quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Minha casa, minha vida


Dizem que quem casa, quer casa. Hoje, fiquei emocionada com um casal de pombinhos, no sentido literal da palavra.

Na correria do dia a dia, muitas coisas passam imperceptíveis. Tal distração nos torna analfabetos, desconhecedores das façanhas da natureza. A mais bela e sábia escola, criada por Deus, é ignorada, ou sequer lembrada ,por nós, meros integrantes desta grande família natural.
Com argumento de que o ser humano é o único animal racional, capaz de se comunicar, criar e utilizar ferramentas, sentimo-nos auto-suficientes, e os demais animais da fauna e toda flora, não passam da bela decoração que nos foi dada, muito embora, por alguns já seja considerada antiquada, e portanto substituída por artigos artificiais. Grama sintética é um exemplo... Pode uma coisa dessas?

A nossa sorte é que a natureza é persistente, tem garra e força. Com um olhar atento e sensível, encontramos plantinhas lutando pela vida em meio ao asfalto da cidade. E como contradição, nos deparamos com homens desistindo do vital, se entregando às drogas e marginalidade. Com um pouco de atenção vemos a importância das árvores, que além de nos fornecer sombra, muitas vezes nos fornece o pão, quero dizer, o fruto. Enquanto isso, o que nós, seres racionais ofertamos? Se nos atentarmos, vamos ver a força da formiguinha, capaz de carregar sobre si, folhas com triplo de seu tamanho. Paralelamente, vemos gente que se nega a encarar trabalhos mais árduos, se coloca na situação de vítima e contenta-se em receber auxílio do governo, afinal hoje é mais fácil “dar o peixe, do que ensinar a pescar.” Na natureza, também encontramos artistas. A aranha faz sua teia, o joão-de-barro sua casinha, os passarinhos e pombinhos, seus ninhos. E foi esta a arte que me encantou.

A experiência é simples. Desconecte-se dos problemas. Esqueça dinheiro. Apague da memória as responsabilidades. Limite-se a olhar ao seu redor.
Foi o que fiz hoje. De fato, tinha prova para estudar , script para revisar, textos para ler e faculdade para pagar. Porém, meu limite foi fitar as redondezas.
Texto nenhum proporcionaria-me tamanho bem estar e conhecimento. Script algum seria capaz de relatar aquela essência. Textos não descreveriam a emoção do momento. E nem todo dinheiro do mundo compraria aquela cena.

Pode parecer patético, mas eu nunca tinha visto pombinhos construindo seu ninho. Um casal, muito bonitinho, por sinal. O terreno era pequeno, mas a vontade de ter a casa própria vencia qualquer obstáculo. Enquanto um escolhia as melhores varetinhas, o outro as arrumava, numa arte construtora, quase musicalizada. As dificuldades não tardaram. Alguns galhos caiam, e a construção recomeçava. Juntos e unidos, o ninho ganhava a forma. E o sonho se concretizava. Dizem que a união faz a força. Este é o maior exemplo disso.

Infelizmente, a professora cobraria conteúdo na avaliação. Como editora, os scripts precisavam estar prontos. A leitura é indispensável, seja de um jornal ou livro. E a mensalidade da Universidade estava próxima do vencimento.
Meu olhar estático, tornou-se multifocal novamente. Os pombinhos continuaram na árdua, porém recompensadora tarefa. Voltei para minha realidade. As responsabilidades são inevitáveis, os problemas tem que ser resolvidos e o dinheiro faz parte de nossa sociedade capitalista.

Eu aqui, o Lula lá e os pombinhos no seu ninho. Será que já acabaram a construção? Será que desistiram? E se o vento ou a chuva destruir tudo? Ainda bem, que eles, diferente de nós, que dependemos de governos e instituições, são dependentes da natureza, e por elas prezam e respeitam. A natureza é um bem divino e nunca falha, faça chuva, faça sol. .

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