas para isso precisamos de oportunidades. Graças a Deus tive boas chances, estou tendo e espero no futuro tê-las.
No entanto, represento uma juventude que sofre discriminação, numa descrença incompatível com o desenvolvimento de um país como Brasil. Há ainda preconceito com o jovem, desconfiança. Claro que gostamos de balada e de nos divertir, porém, também é clara nossa lucidez perante as responsabilidades que, mais cedo ou mais tarde, teremos que assumir. Precisamos de apoio e de uma sociedade que entenda que somos nós, o futuro das nações.

Errar é humano, e modificando um bonito slogan do governo: “assumir o erro é mais bonito ainda”. Muitas vezes cometo equívocos e embora me chateie com tais, consigo reconhecê-los e se for o caso, desculpar-me por tal.

Neste artigo, reconheço um grande erro da juventude, propondo uma reflexão, inclusive aos meus colegas, que por não sei que razão, cometeram ato tão vergonhoso.

Ano passado estudei na Escola Culto à Ciência, grande referência aqui de Campinas. Foi uma grande experiência, uma vivência da qual muito me orgulho. Já comentei aqui sobre os conhecimentos literais e de vida, lá abstraídos.
Participei da Comissão de Alunos e num trabalho comprometido, eu e mais três alunos, amparados pele Diretora Débora e Professor José Carlos Rocha Vieira Júnior. “suamos a camisa” para conseguir a reforma do Colégio.
A estrutura estava comprometida, as raízes das árvores ameaçam as edificações. A situação era de calamidade e de certa tristeza, afinal, mais que um Centro de Ensino, Culto à Ciência é um patrimônio dos campineiros.
Mesmo com toda a insegurança as aulas prosseguiam, e os alunos permaneciam sob aqueles tetos, sempre com um certo receio.
Fomos a vários órgãos governamentais, recebemos visitas de representantes e engenheiros, porém a reforma caminhava a passos lentos. Nossa sorte é que a persistência, unida a perseverança e força de vontade vencem qualquer “parada”.
O ano letivo se foi, porém a luta do Professor Carlão e da Diretora Débora persistiu.
Esse ano, lendo o jornal, tive a feliz notícia de que enfim o restauro do Colégio começou com força e determinação daqueles que desde o início apoiaram, com apoio político e verba governamental.

Num artigo que sairia ileso de corrupção e crítica a políticos, embora alguns tenha abandonado a causa que trato aqui, infelizmente tenho que citar a juventude, num ato que me envergonha, e não possibilita compreensão.

Várias vezes abdiquei da aula, que poderia ser valida para o vestibular, para comparecer em reuniões que pudessem agilizar a reforma. Várias vezes sentei em frente ao computador escrevendo relatórios afim de dar credibilidade a tudo aquilo que Comissão de Alunos fazia. A experiência exigiu esforço, mas foi muito bem recompensada. Colégio reformado, alunos seguro.
No entanto, estes estudantes que deveriam estar gratos e orgulhosos, agradecem de forma que me assusta, com atos de vandalismo, destruindo aquilo que, com muito esforço e dificuldade conseguimos conquistar.

Manifestações podem contribuir com aquilo que está errado, ou com o que não concordamos. Neste caso, destruir plantações de arruda seria o aconselhável, e não cometer ações de total descaso com o patrimônio da cidade, com a disponibilidade de alunos, professores e direção, bem como com a boa vontade de políticos que entenderam a necessidade da escola.

Se a política está impregnada de corruptos, saibam que há aqueles que não permitem a generalização. Se estamos tendo exemplo de juventude de vândalos, conforto-me com fato de isso não ser generalizado.

A corrupção criou um estreito vínculo com a política. Não podemos permitir que o vandalismo seja vinculado à juventude, afinal precisamos do incentivo, mas também somos capazes de dar o exemplo. Se não temos oportunidades, que não sejam os muros nossa forma de se expressar. Pintemos os rostos, mas não degrademos a parede que, com tanto custo recebeu uma camada de tinta.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Bambuzinho: 40 Anos de Carreira

Este DVD foi gravado em comemoração aos 40 anos da Carreira do humorista e radialista Bambuzinho, meu pai.
Na realidade é um show de humor, gravado na Paioça em Joaquim Egídio, com as melhores piadas do repertório do Bambuzinho, "O mais Caipira de Todos os Caipiras", e simplesmente, "o Melhor Pai do Mundo".
O DVD já está à venda e pode ser adquirido através do telefone: (19)3388-2758.

Aqui, mostro-lhes uma pequena parte do DVD, na realidade, não consiste no show, que inclusive, rende risada do início ao fim (posso garantir). Quis aqui expressar todo orgulho e admiração que tenho pelo profissional Bambuzinho, bem como o amor e todo a agradecimento que tenho por ser sua filha.

Neste vídeo, tem uma pequena homenagem que prestei ao artista e ao pai, e também alguns dos depoimentos que constam no DVD, Moacyr Franco (Humorista e compositor), Jonas Donizette (Deputado Federal), Cleiton Silva (Diretor Geral e Humorista) e Jair Duprá (Diretor Artístico da Rádio Central e Radialista).

(OBS:Espero que gostem. A qualidade não ficou perfeita, pois tive que fazer uma "gambiarra", pois youtube não aceita vídeos muito pesados. )

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Insignificantes: Eu, Tu ou Eles?


Como já mencionei por aqui, cansei de criticar nossa política. Política não foi criada por Deus. Se tem algum responsável, esse é o homem. Políticos não foram eleitos por força divina, portante, se há responsabilidade de alguém, esta é do eleitor.

Minha atenção sempre esteve nos jornais diários, mas a semelhança entre os fatos noticiados, bem como a denúncia da sociedade assustadora que vivemos, distanciou-me, ao menos por um dia, dos periódicos.

Fazia tempo que não ia ao centro de minha cidade. Um pouco por falta de tempo, um pouco por medo da violência. Nunca fui assaltada (graças a Deus), mas prefiro não correr riscos, embora baste estar vivo, para ser suscetível a tais.
Ontem, abri mão de meus temores, ou pelo menos, assim tentei.
Pela manhã, fui ao centro e mesmo com pressa banhada de receio, meus olhos fitavam situações que nunca tinha visto, ou melhor, jamais havia percebido.

Sentado na calçada havia um senhor, com as pernas esticadas, e muitas, mais muitas feridas e inflamações sobre o corpo. Enquanto as pernas estendidas lhe proporcionavam melhor conforto, o braço esticado implorava uma ajuda. O retrato da dor foi sentido por mim. Perante aquele sofrimento, meus olhos desviaram-se. Insignificante.

Naquela mesma calçada, lotada de pessoas e sacolas, comprovando o espirito capitalista do Natal, deparei-me com uma cadeirante. Incrível como o piso é irregular, os acessos inadequados e se, como sempre reclamo, é difícil caminhar com saltos finos, fiquei imaginando o desfaio de andar sobre uma cadeira de rodas. Inconformados e impossibilitados, mais um vez meu olhar mudou de foco. Insignificante.

Na praça do Palácio da Justiça muitos engraxates embelezavam velhos sapatos, jogavam conversa fora, um joguinho de baralho, numa realidade tão distante e tão mais lícita do que a de Arruda que parei para observar. Não é que engraxate existe mesmo? Olhei para o relógio. Pressa. Atraso. Insignificante.

Descobri também que pomba da paz não é mito. Na principal rua do centro, um rapaz todo pintado de branco segurava uma pombinha bem branquinha. Juntos, os dois apresentavam um número previamente ensaiado, e depois de concluído “passavam o chapéu” para colher os frutos do trabalho. Embora o dinheiro não renda tanto como em meias e cuecas, o homem branco parecia satisfeito. Devido a pressa, não pude esperar o próximo show. Insignificante.

Todas aquelas situações despertaram-me curiosidades, e mesmo que por poucos segundos, prenderam minha atenção. Os olhos relutavam em não enxergar o que viam, mas a insignificância daquelas pessoas protagonizavam aquele cenário.
Ali, bem no centro da cidade, estavam explícitas, mazelas de nossa sociedade. O enfermo sem assistência. O deficiente imune de adequações. O trabalhador honesto que insiste em seu ofício para subsistência. O artista que faz mil piruetas, para garantir o leite das crianças.

Além de transparecer os desafios de nosso País, mostraram-me o quanto, eu, sim “eu” sou insignificante, na maior confissão de toda minha fragilidade e indiferença, num ato de enorme covardia, tentando, na mais inútil das tentativas, “tapar o sol com a peneira”, esconder dos olhos, o que o coração já havia sentido.

Se no artigo “Eleitor Otário” (abaixo) retratei nossa imbecilidade, aqui demostro nossa incapacidade.
Somos incapazes de curar feridas. Impossibilitados de nivelar calçadas. Insensíveis a ponto de não reconhecer o profissional que engraxa. Não temos tempo para aplaudir um novo show.

Hoje, meu maior temor, não é caminhar pelo centro de Campinas, mas sim, tenho medo de que chegue o dia em que não tenhamos mais tempo para passar com os amigos, que nos falte minutos para sorrir.

Estes olhos de insignificância, já foram olhos de desprezo, desaprovação, bem como de afeto, carinho, amor. Estes olhos, que a “Terra há de comer” já se inconformaram com cenas de mensalão, já se envergonharam com a política nacional. No entanto, esse olhar ainda tem luz e é regido por esperança.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Eleitor Otário


Como de costume, acordei às quatro da manhã, afinal o trabalho me chama! Aliás, me desperta. Na luta entre sono e o trabalho, apesar de ambos serem bons lutadores, o serviço sempre vence. Não só pela necessidade, como também pelo prazer que sinto ao realizar meu trabalho: acordar campineiros, através das ondas do rádio!

Missão cumprida, campineiros acordados, é hora de voltar pra casa, tomar café da manhã, ajeitar umas coisinhas, e claro, ler o jornal.

Mas que maldito impresso! É incrível como uma notícia pode acabar com nosso dia. Inacreditável como um fato relatado pode nos fazer sentir tão alienados em meio a tanta geração de conteúdo. Inadmissível que entre tantos escândalos noticiados sejamos tão indiferentes, tão submissos, tão imbecis!

O que mais pode comprovar que vivemos em uma ditadura disfarçada e sem fardas? O que falta para que a sociedade perceba o quanto somos afrontados por políticos corruptos, cínicos e irônicos? Em que outros locais teremos que ver dinheiro escondido para percebermos o quanto somos desmoralizados?

Cansei de criticar os políticos! A cada dia fica mais claro e visível o quanto são indiferentes com a população, o descaso que têm com o cidadão que paga impostos, que trabalha para garantir o sustento de sua família. Mas porque criticá-los? Somos nós, os idiotas!
Eles sabem que é muito mais fácil carregar dinheiro em meias ou cuecas. Assim como, é mais fácil apropriar-se do dinheiro público. Basta ser corrupto ou aliar-se aos que o são.
Ah, como a vida é tão mais fácil. Porque então nós, cidadãos comuns, não conseguimos torná-la assim?

A culpada desta vida “apertada” que vivemos é a ética que nos foi ensinada. É culpa da noção de dignidade humana e de valores que carregamos em nossa bagagem. Culpa também da maldita mania que temos de respeitar o próximo. Culpa da nossa sensibilidade, que nos incapacita de tirar o pão do faminto e colocar aquela verba em nossas vestimentas. Como somos covardes! Porque pensar no próximo? Vocês não viram o Arruda. Em quem será que ele pensou? Em seu Estado? Claro que não. Ele não é como nós, utopistas que acreditam que o mundo pode ser melhor. E que, pela idiotice que nos rege, distribuiria sim, panetones.

Se o mundo é dos espertos, o Brasil é dos políticos.

Então, o que estamos fazendo aqui?! Nunca somos chamados para saborear as pizzas que sucedem os escândalos. Nunca lembram-se de nossas necessidades como seres humanos. Não se lembram que fomos nós que os colocamos no poder. Esquecem-se que toda a dinheirama que corre solta pelas roupas íntimas, é fruto de nosso esforço. Preferem esquecer que o povo, mais que deveres, tem direitos.

Enquanto eles se esquecem, nós continuamos alienados e também reféns do esquecimento.

Esquecemos dos escândalos, das baixarias, dos casos de corrupção, da farra política, e dominados por nossa burrice, confirmamos o título de “Eleitor Otário”, reelegendo, eleição após eleição, aqueles que outrora nos esqueceram.

Somos imbecis ao aceitar um mito, no lugar de um presidente de verdade. Somos idiotas ao concordar com uma candidata, simplesmente porque nosso líder carismático assim o quis. Como somos bobos ao deixar que nosso imaginário nacional seja seqüestrado por um governante. Quanta ingenuidade temos nós, espectadores que prometem lágrimas perante ao “Filho do Brasil”. Somos panacas ao crer que de fato, imagens não falam por si, embora sejam ensurdecedoras.

Se políticos tornaram-se sinônimo de corruptos, o povo é sinonimizado à imbecil!

Já que é tão difícil acabar com a corrupção, tenhamos fé e esperança para que a imbecilidade não seja assim tão complicada de se erradicar.
Nesta frase, talvez eu esteja confirmando, mais uma vez o quanto somos surreais e idealistas. No entanto, o que fazer se não nasci com o dom para política? Pelo menos, não para essa política que assola nosso país.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Imensidão Azul


O último Café da Abrange do ano de 2009 teve como tema as Redes Sociais, que se destacam principalmente no Estados Unidos e no Brasil, sendo que aqui, 25% do tempo gasto “online” é usada na visualização de perfis ou na configuração destes.
As redes sociais sempre existiram, sendo que a digitalização ampliou tal aspecto, seguida da desmaterialização, levantando a tendência ao relacionamento, contraposta à propriedade.

Com todo avanço tecnológico temos uma mudança geracional, que acarreta em mudanças comportamentais e sociais. As pessoas que nasceram junto com a Internet, começam a ingressar nas Universidades, o que leva à mudança a postura, inclusive em sala de aula, já que os professores acabam aprendendo com seus alunos, o que é interessante pois proporciona uma “troca” de saberes.
Essa juventude está inserida no mundo digital e caracteriza o mundo globalizado que exige rapidez, agilidade e interação, supridas pela Internet.
Junto com a instantaneidade e com a interação que o veículo permite, há uma produção enorme de notícias, num espaço em que todos podem participar, com discussões abertas, acesso a textos, livros, vídeos e imagens, de forma gratuita ou a preços ínfimos. O grande problema é que todo poderio da Internet não garante, muito menos elucida a credibilidade, o comprometimento com aquilo que é publicado, a responsabilidade dos autores, já que muitos, inclusive, escondem-se no anonimato, ou mentem sua identidade. É um ambiente perigoso, mas extremamente tentador. Como define Fábio Cipriani, é um Oceano que causa medo, tamanha sua extensão e “rapidez das águas”, porém o azul encanta e fascina.
.
Na rede tudo é copiado, qualquer tipo de mídia, seja som ou imagem é propagando por um único meio. Nesta máquina de copiar o profissional de comunicação perde-se no oceano. O jornalista, enquanto intermediário morre sem ar, tamanho grau de oxigênio que toda população suga desta imensidão azul. Através da Internet todos surgem na intermediação de notícias, divulgação de fatos, como geradores de conteúdo, num ambiente sem controle do Estado, nem da imprensa. O canal que antes era de domínio dos jornalistas, abre-se para o mundo.
O profissional de jornalismo perde sua função de intermediar, bem como, recentemente, perdeu sua capacidade de formar opinião. Passa-se por uma situação desafiadora. A imprensa além de receber críticas de líderes governamentais e ser amordaçada com a censura, passa ter como concorrente a Internet.

Cogita-se o fim do jornal impresso, verifica-se declínio nas audiências televisivas e radiofônicas. O Jornalismo tradicional já não supre a demanda da sociedade, abrindo uma lacuna para o sucesso da Internet. É praticamente impossível fazer Jornalismo sem recorrer aos recursos eletrônicos. A rede digital veio para agregar agilidade à produção noticiosa. O grande receio é que tal complemento aos veículos tradicionais acabe substituindo estas velhas mídias.

A convergência digital é inevitável, enquanto o futuro da profissão jornalística é imprevisível.

Resolvi relatar essas considerações após a PEC que defende a exigência do diploma para jornalistas vencer seu primeiro round. Junto à vitória, o Google divulgou que vai limitar o acesso gratuito a notícias, que se dava através do Google News. Rupert Murdoch, dono do “Wall Street Journal” acusou o Google de “roubar” conteúdo jornalístico da mídia impressa. A empresa de tecnologia ganha dinheiro com publicidade, e ao se apropriar dos conteúdos de grandes jornais, não gasta um centavo na geração noticiosa.

Estes dois pontos foram noticiados hoje na Folha de S. Paulo e se um faz ressurgir a esperança de ser jornalista de formação, o outro afronta a Internet, que ao contrário do que se acredita, não será o centro do Universo, mas sim, terá que conviver com as outras mídias.

domingo, 29 de novembro de 2009

Carta do Leitor - Correio Popular


Quero muito dividir algumas experiências que tive esses dias, mas está um pouco corrido, estou organizando alguns post interessantes para discutirmos... Essa semana eu coloco aqui =)

Hoje sai na Carta do Leitor do Correio Popular, aqui de Campinas. É importante o assunto, gostaria de dividir com vocês!

"A Prefeitura de Campinas gastar um milhão de reias em luzinhas natalinas, pode parecer contraditório ou irônico, quando paralelamente pessoas passam fome. No entanto, mais que decorar a cidade, as luzes iluminam ruas, avenidas, praças e também vidas. Os pisca-piscas instalados no município retiram das trevas inúmeras presidiárias. Espalhadas pelo centro e periferia campineira, detentas do Presídio de Campinas veem a luz no fim do túnel, a oportunidade de reintegrar-se à sociedade. Luzes que para nós embelezam, para as presidiárias representam liberdade. Cidadãos livres, veem a iluminação enfeitando árvores, enquanto detentas são presenteadas com a iluminação do sol. Sem fazer demagogia ao crime, muito menos julgar seus protagonistas, a decoração natalina surge como opção a presidiárias, quando até então, a única escolha que tinham era a marginalidade. Atrás das grades, o mundo é restritivo e excludente. O trabalho em prol da cidade surge como chance para aquelas que tinham como destino o xadrez. Decorando a cidade, limpando o município e aprendendo ofícios, as detentas voltam a integrar a sociedade, e cada luzinha colocada representa um vestígio de esperança."

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O Livro, numa sociedade de cultura publicitária


No primeiro artigo deste blog enfatizei seu objetivo e a importância dos comentários, para que desenvolvêssemos discussões e debates, que sempre acrescem algo e são indispensáveis numa sociedade que prega a liberdade de opinião. Recebi críticas, elogios. Muitas ideias foram divergentes, enquanto outras alcançaram um ponto de convergência. Fiquei satisfeita em ambos casos.

O blog, enraizado em sua essência política, foi tido, por alguns, como implicância ao atual governo, tamanho o grau de insistência, por minha parte, em discordar de dizeres e ações de nosso presidente. No entanto que culpa tenho eu se Lula, em suas metáforas, ironia e amizades suspeitas, não é condicente aos meus princípios? A cada ação deste líder carismático, indignação pairava em minha mente e em casos em meu coração. Ora, eu que sempre sonhei em exercer a função de jornalista, era pejorativamente apresentada à sociedade como formadora de opinião , restringindo minha atuação ao importante ato de informar, porém impossibilitada de fiscalizar. Pode parecer persistência, ou mesmo de fato implicância, mas a luta por um sonho, não pode ser diluída em frases de impacto de um “cara” que se considera acima do bem e do mal.

Nada comentei sobre o caso da Geyse, afinal se a garota estava trajando roupas inadequadas ao ambiente universitário, seus companheiros de faculdade também não souberam se portar como graduandos. Ou ainda, se a garota do vestido rosa tem direito de se vestir como bem quiser, alunos da Uniban, podem se manifestar como bem entendem. Até mesmo nus, pasmem!

Sobre o apagão, também preferi manter-me nas trevas. Afinal o que são quatro, cinco horas no escuros? Esquece-se que um minuto pode salvar uma vida e que segundos são decisivos numa partida de futebol. A grande questão aqui, como ressaltado por Luíz Eduardo Horta, é o “apagão moral dos que enriqueceram à sombra do poder” e a obscuridade em que informações são passadas a sociedade. Raios, chuva ou ventania? Nada explicado, tudo escondido, aproveitando as luzes apagadas.

Será capaz um melodrama virar publicidade? Ou mais viável uma propaganda fantasiar-se com a essência melodramática? A partir de primeiro de janeiro poderei comentar sobre estas questões, no entanto, parece-me coincidência demais, o filme “Lula, o Filho do Brasil” ser lançado em 2010, justamente quando o petista tenta eleger sua pré-candidata a presidência. Otávio Cabral afirma que a “obra de arte, portanto, é irretocável peça de propaganda”, o que parece verídico, dado o grau coincidente deste lançamento.

Tais levantamentos são importantes. Porém, neste artigo prefiro não causar polêmica, nem divergir ideologias. Quero retratar um “fato-ônibus”, afim de que cheguemos a um consenso.


“Eu li um livro”. Assim começa a história do catador de lixo, Júlio César, 43 anos, retratada no documentário “Eles não vão à Daslu”.
Está frase é dita com orgulho pelo protagonista, reforçada com argumento de que a leitura de bons livros, fazem este catador viajar e conhecer culturas: “Nossa, eu viajava, parecia que eu conhecia a França”, ressalta o interlocutor.

Júlio César, ao contrário da catadora de recicláveis, D. Eunice, já descrita em um post (“A insensibilidade sensacionalista”), vai contra a imagem consensual que se tem da população marginalizada, que muitas vezes consente com sua atuação, ou melhor, não atuação na sociedade, mantendo-se passiva, imune de voz, isenta de oportunidades.

Não há dúvidas que a leitura, permitindo o acesso a cultura e a visões críticas de várias assuntos, contribuíram para que Júlio César surja como exceção.
Além de catador de lixo, o rapaz é ex-presidiário. Sua consciência política e luta pela dignidade humana e de direito, com certeza não foi desenvolvida atrás das grandes, tampouco, adquirida na coleta de recicláveis. Sua visão crítica é fruto de seu conhecimento literário, possível através d acesso a livros, permitindo-lhe a leitura de grandes obras.

“O pobre tem tudo na mão”, Júlio César tem consciência disso. Sabe que o povo tem o poder de colocar o governo que quiser no regimento e entende a exclusão, da qual também sofre, como a escassez de oportunidades reias na vida. O ex-detento não mantem-se na passividade. Mais do que lutar por sua inclusão, parece pintar com as palavras, tamanho a intelectualidade e expressividade com que suas frases são formuladas.

César frequentou pouco a escola, mas o acesso a obras literárias enriqueceu seu vocabulário, despertou-lhe para novos mundos, proporcionou-lhe o conhecimento de novas realidades, o que fez com que não se contentasse com este Brasil, com esta sociedade excludente, em que seu presidente, ao invés de prezar pela cultural, dando um exemplo de escolaridade, insiste em usar palavras erradas, ou frases mal construídas, tentando passar a ideia de que faz parte do povo, que veio de origens humildes.
Daí vem a ironia. Pobreza, num país que se preze, não pode subentender analfabetismo ou uma cultura inferiorizada. Num governo que trunfa com projetos como Bolsa Família, nada mais coerente do que o acesso a educação de qualidade, à população de baixa renda. A não ser que a real intenção governamental, seja criar uma massa passiva, sem desenvolver aptidão crítica, afinal, um pouco de conhecimento e autonomia, poderia comprometer o título de o “cara”.

Recomendo o documentário, pois neste fica visível a diferença entre uma pessoa que tem acesso a obras de grandes escritores, e aquelas que permanecem à margem da sociedade. Júlio César, mais que lutar para garantir o sustento de sua família, ressalta que incentiva a leitura entre seus enteados, com argumento de que só assim, eles terão chance de se expressar, e portanto, existir na sociedade.

“Quando Lula puxar uma carrinho ele vai ver a realidade (...) vai dar valor para o povo”. É o que diz Júlio César. Quando a população tiver acesso a cultura e a leitura, o presidente não precisará puxar carrinho, pois o povo terá o conhecimento de seu real valor, e saberá exercer seu poder através do voto.

Como ex-presidiário, o rapaz sabe que a prisão foi feita para os pobres. A falta de atendimento e de recursos do SUS mata vidas, porém não recebe punição. “Tem cara que rouba milhões de boa” e também não é punido.

A visão crítica faz enxergarmos a verdadeira e realidade e nos torna prepotentes para lutar e participar da reconstrução de num novo real. Os livros fazem parte desta construção crítica.

Há um mês do Natal, a campanha #DoeLivroNatal faz sucesso pelo Twitter e é condicente com a formulação de um mundo mais digno, de uma política mais ética e de uma sociedade mais ativa.
Mais que a doação de brinquedos, a campanha dos livros é interessante e de suma importância, ainda mais neste país, onde coisas gritantes acontecem e a população cala-se, atos ilícitos permeiam e o povo é condiz.

Se lessemos Machado de Assis, os olhos de ressaca de Geyse poderiam ser mais tentadores que o vestido curtíssimo. A leitura de Fernando Pessoa nos levaria a um mundo de heterônimos, nos permitindo conhecer o homem do campo, o homem que sofre pela amada, nos apresentaria as diferentes pessoas, proporcionando uma melhor convivência, respeitando as diferenças. Feliz daquele que lê um poema de Manuel Bandeira, se delicia com romances de José de Alencar, tramas de Guimarãoes Rosa, conhece a relidade do Sertão de Graciliano Ramos, leu o “Sentimento do Mundo” de Carlos Drummond de Andrade.

Triste daquele que é apresentado à cultura através de filmes propagandistas, sem subestimar seus diretores, mas que têm como mais importante que a história, enredo e repertório cultural, interesses políticos.

É fato que precisamos desenvolver um sociedade mais crítica, que lute por seus direitos. Isto só será possível através do acesso à Educação de qualidade, à valorização da cultura, partir também da leitura de bons livros. Espero que ao menos neste ponto encontremos um consenso e que neste Natal, muitos sejam presentados com livros!

sábado, 21 de novembro de 2009

Política - Chanchada -- Parte 1

Este trabalho fiz na disciplina Criatividade em Jornalismo. O tema proposto pela prof. Ciça Toledo foi "Chanchada". Minha paixão por política, e indignação com sua situação, fez com que comparace os filmes dos anos 30, com o cenário político atual.
O vídeo tem pouco mais de treza minutos, e esta dividido em duas partes. Preste atenção nas cenas... Qualquer semelhança, não é mera coincidência.

Política - Chanchada -- Parte 2

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Errar é humano, insistir no erro...


Hoje é dia da Consciência Negra e como José Simão enfatizou, seria pertinente reservarmos uma data em nosso calendário para comemorar o “Dia da Consciência Pesada”, em alusão aos políticos corruptos, assaltantes, ditadores e a todos aqueles que pregam a mordaça à liberdade de imprensa.
Durante o dia, li bons artigos relacionados ao 20 de novembro, destacando a figura de Zumbi dos Palmares, as conquistas dos negros, bem como movimentos relacionados ao assunto. Sem dúvida a data importante, porém parece-me uma faca de dois gumes: ao mesmo tempo que elucida a população negra, não afirma sua segregação? Atá porque, não temos o Dia da Consciência Branca. Não afirmo que está minha reflexão esteja correta, aliás acho o “preconceito” um tema extremamente polêmico, difícil de ser tratado.

A sociedade está impregnada de preconceito. Neste contexto há enorme crítica sobre o racismo, embora outras pessoas sejam discriminadas. É errôneo ao adotar o pré julgamento e se adaptar as generalizações.
No artigo “Basta apenas um olhar” (abaixo), coincidentemente tratei de uma pré concepção que tive, e muitos na sociedade tem. Tememos parar em semáforos, pois nossa mente pressente que aquele “carinha” que chega pedindo um “trocadinho”, pode nos assaltar. A marginalidade é um atalho para a violência. Porém, somos nós, integrantes da sociedade, os responsáveis por levá-los até a margem, negando-lhes oportunidades, diferenciando-lhes economicamente. A violência é reflexo da sociedade desigual, capitalista, embora não seja justificável. O preconceito é reflexo do desconhecimento e egoísmo das pessoas.

Sou contra qualquer tipo de preconceito, mas a vezes minha pré concepção me surpreende.

Se para a religião somos todos irmãos, a ciência, também prova-nos que somos todos iguais. Assim como a lei que nos garante, ou ao menos deveria garantir, a igualdade. Apesar disso, ainda somos suscetíveis ao julgamento precoce.

Ontem, fui surpreendida com uma pauta: acompanhar o processo de decoração natalina, em minha cidade, Campinas. Até aí, nada de novidade, afinal todo ano o município fica mais bonito e os cofres da Prefeitura chegam a desembolsar um milhão de reais, para as luzinhas natalinas.
A notícia é que as decoradoras são detentas do Presídio de Campinas. O objetivo era entrevistar um representante municipal, um dirigente da prisão e é claro, conversar com as presidiárias. A matéria foi realizada junto com, a também estudante de Jornalismo, Nádia Macedo.
O funcionário da Prefeitura nos deu informações do projeto, os benefícios que as detentas tem, os bairros em que trabalham, o que enriqueceu a sonora. Representantes dos presídios negaram a entrevista, com o pretexto de que não podem se identificar. As presidiárias necessitam de autorização do Estado, caso contrário, não podem conceder depoimentos. Não tínhamos o aval. Porém, precisávamos efetivar a matéria.
Os nomes não podiam ser ditos, as vozes não deveriam ser gravadas e fotos eram proibidas. As detentas, embora com tantas restrições, podiam ver a luz do sol, e uma conversa corriqueira era permitida.

Abordamos uma das mulheres e surpreendentemente fomos presenteadas com um belo sorriso. A conversa fluiu impressionantemente bem. A detenta contou-nos sua história. A pena de dois anos e oito meses tornou-a amante do Sol, um amor, até então, platônico. A saudade de seus filhos dava-lhe força para aguardar a soltura. A oportunidade de estar nas ruas, justifica o ato de sorrir.
A Prefeitura, mais que enfeitar a cidade, proporciona uma nova perspectiva para aquelas presas. A reintegração na sociedade já não parece tão utópica. Com trabalho por Campinas, as presidiárias tem abatimento na pena e recebem um salário mínimo.
A conversa estava boa e a curiosidade jornalística era cada vez mais aguçada. A mulher tinha muito a nos contar. Nosso tempo era curto, mas permitimo-nos extrapolar. Pegamos um saco de lixo e sentamos sobre ele. Muitas perguntas, todas com respostas.
Estar numa prisão, segundo a detenta é estar em um zoológico. Tornam-se animais, cercadas por grandes, submetidas a duras regras. Contou-nos que divide o xadrez com mais vinte e quatro detentas, algumas sem conclusão do ensino médio, outras graduadas. Desde do furto, até o assassinato. Todas juntas, trocando experiências, testando o grau de tolerância, o respeito, todas as dificuldades do convívio, acrescido de restrições e desconforto de uma prisão.
A maioria não recebe visita de seus familiares e a ociosidade preenche os dias destas mulheres. Periodicamente há fiscalização no ambiente, as presas são revistadas de forma agressiva e desrespeitosa. A rotina é árdua e a muitas não suportam a situação, estando predestinadas a loucura.
Com todas dificuldades, por tudo que a mulher deve ter passado, aquele dia, parecia mais bonito aos olhos da detenta. A liberdade parecia mais expressiva e a esperança a única saída.

Preferi não perguntar qual crime ela havia cometido. As palavras foram tão bonitas e a experiência de ter contato com uma detenta foi enriquecedora. Talvez tenha sido fraca, ou mesmo ingênua. Optei por não correr o risco da decepção.

A moça podia ter cometido um homicidio, tráfico, não sei. O importante é que naqueles vinte minutos de conversas ela me emocionou. E ao contrário do que eu pré concebia, aquelas detentas não pareciam-me revoltadas, tampouco diferentes de mim.

A detenta enfatizou que “Errar é humano”. Eu disse para ela: “Insistir no erro, é burrice”.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Basta apenas um olhar...


Tia, compra uma balinha?
Tia, dá uma moedinha?
Moça, tem um trocadinho?
Moça, me dá dinheiro?

Muitas vezes, basta estender as mãos, ou passar uma flanelhinha no vidro dianteiro. As palavras são desnecessárias. A pobreza é perceptível nas vestimentas, nos detalhes sofredores do rosto, as mãos eos pés são indicadores da marginalidade. O local é propício: semáfaros. Pedintes e vendedores de docinhos mesclam-se nos cruzamentos. Regida pelo preconceito, a população inserida na sociedade, discremina e teme os marginalizados. O grande mal é a generalização. Se político é corrupto, mendigo é drogado ou bandido. Grande equívoco, afinal quem pode julgar seu próximo?

Não vou me aprofundar neste mérito, embora seja pertinte a discussão.
A questão importante é a surpresa, o contrasenso.
Enquanto engravatados envergonham nossas Instituições, um senhor de chinelo, camiseta rasgada, bermuda bem usada, boné distribuido em campanhas eleitorias aproxima-se do meu carro. Torço para o sinal abrir, e ação de fechar os vidros é quase que automática. Numa sociedade capitalista, somos orientados pelo medo, insegurança e pré-julgamento.
O semáfaro não abriu, e o vidro não subiu na agilidade que esperava. Tive sorte.

Ao meu lado estava minha mãe. O senhor foi chagando e a ansiedade temorosa também. "Tem um trocado?" Simplesmente neguei com a cabeça. "Tudo bem, obrigado". Mais que a educação e compreensão, o senhor sem gravata tinha sensibilidade. Mesmo sem usar terno, tinha caráter e uma carência de conversa.
Os olhos verdes de minha mãe, fizeram o pedinte lembrar-se da mãe dele. Nos contou, que ela chamava-se Maria, e com a lembrança veio um sorriso, demonstrando a saudade, daquela que provavalmente o criou.

O sinal abriu, mas o olhar, também esverdeado continuou em minha lembrança. Como eram os olhos de Maria? Apesar de todas as dificuldades, o senhor não esquecia de sua mãezinha, e não restringia seu sorriso.

Muitos já foram assaltados em cruzamentos. Mas, num dia de sorte, uma abordagem nos vidros laterias pode render-lhe um sorriso.

Pode parecer demagogia, porém as grandes conquistas estão nos pequenos detalhes. As alegrias mais sinceras não são fruto da riqueza, mas sim dos sentimentos que vem do coração. A saudade é um destes, pois reflete um grande amor.

sábado, 14 de novembro de 2009

A primeira vez, a gente nunca esquece...


Diziam para eu tomar cuidado. Ter certeza do que fazer. A melhor forma de se comportar. Uns apoiaram. Outros diziam para eu esperar um pouco mais. Eu não sabia se de fato estava pronta. Mas era uma grande oportunidade. E a vontade de fazer compensava qualquer consequência.
Meu pai, devido a sua ansiedade e preocupação, resolvi avisar minutos antes, assim ele não teria como discordar. Pai tem um certo ciume, e sempre quer proteger a filhinha. Minha mãe, minha melhor amiga, ficou sabendo desde de o princípio. Quando decidi que faria, fui perguntar a opinião dela, o que achava de minha atitude. No início me apoiou, porém temia, pois era novata ainda, não sabia como era e como me disse, deveria começar mais suave, aos poucos.
No entanto, meu sonho e talvez minha ousadia queria uma primeira vez inesquecível, com alguém disputado, almejado.

Com aval e apoio de minha mãe, começaram os problemas. Precisava do local ideal, o horário propício, os detalhes, toda organização e providencias. Depois pensei na roupa que usaria na ocasião, se falaria muito, ou me calaria. Não sabia se explicava que era minha primeira vez, ou ocultava a situação. O pior é que estaria sozinha. Eu e minha fonte. Fonte? Sim, minha fonte! Aliás “a” fonte.

Pois bem, foi a primeira vez que participei de uma Coletiva de Imprensa. E se não bastasse, foi o primeiro depoimento que consegui, para o documentário que vou fazer na Amazônia em janeiro/fevereiro.
Meu fascínio por política, minha consciência de sustentabilidade e minha ânsia pelo Jornalismo, a busca pela melhor fonte, a luta pela melhor entrevista, fizeram com que eu me arriscasse.

Sim, corri riscos. A ocasião era concorrida, o ambiente de muito glamour, um tema sério, destinado a grandes empresários, com a cobertura por veículos de comunicação de renome, como Folha de S.Paulo e CBN (cito essas, porque são meus objetivos profissionais, e nunca estive tão perto de meu sonho).

O evento foi no The Royal Palm Plaza. Abriram a porta do meu carro. As portas da recepção abriram-se automaticamente. Empresários mesclavam-se com jornalistas, que se misturavam com assessores e organizadores. Um ambiente prazeroso, um atendimento digno e uma expectativa gostosa, mas ao mesmo tempo indecisa.
Como perguntaria? Como me apresentaria? Tinha que sair tudo certo, afinal, jornalista sobrevive de nome, de fontes que nele confiam. O profissional de Jornalismo precisa ter credibilidade. Precisa mostrar que sabe do assunto. Necessita usar as melhores palavras, na melhor ordem da frase, no melhor tom, sempre de forma objetiva. Mas quais seriam estas palavras? Colocaria o sujeito antes? Determinado ou indeterminado? E o timbre da voz? Qual melhor entonação? Como ser objetiva?

A ansiedade vem acompanhada da insegurança. Insegurança é repleta de incertezas, e a palavra “desista” insiste em teimar!
Todavia, o impulso de “vou fazer” predominou. E desistir é para os fracos. Persistir é acreditar, correr atrás de nossas utopias. A perseverança rege a vida, nossas escolhas. Feliz daquele que persevera e não se rende aos obstáculos.
As dificuldades são inevitáveis. Não pensei que seriam tantas. Muito menos imaginava que teria pulso para superá-las. Consegui contatos importantes e o melhor, fui correspondida nestes. Sozinha, nada seria feito.

Agradeço a confiança do Prof. Duarcides Ferreira Mariosa, que além de proporcionar a oportunidade da realização do documentário sobre a viagem na Amazônia, acreditou na minha ideia. Agradeço a Erica Mariosa, que me auxílio nos contatos e na credencial para coletiva. Contei com apoio ainda do Prof. Zanotti, que definitivamente me “socorreu” horas antes da entrevista, me deu dicas de como elaborar uma boa entrevista.. Tive apoio do pessoal do Labis da Puc-Campinas. A Professora Cecília Toledo que me apoiou e deu algumas coordenadas cruciais. Agradeço o Maurício da Produtora aqui de Campinas, o Cláudio e o cinegrafista Picachu. Fiquei surpresa com a receptividade de Luciano Zica, Mateus Zica, agradeço ainda a assessora de comunicação Carmem Madrilis. O apoio e a confiança que depositaram em mim deixa-me orgulhosa e ciente da responsabilidade. É um grande incentivo. Estas são algumas pessoas que contribuíram para meu lançamento profissional, das quais sou feliz pelo contato e proximidade.

São nas dificuldades que surgem as oportunidades, e também são nestas ocasiões que descobrimos quem realmente está ao nosso lado, quem torce e crê em nosso potencial.
Meus pais neste contexto me surpreenderam. Sempre tiveram orgulho de mim, o que é recíproco. No entanto, sempre sonharam em ter uma filha formada em Direito ou uma médica. E eis que opto pelo Jornalismo, uma profissão sem exigência de diploma. Mas, é a profissão que me da prazer e que sei que posso contribuir para sociedade. A reação de minha mãe e de meu pai foi a melhor possível. Uma médica ou advogada talvez não lhes desse aquela alegria. Alegria de uma meta alcançada. De um passo dado na direção certa. Começaram a acreditar na minha carreira, e hoje já diziam com tom diferente e um sorriso verdadeiro: “Minha filha estuda Jornalismo”.

Assisti toda palestra de Marina Silva, com tema “Sustentabilidade”, compondo a mesa Guilherme Leal, co-presidente da Natura; Ricardo Ribeiro da 3M.
Sobre a senadora, tive uma impressão curiosa, mas que não pretendo discutir neste tópico. As pessoas terão maiores oportunidades de conhecê-la e um debate sobre a pré-candidata será mais consistente. (no próximo post coloco o tema da entrevista, muito interessante e importante. Na verdade, a integra do projeto é destinada ao documentário, que vai estar pronto em fevereiro – se Deus quiser.)

Na coletiva tive a certeza de que aquele era o meu ambiente, a minha identidade profissional estava ali. Os jornalistas, com toda sua prática e experiência questionavam a ex-ministra e a angustia de que cada vez mais, minha hora se aproximava, sinalizava que todo meu esforço, todo correria e todos os imprevistos teriam recompensa. A melhor a recompensa. O êxito que sonhava sem acreditar. E que agora acredito, com o sonho transformado em realidade.
A atenção que a senadora dispensou para mim me surpreendeu. O jeito de me abraçar, se interessar por meu projeto compensou toda ansiedade, nervosismo e suor. Ansiedade se transformou em perseverança. Nervosismo em garra. O suor em satisfação.

Há sempre uma primeira vez. É inevitável. A minha primeira vez não tardou. Minha primeira Coletiva de Imprensa ocorreu aos meus dezoito anos, no primeiro de Jornalismo, do dia 12 de novembro de 2009. Agora aguardo a segunda, a terceira, a quarta... a centésima e quantas vezes o apoio das pessoas e meu amor pelo Jornalismo permitir – dependendo dessas variáveis, serão muitas.

Agora, aguardo o meu primeiro artigo na Folha, quem sabe no Estado (outro sonho profissional), uma reportagem no Correio Popula. Espero a primeira vez de falar no microfone da CBN, quem sabe da Band News. Como jornalista, penso na primeira apresentação de um telejornal – embora esta última não seja uma das prioridades. Meu fascínio é escrever e o rádio é minha paixão. Posso estar vivendo de sonhos. Mas são sonhos alimentados por metas, objetivos e muita, mais muita força de vontade e esforço.

É, a primeira vez, a gente nunca esquece...

Coletiva de Imprensa - Marina Silva

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Repensando o conceito de liberdade em nossa sociedade


Ansiava completar 18 anos. Só assim, seria "livre". Poderia dirigir, entrar em lugares restritos a "menores", além de respoder pelos meus atos.
Quando completei a maior idade (em junho) fui surpreendida com a queda da exigência do diploma para jornalistas. Com esta decisão, a liberdade de expressão estava garantida e todos poderiam se expressar.

No entanto, não demorou muito e minha ilusão de liberdade foi contrariada. Há mais de cem dias,"O Estado de S. Paulo" teve sua liberdade de imprensa suspensa através de ações movidas por Fernando Sarney.
Outro fato de relevância, envolveu a Ambev e deixou claro ao consumidor que nossa liberdade de escolha é manipulada.
A liberdade de ir e vir já não existi, somos impedidos de frequentar lugares com medo de assaltos, ou até por não ter condição financeira para tal.
Houve ainda o caso envolvendo o Ministério Público, que cogitou a possibilidade de retirar símbolos religiosos dos locais de grande visibilidade, sendo perceptível que a liberdade de crença não é uma garantia e que sofremos influências externas (digo isso, mesmo sendo católica e não me incomodando, aliás me identificando com crucíficos fixos as paredes de repartições).
Podemos citar ainda a lei antifumo, que ataca nossa liberdade individual (sou totalmente contra o cigarro e aprovo a medida, porém não deixa de comprometer a livre escolha).

Essas simples e sucintas análises nos fazem refletir se realmente somos cidadãos livres.

Cito as bonitas palavras do Dr. André Gonçalves: "Se o homem não é livre, não pode conhecer o amor".

Será que conhecemos o que é amar?

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A bomba do Enade, segundo funcionalistas...


Dilma Rousseff referiu-se, recentemente, a “dois brasis”. Questionei-me de quais brasis referia-se: o Brasil do ricos e o Brasil dos pobres? Dos dominantes versus dos dominados? Dos patrões e dos empregados? Talvez, o Brasil corintiano e o Brasil palmeirense. Ou até quem sabe, era uma forma de enfatizar a desigualdade brasileira, as diferenças econômicas e sociais. No entanto, decepcionei-me. A ministra, mais uma vez, veste a carapuça da disputa eleitoral, e assim, todas minhas suposições tornam-se equivocadas.
A pré-candidata à presidência trata destes dois cenários brasileiros, afim de designar o Brasil até 2002, e o Brasil 2008-2009. Sem entrar em detalhes aos méritos do governo lulista – quem quiser fazê-lo dedico o espaço dos comentários, no qual inclusive, podemos abrir um debate - a senhora Lula (que isso não cause ciúme a Dona Marisa), fez-me prestar atenção nas “duas Campinas” (cidade onde nasci e resido atualmente).

Aqui há uma distinção entre a Campinas do “lado de cá da Anhanguera”, e a longinqua Campinas “do lado de lá da Anhanguera”.

Pegando a Jonh Boyd Dunlop e seguindo sempre em frente o campineiro “de cá” questiona-se: “Ainda estamos em Campinas?” ou espanta-se: “Nossa, como nossa cidade é grande!”. Grande e bonita. Grande e diversa. Grande e desenvolvida. Passa o Jardim Ipaussurama, o Residencial Cosmo, perto do Jardim Florence, logo mais o Jardim Rossim, a frente encontramos a Estação de Tratamento de Esgoto Capivari, dali é só ir reto, sempre reto e sem pressa, até chegar ao Campo Grande e enfim seguindo um pouco mais, temos o Itajaí. Foi este meu destino (espero num próximo post nomear mais bairros, conforme for conhecendo a grandiosidade campineira).
Uma cidade do tamanho Campinas, felizmente não se resume ao Cambuí, Taquaral, Gramado, Centro e redondezas. Abrange uma outra Campinas, com os mesmo méritos da “de cá”.

A prova do Enade, realizada ontem, e que tem como intuito avaliar o ensino nas Universidades, foi aplicada em vários bairros periféricos do “lado de lá”. Os estudantes, que como eu, foram convocados para realizar a avaliação, deixaram as proximidades das Instituições e se “aventuraram” naquela Campinas.
Jornais locais noticiaram reclamações de estudantes, enquanto nas salas de aula discutia-se os locais de prova. O inconformismo com a distância era visível, e uma dose de preconceito não mantinha o disfarce.

O mal do ser humano é criticar, fantasiar, imaginar ou seguir preceitos daquilo que desconhece. É aí que entra a importância da desmistificação. O mito da periferia só é derrubado quando se tem contato com aquela realidade, quando se conhece o contexto e é sensível para entender aquelas pessoas. Claro que no Itajaí tem violência, bem como no Taquaral e no Cambuí.

Naquela “estrada” que liga as “duas campinas” chamou-me atenção a arborização planejada nos canteiros, embora mais ainda, surpreendeu-me a mata às margens da pista. Vez outra uma rua arterial de terra desviava meu olhar, ou mesmo uma casa mais humilde ou, dando sinais de urbanização, desconcentrava-me muros pichados, comuns, inclusive, no centro da cidade.
Ir reto, sempre reto, foi o conselho, não tinha como errar. Estava curiosa, queria desvendar aquela outra Campinas. Assim, os trinta minutos de “viagem”, tornaram-se cinco insuficientes minutos de ansiedade. Como será essa outra Campinas? Como são as pessoas de lá? As casas, os mercados? Será que têm shopping, bancos? Será mesmo perigoso? Devo levar meu celular, carteira? Tantas perguntas... Vãs perguntas! Por que ninguém me avisou que a outra Campinas nada mais era que a minha Campinas!

Comemora-se a queda do “Muro de Berlim”, porém o triste é saber que não desaprendemos a construir muros, nem pegamos a façanha de destruí-los. A Anhanguera, embora física, ganha conotação de barreira simbólica, separando uma cidade, em duas realidades. Estas barreiras são impregnadas de preconceito, e por preconceito subentende-se desconhecimento. Uma cidade singular como Campinas, com certeza tem suas pluralidades. E para percebê-las basta conversar com seu vizinho. O meu gosta de ouvir rock, enquanto sou amante de sertanejo, exemplo claro de que não precisamos cruzar a Anhanguera para encontramos divergências ou realidades distintas.

Bom, voltando a minha experiência no “lado lá”... Nas ruas o que vi foram muitos carros, muitas pessoas, dando a impressão de um grande centro comercial. Mercados, açougues, padarias e praças lotadas de gente. Nada diferente do habitual do “lado de cá”. Casas grandes, outras pequenas, algumas pintas, outras grafitadas e algumas implorando por reforma. Nada que me surpreendesse. No local da prova um muro muito pichado cercava a escola. Lá dentro um verde oliva harmonizava as paredes, conservadas, dando impressão de recém pintadas. As mesas e cadeiras compatíveis e adequadas com o ambiente escolar, não dispensavam rabisco, “colinhas”. Nada que do “lado de cá” não nos deparemos.

Mais que automóveis, comércio e estruturas físicas, encontrei pessoas campineiras, que não negam uma ajudinha, afinal “Alguém sabe onde é a escola Ruy Rodrigues?”. Conversei com gente como a gente, que gosta de “bater um papo” e não economiza no sorriso e gentileza.
Conheci, inclusive, uma garota de dez anos, que me guiou até a escola, mostrou sua casa, o lar de seu tio, a padaria com pãozinho saboroso e o melhor caminho para chegar a Ruy Rodrigues.

Meu objetivo não é amenizar os problemas, nem mesmo as dificuldades daquela população. Até porque este é mais um ponto que os de cá, convergem com os de lá. Afinal, que lugar de Campinas não podia ser melhorado? Quem não tem problemas? O do Itajaí os tem, bem como o do Gramado.

Essa visão ganhei ao conhecer uma cidade igual a nossa, aliás ao conhecer melhor a nossa cidade. A única diferença entre os “de cá” e os “de lá” é que “eles” moram mais longe. Ou será que somos nós que moramos longe? Quem sabe até, somos nós que nos distanciamos. Ou foram eles que preferiram expandir nossa Campinas, com o sonho de uma nova e melhor cidade.
O fato é que tudo é relativo. E segundo os funcionalistas, tudo tem um lado bom. Conehcer o lado de lá foi um ponto positivo da prova do Enade, mesmo tendo que responder que a culpa é mídia, e que "Nosso Guia" sim, entende de marolinhas.
O importante é que mais uma vez comprovei o quanto o Brasil, como um todo, é singularmente plural em sua convergência de diversidades.

sábado, 7 de novembro de 2009

"Quando vocês voltam?"


No final de janeiro, vou para Amazônia. Já expliquei um pouco do projeto em um texto publicado aqui. Resumidamente, um grupo de universitários vai até a Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Biotupé, onde será realizado políticas públicas em benefício às comunidades que ali residem. A essência é “devolver àquela população, o que já é deles.” A ferramenta usada é DRP, que considera os desejos das pessoas, a partir dos quais elabora-se possibilidades.
O desafio é derrubar o mito do assistencialismo, ou de projetos pré-elaborados, nos quais pesquisadores vão até a região carente já com objetivos traçados, medidas determinadas e impõe o que consideram ideal à comunidade, porém se esquecem do principal: ouvir o que aquelas pessoas almejam e a viabilidade de atender tais pretensões.
Destaca-se a importância de que a população a ser atendida tenha autonomia de ideias, autodeterminação e também a liberdade para realizar os projetos. Afinal, é o ferido que sente a intensidade de sua dor. Ou, sem metáforas, só quem vive as dificuldades reais, conhece suas prioridades e tem ciência das alternativas viáveis.
É neste sentido que desenvolve-se o Projeto Biotupé, com base em redes sociais, multidisciplinaridade e ferramentas voltadas para entender e atender as necessidades humanas.

Estamos próximos do Natal, época de trocar presentes, muita fartura, reunião familiar, alegria, brindes, comemoração. Infelizmente, não é este o Natal que todos conhecem (confira post “A insensibilidade sensacionalista”). Porém deve-se lembrar que a real essência é o nascimento de Jesus. Não é bem isso que quero ressaltar, porém não desconsidero a importância.

A questão é que na época natalina, muitas ações solidárias afloram na sociedade. ONGs, campanhas, famílias e grupos unem-se com objetivo de proporcionar uma ceia mais feliz. Comunidades carentes, bairros periféricos, creches, orfanatos, escolas públicas, hospitais recebem visitas de solidariedade, que muitas vezes levam presentes às crianças, cestas de alimento aos adultos, proporcionando o clima capitalista do natal.
Não critico estas ações solidárias. Pelo contrário, são atitudes bonitas, que mostram o espírito samaritano, comunitário e receptivo do brasileiro. Quantas meninas não sonham ganhar uma boneca, bem como meninos aspiram por um carrinho? Quantos pais não lutam para dar tais presentes ao filhos? É impagável um sorriso sincero e satisfeito. Estas ações proporcionam isso.
Num primeiro momento, os atendidos perguntam “O que vocês vão nos dar?” E eis que recebem as doações, os embrulhos e toda assistência. O ato de sorrir é involuntário e os lábios abrem-se sem disfarce.
No entanto, a segunda pergunta é inevitável, e mais complicada de ser respondida. “Quando vocês voltam?”. Pode-se responder que voltam no próximo Natal, ou quem sabe no Dia das Crianças. Cruel será o terceiro questionamento: “E até lá, como ficamos?”. A crueldade é tão evidente, que não se encontra palavras capazes de responder.

Outra questão que me intriga é o assistencialismo. Entregar o enlatado é muito mais fácil do que ensinar a produzir o conteúdo. A única coisa que ninguém nos tira é o conhecimento. A assistência muitas vezes depende da boa vontade, dos recursos e em casos extremos, do interesse daquele que atende.

Reafirmo que não se trata de critica, mas sim de preocupação. Políticas públicas que atendam à sociedade têm de ouvir as pessoas, inserir-se naquela realidade, entender as necessidades. Só assim as pessoas poderão andar com as próprias pernas. Só assim o assistencialismo torna-se assistência e o projeto solidário, ganha faces humanitárias.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Respondendo às críticas...


O fascínio da sociedade democrática, bem como da liberdade de expressão, é a divergência de opiniões. Pontos de vistas distintos e ideologias que se contradizem são reflexos de culturas, educação e bagagem social que se diferem. A diversidade é a maior maravilha do Brasil. Poder se expressar é a maior conquista do brasileiro. Discordar é atuar ativamente na sociedade. A troca de interpretações é enriquecedora e acentua nosso direito de expressão. Gostaria de interpretar a metáfora de Lula, a respeito de Jesus, como mero retrato da "política camarada", na qual há necessidade de conversar com todos, porém minha visão de mundo não permite. Um presidente que critica intermediários, algo tem para esconder. Intermediar é servir como ponte. Poucos têm acesso ao que acontece na política, e é aí que entra o papel fundamental do jornalista, de informar e sim, de fiscalizar esferas públicas. Criticar uma classe profissional, sobre argumento de serem formadores de opinião é extremamente vago e explicita o gosto que o presidente tem por uma sociedade passiva, que recebe enlatados por osmose. Nesta sociedade, fruidores como Di Franco não tem vez, pois revelam que "Lula manifesta crescente desconforto com aquilo que é rotineiro em qualquer democracia: o necessário contrapoder exercido pela imprensa".

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Minha casa, minha vida


Dizem que quem casa, quer casa. Hoje, fiquei emocionada com um casal de pombinhos, no sentido literal da palavra.

Na correria do dia a dia, muitas coisas passam imperceptíveis. Tal distração nos torna analfabetos, desconhecedores das façanhas da natureza. A mais bela e sábia escola, criada por Deus, é ignorada, ou sequer lembrada ,por nós, meros integrantes desta grande família natural.
Com argumento de que o ser humano é o único animal racional, capaz de se comunicar, criar e utilizar ferramentas, sentimo-nos auto-suficientes, e os demais animais da fauna e toda flora, não passam da bela decoração que nos foi dada, muito embora, por alguns já seja considerada antiquada, e portanto substituída por artigos artificiais. Grama sintética é um exemplo... Pode uma coisa dessas?

A nossa sorte é que a natureza é persistente, tem garra e força. Com um olhar atento e sensível, encontramos plantinhas lutando pela vida em meio ao asfalto da cidade. E como contradição, nos deparamos com homens desistindo do vital, se entregando às drogas e marginalidade. Com um pouco de atenção vemos a importância das árvores, que além de nos fornecer sombra, muitas vezes nos fornece o pão, quero dizer, o fruto. Enquanto isso, o que nós, seres racionais ofertamos? Se nos atentarmos, vamos ver a força da formiguinha, capaz de carregar sobre si, folhas com triplo de seu tamanho. Paralelamente, vemos gente que se nega a encarar trabalhos mais árduos, se coloca na situação de vítima e contenta-se em receber auxílio do governo, afinal hoje é mais fácil “dar o peixe, do que ensinar a pescar.” Na natureza, também encontramos artistas. A aranha faz sua teia, o joão-de-barro sua casinha, os passarinhos e pombinhos, seus ninhos. E foi esta a arte que me encantou.

A experiência é simples. Desconecte-se dos problemas. Esqueça dinheiro. Apague da memória as responsabilidades. Limite-se a olhar ao seu redor.
Foi o que fiz hoje. De fato, tinha prova para estudar , script para revisar, textos para ler e faculdade para pagar. Porém, meu limite foi fitar as redondezas.
Texto nenhum proporcionaria-me tamanho bem estar e conhecimento. Script algum seria capaz de relatar aquela essência. Textos não descreveriam a emoção do momento. E nem todo dinheiro do mundo compraria aquela cena.

Pode parecer patético, mas eu nunca tinha visto pombinhos construindo seu ninho. Um casal, muito bonitinho, por sinal. O terreno era pequeno, mas a vontade de ter a casa própria vencia qualquer obstáculo. Enquanto um escolhia as melhores varetinhas, o outro as arrumava, numa arte construtora, quase musicalizada. As dificuldades não tardaram. Alguns galhos caiam, e a construção recomeçava. Juntos e unidos, o ninho ganhava a forma. E o sonho se concretizava. Dizem que a união faz a força. Este é o maior exemplo disso.

Infelizmente, a professora cobraria conteúdo na avaliação. Como editora, os scripts precisavam estar prontos. A leitura é indispensável, seja de um jornal ou livro. E a mensalidade da Universidade estava próxima do vencimento.
Meu olhar estático, tornou-se multifocal novamente. Os pombinhos continuaram na árdua, porém recompensadora tarefa. Voltei para minha realidade. As responsabilidades são inevitáveis, os problemas tem que ser resolvidos e o dinheiro faz parte de nossa sociedade capitalista.

Eu aqui, o Lula lá e os pombinhos no seu ninho. Será que já acabaram a construção? Será que desistiram? E se o vento ou a chuva destruir tudo? Ainda bem, que eles, diferente de nós, que dependemos de governos e instituições, são dependentes da natureza, e por elas prezam e respeitam. A natureza é um bem divino e nunca falha, faça chuva, faça sol. .

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Na minha época, PIG era porco em inglês...

Recebi algumas sugestões de postagens, bem como críticas de alguns textos já publicados aqui. As sugestões me norteiam e as críticas estimulam-me a defender com maior pertinência minha ideologia.

Sugeriram-me escrever sobre o PIG (Partido da Imprensa Golpista). Embora seja bem mais propício ler um artigo de Paulo Henrique Amorim sobre o assunto, ouso-me fazer algumas considerações.
Para os adeptos da denominação, veículos como Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo, Veja, Época e Rede Globo integram o Partido Golpista. Meu jornal é a Folha, minha revista a Época. Para mim pig é porco em inglês.
Evidentemente que cada meio de comunicação tem sua linha editorial e segue uma ideologia. Ninguém é obrigado a ler o Estado, ou assistir a Rede Globo. Lê e assisti aquele que se identifica. Na banca há outras opções, bem como no controle remoto.

A principal crítica sobre o PIG é, resumidamente, que está “imprensa golpista” maneja as informações, distorce, é parcial, com objetivo principal de derrubar o governo Lula.
Como futura jornalista sei da importância de um Jornalismo ético e de qualidade. Para muitos, a imparcialidade é utopia, até porque carregamos conosco características culturais, sociais, geográficas, repertórios, que nos fazem diferentes e nos permite visões críticas e distintas. No entanto, o Jornalismo em sua essência é aquele que, como ressaltado por Valter Sena (Confira o áudio abaixo), não carrega nas tintas e sempre ouve os dois lados. Este é o Jornalismo que acredito, este é o Jornalismo que prezo e que luto para elucidá-lo.
A notícia é o fato, o que aconteceu, isenta de adjetivos, livre de interpretações. Porém, o Jornalismo não resume-se à informação, tampouco a fiscalização. O Jornalismo mantém-se com crônicas, editorias, artigos e estes tem por essência a opinião daquele que escreve, é autoral. Adoro Jabor, Lya Luft, Torquato, Dines, Dimensteim, Eliane Cantanhêde, Roberto Romano e tantos outros. Leio porque gosto das considerações destes, seus pontos de vistas, análise pessoal. Quando quero informações sou cuidadosa na busca da fonte, procuro veículos de credibilidade, com agências noticiosas reconhecidas, e não há dúvida da credibilidade da Folha, da Veja, Época...

Lulistas, petistas, ou críticos da PIG podem e vão contestar a credibilidade dos veículos aqui citados, no entanto, proponho uma reflexão.
Semana passada, nosso querido presidente, concedeu uma entrevista à Folha de S. Paulo (inclusive, excelente matéria, tanto pela pertinência das questões levantadas pelo jornal, como pelas respostas do “cara”).
O ex-metalúrgico, capaz de colocar o Brasil como sede da Copa e das Olimpíadas, com 80% de popularidade, craque nas metáforas, carismático, que nunca sabe de nada, amigo de Chávez, de Sarney e de tantos outros nomes insuspeitos, não seria tão ingênuo, a ponto de conceder entrevista a um veículo sem credibilidade, que falte com a ética, que distorça informações ou maquie dados. Lula, mesmo estando acima do bem e do mau, não confiaria suas nobres palavras a um veículo que, para muitos, insiste em depredar o governo petista. O presidente, sob esta ótica, estaria aliando-se a inimigos. Se bem que, partindo de alguém capaz de fazer aliança com Judas, nada se duvida, nada se questiona. Apenas informa-se, apenas fiscaliza-se.

domingo, 1 de novembro de 2009

A insensibilidade sensacionalista


É difícil tocar o coração, sem apelar ao sensacionalismo. O documentário “Eles não vão a Daslu”, tocou meu coração, mas para muitos produziu apenas o efeito “sensacional” explorado pelos vídeos e pela TV. Ingenuidade de minha parte? Insensibilidade da parte deles? Difícil saber. A questão é que o filme retrata a realidade de dois catadores de lixos recicláveis. Curiosamente, essa semana, Lula se reuniu com um grupo de catadores, aproveitando a ocasião para criticar jornalistas, mas isso não vem ao caso.(Confira post “Ah, esse presidente...”).

Dona Eunice, 42 anos, representou uma dura realidade. Muitos filhos, baixa instrução, expressão facial sofrida, muita força nos pés e nas mãos. Frases curtas, palavras tímidas, porém suficientes para expressar a vida difícil que a senhora, ironicamente, desfruta: “Minha filha tem vergonha de mim.” No entanto, nas entrelinhas das frases há vestígios de esperança, e retratam que a felicidade não é utopia: “Fico alegre quando consigo encher meu carrinho.” E pensar que arrancar um sorriso muitas vezes é tão difícil...
Eunice, com toda simplicidade e humildade, demostrou minha fragilidade, impotência e alienação. O que posso fazer para reverter esta realidade? Como posso ajudar essa mãe batalhadora? Nestas situações sinto-me tão pequena, fraca e sem utilidade. Ajudo como posso, mas infelizmente não posso o tanto que Eunice necessita. O pior é que não se trata de um ou dois casos, é uma realidade que atinge muitas famílias. E o que mais me causa indignação é que, quem pode ajudar, tem o poder e recursos para isso, não o faz.

A catadora de lixo também despertou em mim um sentimento de culpa. Eunice, com olhar triste fitando seus filhos, disse: “O dia que a gente mais sofre é o Dia das Crianças, a Páscoa e o Natal”. Como assim, “mais sofre”?
O Dia das Crianças, não é quando os pequeninos ganham presentes? Na Páscoa não nos esbaldando em chocolate? E o Natal não é o momento que reunimos a família, trocamos mimos, brindamos, sempre regados à muita fartura? Questionei-me: “Onde há sofrimento nisso tudo?”. Infelizmente, de forma rápida, veio-me a resposta.
Sofre-se no dia 12 de outubro quando o salário é insuficiente para comprar uma boneca ou um carrinho. Há sofrimento na Páscoa quando a compra de um ovo de chocolate, compromete a aquisição do arroz e feijão para mês. Nos deparamos com sofrimento no Natal, quando a família esta desestruturada, os mimos são inacessíveis, os brindes supérfluos e o décimo terceiro é incapaz de suprir a fartura.

Não sei até que ponto, assistir essa história em uma tela de alta definição, no conforto do estofado, ao som de home theater, segurando um balde de pipoca, pode ser comovente. Muitos do que assistiram o documentário comigo não se sensibilizaram, e estou ciente de que não será este texto o fator sensibilizador. A história, de fato, não é novidade para ninguém, afinal, quantas donas Eunice não acordam antes do sol nascer para garantir o sustento dos filhos?
O problema é que conhecemos tais histórias, mas não as consideramos. Ouvimos sem escutar. Vemos sem enxergar. Encaramos-as como uma realidade distante, mas nunca nos preocupamos em perguntar se nosso vizinho precisa de algo. Somos reféns do comodismo e do conformismo. Podemos até derramar lágrimas de comoção, mas somos incapazes de abrir mão de regalias desnecessárias.

Enquanto nos banhamos em excessos, muitos sofrem com o insuficiente. Enquanto queremos um buquê de flores, muitos contentam-se com a rosa do jardim da praça. Enquanto somos egoístas, há aqueles que dividem um pão, em quantos pedaços forem necessários. Enquanto comemoramos, Eunice e seus filhos continuam sofrendo...

Tudo que escrevi não muda a realidade. As palavras, infelizmente, não têm essa façanha. Frases bonitas não matam fome, nem transformam sofrimento em comemoração. Sozinhos, não somos capazes de cultivar uma floresta, nem incapazes de plantar uma árvore. Não somos capazes de erradicar a pobreza, tampouco incapazes de partilhar um prato de comida.

A história do Rádio e o Jornalismo de Qualidade, por Valter Sena

Este trabalho foi realizado na disciplina de Planejamento em Jornalismo, e conta a história do Rádio, curiosidades sobre o veículo estudado, a CBN Campinas, e tem ainda uma entrevista exclusiva com o âncora da CBN Campinas, Valter Sena.
Fizemos uma espécie de programa radiofônico com informações, curiosidades, dicas, sugestões e esclarecimentos para alunos de jornalismo, jornalistas e para aqueles que prezam por um jornalismo ético e com credibilidade.

Infelizmente, não tenho recursos técnicos de alta qualidade, o que compromete um pouco o áudio. Espero que gostem e atentem-se a entrevista com Valter Sena.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Ah, esse Presidente...


“Nunca antes na história” eu fiz algo assim. Aproveito este espaço para analisarmos algumas frases do “cara”, proferidas em 2009. Luís Inácio Lula da Silva usa frases impactantes, metáforas e outras figuras de linguagem. É inegável a esperteza do presidente. O que causa dúvida é a esperteza, ou amenizando minha crítica, a lucidez dos 85% que aprovam Lula.

Seguem algumas citações:

- “Máquina pública é extraordinária, porém ineficiente.” - Ineficiência extraordinária?
- “Os empresários têm tanta obrigação de ser brasileiros e nacionalistas quanto eu.” - Claro, ser “lulista” também deve ser bom pré-requisito.
- “Se vocês não gostam de política, acham todo político ladrão, que não presta, não renunciem à política. Entrem vocês na política porque, quem sabe, o prefeito que vocês querem está dentro de vocês.” - Porém, não relutem, pois o presidente que vocês querem, claro que é Luís Inácio.
- “Nada é mais fácil do que atribuir aos outros a culpa por seus próprios problemas” - É presidente, assumir os próprios erros é difícil, melhor ficar no “não sei de nada”.
- “Quando está todo mundo no hospital, fica todo mundo mais humilde.” - Ainda bem que há males que vem para bem...
- “Eu acho que Chávez fez um gesto de gentileza. Só lamento que ele não tenha título de eleitor para votar na Dilma.” - E não é que o presidente é mesmo “amiguinho” do venezuelano.
- “A gente não tem que olhar quanto vai gastar, tem que olhar quanto a gente vai ganhar.” - A confiança do presidente é invejável, pena que ele coloca em risco 190 milhões de brasileiros.
- “Principal animal em extinção é o ser humano.” - Pois é, deve ser por isso a extinção da ética, credibilidade, comprometimento, transparência...
- “Esse negócio de Conselho de Segurança está como uma fruta madura[...] passando do ponto de colher e daqui a pouco ela cai.” - O presidente valorizou tanto uma cadeira no Conselho e agora cospe no prato?
- “O que é triste é isso, vai passando o tempo, as pessoas não falam, ficam mudas, e quando vai chegando perto das eleições as pessoas começam a preparar o discurso para campanha.” - O problema não é preparar o discurso, o grave é fazer campanha antes do tempo, e ter o cinismo de negar isso.
- “Sou amante da democracia e da liberdade de imprensa.” - Hum... preciso comentar?
- “A maior alegria que tenho é que leitores, ouvintes e telespectadores são os únicos censuradores que admito nos meios de comunicação.” - Agora está explicado a censura ao Estado. Apesar de filho do Sarney, Fernando Sarney é também leitor, ouvinte e telespectador.
- “Não acho que o papel da imprensa é fiscalizar. É informar.” - Escrevi um post sobre isto. (Confira abaixo: “Informação não fiscalizada”).
- “É preciso parar com essas mania de entender que só o presidente da República tem responsabilidade com Brasil. Os 190 milhões também têm.” - O Brasil é responsabilidade dos brasileiros, Lula tem toda razão. Mas o poder está nas mãos de poucos, a decisão é tomada por uma classe dominante. Podemos culpar os 190 milhões por isso?
- “A dona Lina é dona da sua consciência. A dona Dilma é dona de sua consciência.” - Lula da Silva é dono de sua consciência. Desta, estamos livres.
- “Eu gostaria de subir num palanque só. É difícil subir em dois. Se isso acontecer, há risco de eu não subir em nenhum.” - O ex-metalúrgico sem palanque, não é aquele ex-metalúrgico que conhecemos.
- “O eleitor destas pessoas (Sarney, Renan, Collor, Jader Baralho) é tão bom quanto ele.” - Não precisava ser tão agressivo senhor Presidente. O senhor, que é o senhor erra. O povo também comete equívocos. O problema é que os fazem na hora de votar. Mas isso é reversível.
- “Quando se chega à Presidência, a responsabilidade nas suas costa é de tal envergadura que você não tem direito de ser pequeno.” - Mas daí julgar-se acima do bem e do mal, já é um certo exagero, não?
“No próximo aniversário, eu, se Deus quiser, estarei comemorando a eleição dela [Dilma].” - O mais certo não seria estar comemorando o desenvolvimento do Brasil? A frase ficou individualista, impregnada de interesses próprios. E como ficam os “companheiros”?

As frases são tantas. Minhas indignações as sucedem.

Num recente post, comentei sobre a provável aliança entre Jesus e Judas (confira abaixo “Metaforicamente falando...”), que inclusive foi publicada na Carta do Leitor do Correio Popular, na terça-feira (28/10). Hoje, recebi uma crítica na mesma editoria do jornal, de um outro leitor. Fiquei surpresa com a repercussão e agradecida por tal. Os pontos de vistas diferentes enriquecem-nos.

As frases citadas acima me indignaram. Mas a citação noticiada hoje me decepcionou, causou-me repúdio. “A figura do chamado formador de opinião pública, que antes decidia as coisas neste país, já não decide mais[...]o povo não quer mais intermediário, este povo tem pensamento próprio”, disse o presidente num evento que reuniu catadores de lixo reciclável. A afirmação causou alvoroço, e um grupo de jornalista foi vaiado por três mil catadores.
O “cara” desmoralizou a figura do jornalista. Tal desmoralização ataca explicitamente a ética. Desmoralizar o Jornalismo é contrariar a democracia.
É assustador o nível de contradição de nosso presidente. De acordo com Lula, aqueles que antes deveriam informar, hoje não servem sequer como intermediários.
Os jornalistas têm o dever de transmitir a realidade, dar acesso à informação, que subentende a fiscalização e checagem da notícia. O Jornalismo é a ponte entre a sociedade e os poderes públicos.

O presidente está bem incomodado com a imprensa. E isto é bom sinal. Aliás, não poderia haver melhor elogio para os meios de comunicação, afinal, como citado em recente Editorial da Folha de S. Paulo: “Não haveria melhor forma de elogiar os meios de comunicação do que as indignações de tantas figuras insuspeitas.” Não sei porque, mas para mim, Lula é um tanto quanto “insuspeito”.