sábado, 14 de novembro de 2009

A primeira vez, a gente nunca esquece...


Diziam para eu tomar cuidado. Ter certeza do que fazer. A melhor forma de se comportar. Uns apoiaram. Outros diziam para eu esperar um pouco mais. Eu não sabia se de fato estava pronta. Mas era uma grande oportunidade. E a vontade de fazer compensava qualquer consequência.
Meu pai, devido a sua ansiedade e preocupação, resolvi avisar minutos antes, assim ele não teria como discordar. Pai tem um certo ciume, e sempre quer proteger a filhinha. Minha mãe, minha melhor amiga, ficou sabendo desde de o princípio. Quando decidi que faria, fui perguntar a opinião dela, o que achava de minha atitude. No início me apoiou, porém temia, pois era novata ainda, não sabia como era e como me disse, deveria começar mais suave, aos poucos.
No entanto, meu sonho e talvez minha ousadia queria uma primeira vez inesquecível, com alguém disputado, almejado.

Com aval e apoio de minha mãe, começaram os problemas. Precisava do local ideal, o horário propício, os detalhes, toda organização e providencias. Depois pensei na roupa que usaria na ocasião, se falaria muito, ou me calaria. Não sabia se explicava que era minha primeira vez, ou ocultava a situação. O pior é que estaria sozinha. Eu e minha fonte. Fonte? Sim, minha fonte! Aliás “a” fonte.

Pois bem, foi a primeira vez que participei de uma Coletiva de Imprensa. E se não bastasse, foi o primeiro depoimento que consegui, para o documentário que vou fazer na Amazônia em janeiro/fevereiro.
Meu fascínio por política, minha consciência de sustentabilidade e minha ânsia pelo Jornalismo, a busca pela melhor fonte, a luta pela melhor entrevista, fizeram com que eu me arriscasse.

Sim, corri riscos. A ocasião era concorrida, o ambiente de muito glamour, um tema sério, destinado a grandes empresários, com a cobertura por veículos de comunicação de renome, como Folha de S.Paulo e CBN (cito essas, porque são meus objetivos profissionais, e nunca estive tão perto de meu sonho).

O evento foi no The Royal Palm Plaza. Abriram a porta do meu carro. As portas da recepção abriram-se automaticamente. Empresários mesclavam-se com jornalistas, que se misturavam com assessores e organizadores. Um ambiente prazeroso, um atendimento digno e uma expectativa gostosa, mas ao mesmo tempo indecisa.
Como perguntaria? Como me apresentaria? Tinha que sair tudo certo, afinal, jornalista sobrevive de nome, de fontes que nele confiam. O profissional de Jornalismo precisa ter credibilidade. Precisa mostrar que sabe do assunto. Necessita usar as melhores palavras, na melhor ordem da frase, no melhor tom, sempre de forma objetiva. Mas quais seriam estas palavras? Colocaria o sujeito antes? Determinado ou indeterminado? E o timbre da voz? Qual melhor entonação? Como ser objetiva?

A ansiedade vem acompanhada da insegurança. Insegurança é repleta de incertezas, e a palavra “desista” insiste em teimar!
Todavia, o impulso de “vou fazer” predominou. E desistir é para os fracos. Persistir é acreditar, correr atrás de nossas utopias. A perseverança rege a vida, nossas escolhas. Feliz daquele que persevera e não se rende aos obstáculos.
As dificuldades são inevitáveis. Não pensei que seriam tantas. Muito menos imaginava que teria pulso para superá-las. Consegui contatos importantes e o melhor, fui correspondida nestes. Sozinha, nada seria feito.

Agradeço a confiança do Prof. Duarcides Ferreira Mariosa, que além de proporcionar a oportunidade da realização do documentário sobre a viagem na Amazônia, acreditou na minha ideia. Agradeço a Erica Mariosa, que me auxílio nos contatos e na credencial para coletiva. Contei com apoio ainda do Prof. Zanotti, que definitivamente me “socorreu” horas antes da entrevista, me deu dicas de como elaborar uma boa entrevista.. Tive apoio do pessoal do Labis da Puc-Campinas. A Professora Cecília Toledo que me apoiou e deu algumas coordenadas cruciais. Agradeço o Maurício da Produtora aqui de Campinas, o Cláudio e o cinegrafista Picachu. Fiquei surpresa com a receptividade de Luciano Zica, Mateus Zica, agradeço ainda a assessora de comunicação Carmem Madrilis. O apoio e a confiança que depositaram em mim deixa-me orgulhosa e ciente da responsabilidade. É um grande incentivo. Estas são algumas pessoas que contribuíram para meu lançamento profissional, das quais sou feliz pelo contato e proximidade.

São nas dificuldades que surgem as oportunidades, e também são nestas ocasiões que descobrimos quem realmente está ao nosso lado, quem torce e crê em nosso potencial.
Meus pais neste contexto me surpreenderam. Sempre tiveram orgulho de mim, o que é recíproco. No entanto, sempre sonharam em ter uma filha formada em Direito ou uma médica. E eis que opto pelo Jornalismo, uma profissão sem exigência de diploma. Mas, é a profissão que me da prazer e que sei que posso contribuir para sociedade. A reação de minha mãe e de meu pai foi a melhor possível. Uma médica ou advogada talvez não lhes desse aquela alegria. Alegria de uma meta alcançada. De um passo dado na direção certa. Começaram a acreditar na minha carreira, e hoje já diziam com tom diferente e um sorriso verdadeiro: “Minha filha estuda Jornalismo”.

Assisti toda palestra de Marina Silva, com tema “Sustentabilidade”, compondo a mesa Guilherme Leal, co-presidente da Natura; Ricardo Ribeiro da 3M.
Sobre a senadora, tive uma impressão curiosa, mas que não pretendo discutir neste tópico. As pessoas terão maiores oportunidades de conhecê-la e um debate sobre a pré-candidata será mais consistente. (no próximo post coloco o tema da entrevista, muito interessante e importante. Na verdade, a integra do projeto é destinada ao documentário, que vai estar pronto em fevereiro – se Deus quiser.)

Na coletiva tive a certeza de que aquele era o meu ambiente, a minha identidade profissional estava ali. Os jornalistas, com toda sua prática e experiência questionavam a ex-ministra e a angustia de que cada vez mais, minha hora se aproximava, sinalizava que todo meu esforço, todo correria e todos os imprevistos teriam recompensa. A melhor a recompensa. O êxito que sonhava sem acreditar. E que agora acredito, com o sonho transformado em realidade.
A atenção que a senadora dispensou para mim me surpreendeu. O jeito de me abraçar, se interessar por meu projeto compensou toda ansiedade, nervosismo e suor. Ansiedade se transformou em perseverança. Nervosismo em garra. O suor em satisfação.

Há sempre uma primeira vez. É inevitável. A minha primeira vez não tardou. Minha primeira Coletiva de Imprensa ocorreu aos meus dezoito anos, no primeiro de Jornalismo, do dia 12 de novembro de 2009. Agora aguardo a segunda, a terceira, a quarta... a centésima e quantas vezes o apoio das pessoas e meu amor pelo Jornalismo permitir – dependendo dessas variáveis, serão muitas.

Agora, aguardo o meu primeiro artigo na Folha, quem sabe no Estado (outro sonho profissional), uma reportagem no Correio Popula. Espero a primeira vez de falar no microfone da CBN, quem sabe da Band News. Como jornalista, penso na primeira apresentação de um telejornal – embora esta última não seja uma das prioridades. Meu fascínio é escrever e o rádio é minha paixão. Posso estar vivendo de sonhos. Mas são sonhos alimentados por metas, objetivos e muita, mais muita força de vontade e esforço.

É, a primeira vez, a gente nunca esquece...

6 comentários:

  1. Massa Gláucia. escreveu bem: simplesmente emocionante! parece até que fui com vc...hahahahaha

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  2. Ahh Jéssicaa que bom que gostou!! Puxa devia ter ido comigo!! Inclusive para Amazônia!! rsrs Obrigada =)

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  3. Obrigada Bruno =) Temos que correr atrás né?? rsrs

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  4. Nossa, que maravilha, Glaúcia! Quando vejo você me lembro da jovem que saiu do Brasil a quase 10 anos atrás e que sonhava poder estudar Jornalismo, contribuir para um mundo melhor.
    Hoje em dia, eu escrevo inglês melhor do que em português. Mais um dia, escrevia o português como você. Era muito boa com as palavras. Vejo em você tudo que havia de bom em mim. Por isso, dou meu apoio incondicional e me realizo através de suas realizações. Mesmo sem te conhecer pessoalmente, sinto que você terá muito sucesso pois é muito talentosa.
    Você está certíssima!!! Tem que correr atrás mesmo. SEMPRE. Eu ainda corro atrás. E como dizem por aí... quem procura, acha!
    BEIJOS e MUITA BOA SORTE.
    Simone

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  5. Nossa Simone, suas palavras me fizeram bem e me deram muita confiança. COmo todas as pessoas que acreditaram em mim, você também me passa essas confiança! Sou extremamente grata a seu apoio =)
    De verdade, muito obrigada e saiba que mesmo sem te conhecer pessoalmente, admiro sua postura e visão crítica, sem falar nos seus artigos. Meus parabéns!
    Bjus, Grata =)

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