domingo, 29 de novembro de 2009

Carta do Leitor - Correio Popular


Quero muito dividir algumas experiências que tive esses dias, mas está um pouco corrido, estou organizando alguns post interessantes para discutirmos... Essa semana eu coloco aqui =)

Hoje sai na Carta do Leitor do Correio Popular, aqui de Campinas. É importante o assunto, gostaria de dividir com vocês!

"A Prefeitura de Campinas gastar um milhão de reias em luzinhas natalinas, pode parecer contraditório ou irônico, quando paralelamente pessoas passam fome. No entanto, mais que decorar a cidade, as luzes iluminam ruas, avenidas, praças e também vidas. Os pisca-piscas instalados no município retiram das trevas inúmeras presidiárias. Espalhadas pelo centro e periferia campineira, detentas do Presídio de Campinas veem a luz no fim do túnel, a oportunidade de reintegrar-se à sociedade. Luzes que para nós embelezam, para as presidiárias representam liberdade. Cidadãos livres, veem a iluminação enfeitando árvores, enquanto detentas são presenteadas com a iluminação do sol. Sem fazer demagogia ao crime, muito menos julgar seus protagonistas, a decoração natalina surge como opção a presidiárias, quando até então, a única escolha que tinham era a marginalidade. Atrás das grades, o mundo é restritivo e excludente. O trabalho em prol da cidade surge como chance para aquelas que tinham como destino o xadrez. Decorando a cidade, limpando o município e aprendendo ofícios, as detentas voltam a integrar a sociedade, e cada luzinha colocada representa um vestígio de esperança."

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O Livro, numa sociedade de cultura publicitária


No primeiro artigo deste blog enfatizei seu objetivo e a importância dos comentários, para que desenvolvêssemos discussões e debates, que sempre acrescem algo e são indispensáveis numa sociedade que prega a liberdade de opinião. Recebi críticas, elogios. Muitas ideias foram divergentes, enquanto outras alcançaram um ponto de convergência. Fiquei satisfeita em ambos casos.

O blog, enraizado em sua essência política, foi tido, por alguns, como implicância ao atual governo, tamanho o grau de insistência, por minha parte, em discordar de dizeres e ações de nosso presidente. No entanto que culpa tenho eu se Lula, em suas metáforas, ironia e amizades suspeitas, não é condicente aos meus princípios? A cada ação deste líder carismático, indignação pairava em minha mente e em casos em meu coração. Ora, eu que sempre sonhei em exercer a função de jornalista, era pejorativamente apresentada à sociedade como formadora de opinião , restringindo minha atuação ao importante ato de informar, porém impossibilitada de fiscalizar. Pode parecer persistência, ou mesmo de fato implicância, mas a luta por um sonho, não pode ser diluída em frases de impacto de um “cara” que se considera acima do bem e do mal.

Nada comentei sobre o caso da Geyse, afinal se a garota estava trajando roupas inadequadas ao ambiente universitário, seus companheiros de faculdade também não souberam se portar como graduandos. Ou ainda, se a garota do vestido rosa tem direito de se vestir como bem quiser, alunos da Uniban, podem se manifestar como bem entendem. Até mesmo nus, pasmem!

Sobre o apagão, também preferi manter-me nas trevas. Afinal o que são quatro, cinco horas no escuros? Esquece-se que um minuto pode salvar uma vida e que segundos são decisivos numa partida de futebol. A grande questão aqui, como ressaltado por Luíz Eduardo Horta, é o “apagão moral dos que enriqueceram à sombra do poder” e a obscuridade em que informações são passadas a sociedade. Raios, chuva ou ventania? Nada explicado, tudo escondido, aproveitando as luzes apagadas.

Será capaz um melodrama virar publicidade? Ou mais viável uma propaganda fantasiar-se com a essência melodramática? A partir de primeiro de janeiro poderei comentar sobre estas questões, no entanto, parece-me coincidência demais, o filme “Lula, o Filho do Brasil” ser lançado em 2010, justamente quando o petista tenta eleger sua pré-candidata a presidência. Otávio Cabral afirma que a “obra de arte, portanto, é irretocável peça de propaganda”, o que parece verídico, dado o grau coincidente deste lançamento.

Tais levantamentos são importantes. Porém, neste artigo prefiro não causar polêmica, nem divergir ideologias. Quero retratar um “fato-ônibus”, afim de que cheguemos a um consenso.


“Eu li um livro”. Assim começa a história do catador de lixo, Júlio César, 43 anos, retratada no documentário “Eles não vão à Daslu”.
Está frase é dita com orgulho pelo protagonista, reforçada com argumento de que a leitura de bons livros, fazem este catador viajar e conhecer culturas: “Nossa, eu viajava, parecia que eu conhecia a França”, ressalta o interlocutor.

Júlio César, ao contrário da catadora de recicláveis, D. Eunice, já descrita em um post (“A insensibilidade sensacionalista”), vai contra a imagem consensual que se tem da população marginalizada, que muitas vezes consente com sua atuação, ou melhor, não atuação na sociedade, mantendo-se passiva, imune de voz, isenta de oportunidades.

Não há dúvidas que a leitura, permitindo o acesso a cultura e a visões críticas de várias assuntos, contribuíram para que Júlio César surja como exceção.
Além de catador de lixo, o rapaz é ex-presidiário. Sua consciência política e luta pela dignidade humana e de direito, com certeza não foi desenvolvida atrás das grandes, tampouco, adquirida na coleta de recicláveis. Sua visão crítica é fruto de seu conhecimento literário, possível através d acesso a livros, permitindo-lhe a leitura de grandes obras.

“O pobre tem tudo na mão”, Júlio César tem consciência disso. Sabe que o povo tem o poder de colocar o governo que quiser no regimento e entende a exclusão, da qual também sofre, como a escassez de oportunidades reias na vida. O ex-detento não mantem-se na passividade. Mais do que lutar por sua inclusão, parece pintar com as palavras, tamanho a intelectualidade e expressividade com que suas frases são formuladas.

César frequentou pouco a escola, mas o acesso a obras literárias enriqueceu seu vocabulário, despertou-lhe para novos mundos, proporcionou-lhe o conhecimento de novas realidades, o que fez com que não se contentasse com este Brasil, com esta sociedade excludente, em que seu presidente, ao invés de prezar pela cultural, dando um exemplo de escolaridade, insiste em usar palavras erradas, ou frases mal construídas, tentando passar a ideia de que faz parte do povo, que veio de origens humildes.
Daí vem a ironia. Pobreza, num país que se preze, não pode subentender analfabetismo ou uma cultura inferiorizada. Num governo que trunfa com projetos como Bolsa Família, nada mais coerente do que o acesso a educação de qualidade, à população de baixa renda. A não ser que a real intenção governamental, seja criar uma massa passiva, sem desenvolver aptidão crítica, afinal, um pouco de conhecimento e autonomia, poderia comprometer o título de o “cara”.

Recomendo o documentário, pois neste fica visível a diferença entre uma pessoa que tem acesso a obras de grandes escritores, e aquelas que permanecem à margem da sociedade. Júlio César, mais que lutar para garantir o sustento de sua família, ressalta que incentiva a leitura entre seus enteados, com argumento de que só assim, eles terão chance de se expressar, e portanto, existir na sociedade.

“Quando Lula puxar uma carrinho ele vai ver a realidade (...) vai dar valor para o povo”. É o que diz Júlio César. Quando a população tiver acesso a cultura e a leitura, o presidente não precisará puxar carrinho, pois o povo terá o conhecimento de seu real valor, e saberá exercer seu poder através do voto.

Como ex-presidiário, o rapaz sabe que a prisão foi feita para os pobres. A falta de atendimento e de recursos do SUS mata vidas, porém não recebe punição. “Tem cara que rouba milhões de boa” e também não é punido.

A visão crítica faz enxergarmos a verdadeira e realidade e nos torna prepotentes para lutar e participar da reconstrução de num novo real. Os livros fazem parte desta construção crítica.

Há um mês do Natal, a campanha #DoeLivroNatal faz sucesso pelo Twitter e é condicente com a formulação de um mundo mais digno, de uma política mais ética e de uma sociedade mais ativa.
Mais que a doação de brinquedos, a campanha dos livros é interessante e de suma importância, ainda mais neste país, onde coisas gritantes acontecem e a população cala-se, atos ilícitos permeiam e o povo é condiz.

Se lessemos Machado de Assis, os olhos de ressaca de Geyse poderiam ser mais tentadores que o vestido curtíssimo. A leitura de Fernando Pessoa nos levaria a um mundo de heterônimos, nos permitindo conhecer o homem do campo, o homem que sofre pela amada, nos apresentaria as diferentes pessoas, proporcionando uma melhor convivência, respeitando as diferenças. Feliz daquele que lê um poema de Manuel Bandeira, se delicia com romances de José de Alencar, tramas de Guimarãoes Rosa, conhece a relidade do Sertão de Graciliano Ramos, leu o “Sentimento do Mundo” de Carlos Drummond de Andrade.

Triste daquele que é apresentado à cultura através de filmes propagandistas, sem subestimar seus diretores, mas que têm como mais importante que a história, enredo e repertório cultural, interesses políticos.

É fato que precisamos desenvolver um sociedade mais crítica, que lute por seus direitos. Isto só será possível através do acesso à Educação de qualidade, à valorização da cultura, partir também da leitura de bons livros. Espero que ao menos neste ponto encontremos um consenso e que neste Natal, muitos sejam presentados com livros!

sábado, 21 de novembro de 2009

Política - Chanchada -- Parte 1

Este trabalho fiz na disciplina Criatividade em Jornalismo. O tema proposto pela prof. Ciça Toledo foi "Chanchada". Minha paixão por política, e indignação com sua situação, fez com que comparace os filmes dos anos 30, com o cenário político atual.
O vídeo tem pouco mais de treza minutos, e esta dividido em duas partes. Preste atenção nas cenas... Qualquer semelhança, não é mera coincidência.

Política - Chanchada -- Parte 2

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Errar é humano, insistir no erro...


Hoje é dia da Consciência Negra e como José Simão enfatizou, seria pertinente reservarmos uma data em nosso calendário para comemorar o “Dia da Consciência Pesada”, em alusão aos políticos corruptos, assaltantes, ditadores e a todos aqueles que pregam a mordaça à liberdade de imprensa.
Durante o dia, li bons artigos relacionados ao 20 de novembro, destacando a figura de Zumbi dos Palmares, as conquistas dos negros, bem como movimentos relacionados ao assunto. Sem dúvida a data importante, porém parece-me uma faca de dois gumes: ao mesmo tempo que elucida a população negra, não afirma sua segregação? Atá porque, não temos o Dia da Consciência Branca. Não afirmo que está minha reflexão esteja correta, aliás acho o “preconceito” um tema extremamente polêmico, difícil de ser tratado.

A sociedade está impregnada de preconceito. Neste contexto há enorme crítica sobre o racismo, embora outras pessoas sejam discriminadas. É errôneo ao adotar o pré julgamento e se adaptar as generalizações.
No artigo “Basta apenas um olhar” (abaixo), coincidentemente tratei de uma pré concepção que tive, e muitos na sociedade tem. Tememos parar em semáforos, pois nossa mente pressente que aquele “carinha” que chega pedindo um “trocadinho”, pode nos assaltar. A marginalidade é um atalho para a violência. Porém, somos nós, integrantes da sociedade, os responsáveis por levá-los até a margem, negando-lhes oportunidades, diferenciando-lhes economicamente. A violência é reflexo da sociedade desigual, capitalista, embora não seja justificável. O preconceito é reflexo do desconhecimento e egoísmo das pessoas.

Sou contra qualquer tipo de preconceito, mas a vezes minha pré concepção me surpreende.

Se para a religião somos todos irmãos, a ciência, também prova-nos que somos todos iguais. Assim como a lei que nos garante, ou ao menos deveria garantir, a igualdade. Apesar disso, ainda somos suscetíveis ao julgamento precoce.

Ontem, fui surpreendida com uma pauta: acompanhar o processo de decoração natalina, em minha cidade, Campinas. Até aí, nada de novidade, afinal todo ano o município fica mais bonito e os cofres da Prefeitura chegam a desembolsar um milhão de reais, para as luzinhas natalinas.
A notícia é que as decoradoras são detentas do Presídio de Campinas. O objetivo era entrevistar um representante municipal, um dirigente da prisão e é claro, conversar com as presidiárias. A matéria foi realizada junto com, a também estudante de Jornalismo, Nádia Macedo.
O funcionário da Prefeitura nos deu informações do projeto, os benefícios que as detentas tem, os bairros em que trabalham, o que enriqueceu a sonora. Representantes dos presídios negaram a entrevista, com o pretexto de que não podem se identificar. As presidiárias necessitam de autorização do Estado, caso contrário, não podem conceder depoimentos. Não tínhamos o aval. Porém, precisávamos efetivar a matéria.
Os nomes não podiam ser ditos, as vozes não deveriam ser gravadas e fotos eram proibidas. As detentas, embora com tantas restrições, podiam ver a luz do sol, e uma conversa corriqueira era permitida.

Abordamos uma das mulheres e surpreendentemente fomos presenteadas com um belo sorriso. A conversa fluiu impressionantemente bem. A detenta contou-nos sua história. A pena de dois anos e oito meses tornou-a amante do Sol, um amor, até então, platônico. A saudade de seus filhos dava-lhe força para aguardar a soltura. A oportunidade de estar nas ruas, justifica o ato de sorrir.
A Prefeitura, mais que enfeitar a cidade, proporciona uma nova perspectiva para aquelas presas. A reintegração na sociedade já não parece tão utópica. Com trabalho por Campinas, as presidiárias tem abatimento na pena e recebem um salário mínimo.
A conversa estava boa e a curiosidade jornalística era cada vez mais aguçada. A mulher tinha muito a nos contar. Nosso tempo era curto, mas permitimo-nos extrapolar. Pegamos um saco de lixo e sentamos sobre ele. Muitas perguntas, todas com respostas.
Estar numa prisão, segundo a detenta é estar em um zoológico. Tornam-se animais, cercadas por grandes, submetidas a duras regras. Contou-nos que divide o xadrez com mais vinte e quatro detentas, algumas sem conclusão do ensino médio, outras graduadas. Desde do furto, até o assassinato. Todas juntas, trocando experiências, testando o grau de tolerância, o respeito, todas as dificuldades do convívio, acrescido de restrições e desconforto de uma prisão.
A maioria não recebe visita de seus familiares e a ociosidade preenche os dias destas mulheres. Periodicamente há fiscalização no ambiente, as presas são revistadas de forma agressiva e desrespeitosa. A rotina é árdua e a muitas não suportam a situação, estando predestinadas a loucura.
Com todas dificuldades, por tudo que a mulher deve ter passado, aquele dia, parecia mais bonito aos olhos da detenta. A liberdade parecia mais expressiva e a esperança a única saída.

Preferi não perguntar qual crime ela havia cometido. As palavras foram tão bonitas e a experiência de ter contato com uma detenta foi enriquecedora. Talvez tenha sido fraca, ou mesmo ingênua. Optei por não correr o risco da decepção.

A moça podia ter cometido um homicidio, tráfico, não sei. O importante é que naqueles vinte minutos de conversas ela me emocionou. E ao contrário do que eu pré concebia, aquelas detentas não pareciam-me revoltadas, tampouco diferentes de mim.

A detenta enfatizou que “Errar é humano”. Eu disse para ela: “Insistir no erro, é burrice”.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Basta apenas um olhar...


Tia, compra uma balinha?
Tia, dá uma moedinha?
Moça, tem um trocadinho?
Moça, me dá dinheiro?

Muitas vezes, basta estender as mãos, ou passar uma flanelhinha no vidro dianteiro. As palavras são desnecessárias. A pobreza é perceptível nas vestimentas, nos detalhes sofredores do rosto, as mãos eos pés são indicadores da marginalidade. O local é propício: semáfaros. Pedintes e vendedores de docinhos mesclam-se nos cruzamentos. Regida pelo preconceito, a população inserida na sociedade, discremina e teme os marginalizados. O grande mal é a generalização. Se político é corrupto, mendigo é drogado ou bandido. Grande equívoco, afinal quem pode julgar seu próximo?

Não vou me aprofundar neste mérito, embora seja pertinte a discussão.
A questão importante é a surpresa, o contrasenso.
Enquanto engravatados envergonham nossas Instituições, um senhor de chinelo, camiseta rasgada, bermuda bem usada, boné distribuido em campanhas eleitorias aproxima-se do meu carro. Torço para o sinal abrir, e ação de fechar os vidros é quase que automática. Numa sociedade capitalista, somos orientados pelo medo, insegurança e pré-julgamento.
O semáfaro não abriu, e o vidro não subiu na agilidade que esperava. Tive sorte.

Ao meu lado estava minha mãe. O senhor foi chagando e a ansiedade temorosa também. "Tem um trocado?" Simplesmente neguei com a cabeça. "Tudo bem, obrigado". Mais que a educação e compreensão, o senhor sem gravata tinha sensibilidade. Mesmo sem usar terno, tinha caráter e uma carência de conversa.
Os olhos verdes de minha mãe, fizeram o pedinte lembrar-se da mãe dele. Nos contou, que ela chamava-se Maria, e com a lembrança veio um sorriso, demonstrando a saudade, daquela que provavalmente o criou.

O sinal abriu, mas o olhar, também esverdeado continuou em minha lembrança. Como eram os olhos de Maria? Apesar de todas as dificuldades, o senhor não esquecia de sua mãezinha, e não restringia seu sorriso.

Muitos já foram assaltados em cruzamentos. Mas, num dia de sorte, uma abordagem nos vidros laterias pode render-lhe um sorriso.

Pode parecer demagogia, porém as grandes conquistas estão nos pequenos detalhes. As alegrias mais sinceras não são fruto da riqueza, mas sim dos sentimentos que vem do coração. A saudade é um destes, pois reflete um grande amor.

sábado, 14 de novembro de 2009

A primeira vez, a gente nunca esquece...


Diziam para eu tomar cuidado. Ter certeza do que fazer. A melhor forma de se comportar. Uns apoiaram. Outros diziam para eu esperar um pouco mais. Eu não sabia se de fato estava pronta. Mas era uma grande oportunidade. E a vontade de fazer compensava qualquer consequência.
Meu pai, devido a sua ansiedade e preocupação, resolvi avisar minutos antes, assim ele não teria como discordar. Pai tem um certo ciume, e sempre quer proteger a filhinha. Minha mãe, minha melhor amiga, ficou sabendo desde de o princípio. Quando decidi que faria, fui perguntar a opinião dela, o que achava de minha atitude. No início me apoiou, porém temia, pois era novata ainda, não sabia como era e como me disse, deveria começar mais suave, aos poucos.
No entanto, meu sonho e talvez minha ousadia queria uma primeira vez inesquecível, com alguém disputado, almejado.

Com aval e apoio de minha mãe, começaram os problemas. Precisava do local ideal, o horário propício, os detalhes, toda organização e providencias. Depois pensei na roupa que usaria na ocasião, se falaria muito, ou me calaria. Não sabia se explicava que era minha primeira vez, ou ocultava a situação. O pior é que estaria sozinha. Eu e minha fonte. Fonte? Sim, minha fonte! Aliás “a” fonte.

Pois bem, foi a primeira vez que participei de uma Coletiva de Imprensa. E se não bastasse, foi o primeiro depoimento que consegui, para o documentário que vou fazer na Amazônia em janeiro/fevereiro.
Meu fascínio por política, minha consciência de sustentabilidade e minha ânsia pelo Jornalismo, a busca pela melhor fonte, a luta pela melhor entrevista, fizeram com que eu me arriscasse.

Sim, corri riscos. A ocasião era concorrida, o ambiente de muito glamour, um tema sério, destinado a grandes empresários, com a cobertura por veículos de comunicação de renome, como Folha de S.Paulo e CBN (cito essas, porque são meus objetivos profissionais, e nunca estive tão perto de meu sonho).

O evento foi no The Royal Palm Plaza. Abriram a porta do meu carro. As portas da recepção abriram-se automaticamente. Empresários mesclavam-se com jornalistas, que se misturavam com assessores e organizadores. Um ambiente prazeroso, um atendimento digno e uma expectativa gostosa, mas ao mesmo tempo indecisa.
Como perguntaria? Como me apresentaria? Tinha que sair tudo certo, afinal, jornalista sobrevive de nome, de fontes que nele confiam. O profissional de Jornalismo precisa ter credibilidade. Precisa mostrar que sabe do assunto. Necessita usar as melhores palavras, na melhor ordem da frase, no melhor tom, sempre de forma objetiva. Mas quais seriam estas palavras? Colocaria o sujeito antes? Determinado ou indeterminado? E o timbre da voz? Qual melhor entonação? Como ser objetiva?

A ansiedade vem acompanhada da insegurança. Insegurança é repleta de incertezas, e a palavra “desista” insiste em teimar!
Todavia, o impulso de “vou fazer” predominou. E desistir é para os fracos. Persistir é acreditar, correr atrás de nossas utopias. A perseverança rege a vida, nossas escolhas. Feliz daquele que persevera e não se rende aos obstáculos.
As dificuldades são inevitáveis. Não pensei que seriam tantas. Muito menos imaginava que teria pulso para superá-las. Consegui contatos importantes e o melhor, fui correspondida nestes. Sozinha, nada seria feito.

Agradeço a confiança do Prof. Duarcides Ferreira Mariosa, que além de proporcionar a oportunidade da realização do documentário sobre a viagem na Amazônia, acreditou na minha ideia. Agradeço a Erica Mariosa, que me auxílio nos contatos e na credencial para coletiva. Contei com apoio ainda do Prof. Zanotti, que definitivamente me “socorreu” horas antes da entrevista, me deu dicas de como elaborar uma boa entrevista.. Tive apoio do pessoal do Labis da Puc-Campinas. A Professora Cecília Toledo que me apoiou e deu algumas coordenadas cruciais. Agradeço o Maurício da Produtora aqui de Campinas, o Cláudio e o cinegrafista Picachu. Fiquei surpresa com a receptividade de Luciano Zica, Mateus Zica, agradeço ainda a assessora de comunicação Carmem Madrilis. O apoio e a confiança que depositaram em mim deixa-me orgulhosa e ciente da responsabilidade. É um grande incentivo. Estas são algumas pessoas que contribuíram para meu lançamento profissional, das quais sou feliz pelo contato e proximidade.

São nas dificuldades que surgem as oportunidades, e também são nestas ocasiões que descobrimos quem realmente está ao nosso lado, quem torce e crê em nosso potencial.
Meus pais neste contexto me surpreenderam. Sempre tiveram orgulho de mim, o que é recíproco. No entanto, sempre sonharam em ter uma filha formada em Direito ou uma médica. E eis que opto pelo Jornalismo, uma profissão sem exigência de diploma. Mas, é a profissão que me da prazer e que sei que posso contribuir para sociedade. A reação de minha mãe e de meu pai foi a melhor possível. Uma médica ou advogada talvez não lhes desse aquela alegria. Alegria de uma meta alcançada. De um passo dado na direção certa. Começaram a acreditar na minha carreira, e hoje já diziam com tom diferente e um sorriso verdadeiro: “Minha filha estuda Jornalismo”.

Assisti toda palestra de Marina Silva, com tema “Sustentabilidade”, compondo a mesa Guilherme Leal, co-presidente da Natura; Ricardo Ribeiro da 3M.
Sobre a senadora, tive uma impressão curiosa, mas que não pretendo discutir neste tópico. As pessoas terão maiores oportunidades de conhecê-la e um debate sobre a pré-candidata será mais consistente. (no próximo post coloco o tema da entrevista, muito interessante e importante. Na verdade, a integra do projeto é destinada ao documentário, que vai estar pronto em fevereiro – se Deus quiser.)

Na coletiva tive a certeza de que aquele era o meu ambiente, a minha identidade profissional estava ali. Os jornalistas, com toda sua prática e experiência questionavam a ex-ministra e a angustia de que cada vez mais, minha hora se aproximava, sinalizava que todo meu esforço, todo correria e todos os imprevistos teriam recompensa. A melhor a recompensa. O êxito que sonhava sem acreditar. E que agora acredito, com o sonho transformado em realidade.
A atenção que a senadora dispensou para mim me surpreendeu. O jeito de me abraçar, se interessar por meu projeto compensou toda ansiedade, nervosismo e suor. Ansiedade se transformou em perseverança. Nervosismo em garra. O suor em satisfação.

Há sempre uma primeira vez. É inevitável. A minha primeira vez não tardou. Minha primeira Coletiva de Imprensa ocorreu aos meus dezoito anos, no primeiro de Jornalismo, do dia 12 de novembro de 2009. Agora aguardo a segunda, a terceira, a quarta... a centésima e quantas vezes o apoio das pessoas e meu amor pelo Jornalismo permitir – dependendo dessas variáveis, serão muitas.

Agora, aguardo o meu primeiro artigo na Folha, quem sabe no Estado (outro sonho profissional), uma reportagem no Correio Popula. Espero a primeira vez de falar no microfone da CBN, quem sabe da Band News. Como jornalista, penso na primeira apresentação de um telejornal – embora esta última não seja uma das prioridades. Meu fascínio é escrever e o rádio é minha paixão. Posso estar vivendo de sonhos. Mas são sonhos alimentados por metas, objetivos e muita, mais muita força de vontade e esforço.

É, a primeira vez, a gente nunca esquece...

Coletiva de Imprensa - Marina Silva

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Repensando o conceito de liberdade em nossa sociedade


Ansiava completar 18 anos. Só assim, seria "livre". Poderia dirigir, entrar em lugares restritos a "menores", além de respoder pelos meus atos.
Quando completei a maior idade (em junho) fui surpreendida com a queda da exigência do diploma para jornalistas. Com esta decisão, a liberdade de expressão estava garantida e todos poderiam se expressar.

No entanto, não demorou muito e minha ilusão de liberdade foi contrariada. Há mais de cem dias,"O Estado de S. Paulo" teve sua liberdade de imprensa suspensa através de ações movidas por Fernando Sarney.
Outro fato de relevância, envolveu a Ambev e deixou claro ao consumidor que nossa liberdade de escolha é manipulada.
A liberdade de ir e vir já não existi, somos impedidos de frequentar lugares com medo de assaltos, ou até por não ter condição financeira para tal.
Houve ainda o caso envolvendo o Ministério Público, que cogitou a possibilidade de retirar símbolos religiosos dos locais de grande visibilidade, sendo perceptível que a liberdade de crença não é uma garantia e que sofremos influências externas (digo isso, mesmo sendo católica e não me incomodando, aliás me identificando com crucíficos fixos as paredes de repartições).
Podemos citar ainda a lei antifumo, que ataca nossa liberdade individual (sou totalmente contra o cigarro e aprovo a medida, porém não deixa de comprometer a livre escolha).

Essas simples e sucintas análises nos fazem refletir se realmente somos cidadãos livres.

Cito as bonitas palavras do Dr. André Gonçalves: "Se o homem não é livre, não pode conhecer o amor".

Será que conhecemos o que é amar?

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A bomba do Enade, segundo funcionalistas...


Dilma Rousseff referiu-se, recentemente, a “dois brasis”. Questionei-me de quais brasis referia-se: o Brasil do ricos e o Brasil dos pobres? Dos dominantes versus dos dominados? Dos patrões e dos empregados? Talvez, o Brasil corintiano e o Brasil palmeirense. Ou até quem sabe, era uma forma de enfatizar a desigualdade brasileira, as diferenças econômicas e sociais. No entanto, decepcionei-me. A ministra, mais uma vez, veste a carapuça da disputa eleitoral, e assim, todas minhas suposições tornam-se equivocadas.
A pré-candidata à presidência trata destes dois cenários brasileiros, afim de designar o Brasil até 2002, e o Brasil 2008-2009. Sem entrar em detalhes aos méritos do governo lulista – quem quiser fazê-lo dedico o espaço dos comentários, no qual inclusive, podemos abrir um debate - a senhora Lula (que isso não cause ciúme a Dona Marisa), fez-me prestar atenção nas “duas Campinas” (cidade onde nasci e resido atualmente).

Aqui há uma distinção entre a Campinas do “lado de cá da Anhanguera”, e a longinqua Campinas “do lado de lá da Anhanguera”.

Pegando a Jonh Boyd Dunlop e seguindo sempre em frente o campineiro “de cá” questiona-se: “Ainda estamos em Campinas?” ou espanta-se: “Nossa, como nossa cidade é grande!”. Grande e bonita. Grande e diversa. Grande e desenvolvida. Passa o Jardim Ipaussurama, o Residencial Cosmo, perto do Jardim Florence, logo mais o Jardim Rossim, a frente encontramos a Estação de Tratamento de Esgoto Capivari, dali é só ir reto, sempre reto e sem pressa, até chegar ao Campo Grande e enfim seguindo um pouco mais, temos o Itajaí. Foi este meu destino (espero num próximo post nomear mais bairros, conforme for conhecendo a grandiosidade campineira).
Uma cidade do tamanho Campinas, felizmente não se resume ao Cambuí, Taquaral, Gramado, Centro e redondezas. Abrange uma outra Campinas, com os mesmo méritos da “de cá”.

A prova do Enade, realizada ontem, e que tem como intuito avaliar o ensino nas Universidades, foi aplicada em vários bairros periféricos do “lado de lá”. Os estudantes, que como eu, foram convocados para realizar a avaliação, deixaram as proximidades das Instituições e se “aventuraram” naquela Campinas.
Jornais locais noticiaram reclamações de estudantes, enquanto nas salas de aula discutia-se os locais de prova. O inconformismo com a distância era visível, e uma dose de preconceito não mantinha o disfarce.

O mal do ser humano é criticar, fantasiar, imaginar ou seguir preceitos daquilo que desconhece. É aí que entra a importância da desmistificação. O mito da periferia só é derrubado quando se tem contato com aquela realidade, quando se conhece o contexto e é sensível para entender aquelas pessoas. Claro que no Itajaí tem violência, bem como no Taquaral e no Cambuí.

Naquela “estrada” que liga as “duas campinas” chamou-me atenção a arborização planejada nos canteiros, embora mais ainda, surpreendeu-me a mata às margens da pista. Vez outra uma rua arterial de terra desviava meu olhar, ou mesmo uma casa mais humilde ou, dando sinais de urbanização, desconcentrava-me muros pichados, comuns, inclusive, no centro da cidade.
Ir reto, sempre reto, foi o conselho, não tinha como errar. Estava curiosa, queria desvendar aquela outra Campinas. Assim, os trinta minutos de “viagem”, tornaram-se cinco insuficientes minutos de ansiedade. Como será essa outra Campinas? Como são as pessoas de lá? As casas, os mercados? Será que têm shopping, bancos? Será mesmo perigoso? Devo levar meu celular, carteira? Tantas perguntas... Vãs perguntas! Por que ninguém me avisou que a outra Campinas nada mais era que a minha Campinas!

Comemora-se a queda do “Muro de Berlim”, porém o triste é saber que não desaprendemos a construir muros, nem pegamos a façanha de destruí-los. A Anhanguera, embora física, ganha conotação de barreira simbólica, separando uma cidade, em duas realidades. Estas barreiras são impregnadas de preconceito, e por preconceito subentende-se desconhecimento. Uma cidade singular como Campinas, com certeza tem suas pluralidades. E para percebê-las basta conversar com seu vizinho. O meu gosta de ouvir rock, enquanto sou amante de sertanejo, exemplo claro de que não precisamos cruzar a Anhanguera para encontramos divergências ou realidades distintas.

Bom, voltando a minha experiência no “lado lá”... Nas ruas o que vi foram muitos carros, muitas pessoas, dando a impressão de um grande centro comercial. Mercados, açougues, padarias e praças lotadas de gente. Nada diferente do habitual do “lado de cá”. Casas grandes, outras pequenas, algumas pintas, outras grafitadas e algumas implorando por reforma. Nada que me surpreendesse. No local da prova um muro muito pichado cercava a escola. Lá dentro um verde oliva harmonizava as paredes, conservadas, dando impressão de recém pintadas. As mesas e cadeiras compatíveis e adequadas com o ambiente escolar, não dispensavam rabisco, “colinhas”. Nada que do “lado de cá” não nos deparemos.

Mais que automóveis, comércio e estruturas físicas, encontrei pessoas campineiras, que não negam uma ajudinha, afinal “Alguém sabe onde é a escola Ruy Rodrigues?”. Conversei com gente como a gente, que gosta de “bater um papo” e não economiza no sorriso e gentileza.
Conheci, inclusive, uma garota de dez anos, que me guiou até a escola, mostrou sua casa, o lar de seu tio, a padaria com pãozinho saboroso e o melhor caminho para chegar a Ruy Rodrigues.

Meu objetivo não é amenizar os problemas, nem mesmo as dificuldades daquela população. Até porque este é mais um ponto que os de cá, convergem com os de lá. Afinal, que lugar de Campinas não podia ser melhorado? Quem não tem problemas? O do Itajaí os tem, bem como o do Gramado.

Essa visão ganhei ao conhecer uma cidade igual a nossa, aliás ao conhecer melhor a nossa cidade. A única diferença entre os “de cá” e os “de lá” é que “eles” moram mais longe. Ou será que somos nós que moramos longe? Quem sabe até, somos nós que nos distanciamos. Ou foram eles que preferiram expandir nossa Campinas, com o sonho de uma nova e melhor cidade.
O fato é que tudo é relativo. E segundo os funcionalistas, tudo tem um lado bom. Conehcer o lado de lá foi um ponto positivo da prova do Enade, mesmo tendo que responder que a culpa é mídia, e que "Nosso Guia" sim, entende de marolinhas.
O importante é que mais uma vez comprovei o quanto o Brasil, como um todo, é singularmente plural em sua convergência de diversidades.

sábado, 7 de novembro de 2009

"Quando vocês voltam?"


No final de janeiro, vou para Amazônia. Já expliquei um pouco do projeto em um texto publicado aqui. Resumidamente, um grupo de universitários vai até a Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Biotupé, onde será realizado políticas públicas em benefício às comunidades que ali residem. A essência é “devolver àquela população, o que já é deles.” A ferramenta usada é DRP, que considera os desejos das pessoas, a partir dos quais elabora-se possibilidades.
O desafio é derrubar o mito do assistencialismo, ou de projetos pré-elaborados, nos quais pesquisadores vão até a região carente já com objetivos traçados, medidas determinadas e impõe o que consideram ideal à comunidade, porém se esquecem do principal: ouvir o que aquelas pessoas almejam e a viabilidade de atender tais pretensões.
Destaca-se a importância de que a população a ser atendida tenha autonomia de ideias, autodeterminação e também a liberdade para realizar os projetos. Afinal, é o ferido que sente a intensidade de sua dor. Ou, sem metáforas, só quem vive as dificuldades reais, conhece suas prioridades e tem ciência das alternativas viáveis.
É neste sentido que desenvolve-se o Projeto Biotupé, com base em redes sociais, multidisciplinaridade e ferramentas voltadas para entender e atender as necessidades humanas.

Estamos próximos do Natal, época de trocar presentes, muita fartura, reunião familiar, alegria, brindes, comemoração. Infelizmente, não é este o Natal que todos conhecem (confira post “A insensibilidade sensacionalista”). Porém deve-se lembrar que a real essência é o nascimento de Jesus. Não é bem isso que quero ressaltar, porém não desconsidero a importância.

A questão é que na época natalina, muitas ações solidárias afloram na sociedade. ONGs, campanhas, famílias e grupos unem-se com objetivo de proporcionar uma ceia mais feliz. Comunidades carentes, bairros periféricos, creches, orfanatos, escolas públicas, hospitais recebem visitas de solidariedade, que muitas vezes levam presentes às crianças, cestas de alimento aos adultos, proporcionando o clima capitalista do natal.
Não critico estas ações solidárias. Pelo contrário, são atitudes bonitas, que mostram o espírito samaritano, comunitário e receptivo do brasileiro. Quantas meninas não sonham ganhar uma boneca, bem como meninos aspiram por um carrinho? Quantos pais não lutam para dar tais presentes ao filhos? É impagável um sorriso sincero e satisfeito. Estas ações proporcionam isso.
Num primeiro momento, os atendidos perguntam “O que vocês vão nos dar?” E eis que recebem as doações, os embrulhos e toda assistência. O ato de sorrir é involuntário e os lábios abrem-se sem disfarce.
No entanto, a segunda pergunta é inevitável, e mais complicada de ser respondida. “Quando vocês voltam?”. Pode-se responder que voltam no próximo Natal, ou quem sabe no Dia das Crianças. Cruel será o terceiro questionamento: “E até lá, como ficamos?”. A crueldade é tão evidente, que não se encontra palavras capazes de responder.

Outra questão que me intriga é o assistencialismo. Entregar o enlatado é muito mais fácil do que ensinar a produzir o conteúdo. A única coisa que ninguém nos tira é o conhecimento. A assistência muitas vezes depende da boa vontade, dos recursos e em casos extremos, do interesse daquele que atende.

Reafirmo que não se trata de critica, mas sim de preocupação. Políticas públicas que atendam à sociedade têm de ouvir as pessoas, inserir-se naquela realidade, entender as necessidades. Só assim as pessoas poderão andar com as próprias pernas. Só assim o assistencialismo torna-se assistência e o projeto solidário, ganha faces humanitárias.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Respondendo às críticas...


O fascínio da sociedade democrática, bem como da liberdade de expressão, é a divergência de opiniões. Pontos de vistas distintos e ideologias que se contradizem são reflexos de culturas, educação e bagagem social que se diferem. A diversidade é a maior maravilha do Brasil. Poder se expressar é a maior conquista do brasileiro. Discordar é atuar ativamente na sociedade. A troca de interpretações é enriquecedora e acentua nosso direito de expressão. Gostaria de interpretar a metáfora de Lula, a respeito de Jesus, como mero retrato da "política camarada", na qual há necessidade de conversar com todos, porém minha visão de mundo não permite. Um presidente que critica intermediários, algo tem para esconder. Intermediar é servir como ponte. Poucos têm acesso ao que acontece na política, e é aí que entra o papel fundamental do jornalista, de informar e sim, de fiscalizar esferas públicas. Criticar uma classe profissional, sobre argumento de serem formadores de opinião é extremamente vago e explicita o gosto que o presidente tem por uma sociedade passiva, que recebe enlatados por osmose. Nesta sociedade, fruidores como Di Franco não tem vez, pois revelam que "Lula manifesta crescente desconforto com aquilo que é rotineiro em qualquer democracia: o necessário contrapoder exercido pela imprensa".

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Minha casa, minha vida


Dizem que quem casa, quer casa. Hoje, fiquei emocionada com um casal de pombinhos, no sentido literal da palavra.

Na correria do dia a dia, muitas coisas passam imperceptíveis. Tal distração nos torna analfabetos, desconhecedores das façanhas da natureza. A mais bela e sábia escola, criada por Deus, é ignorada, ou sequer lembrada ,por nós, meros integrantes desta grande família natural.
Com argumento de que o ser humano é o único animal racional, capaz de se comunicar, criar e utilizar ferramentas, sentimo-nos auto-suficientes, e os demais animais da fauna e toda flora, não passam da bela decoração que nos foi dada, muito embora, por alguns já seja considerada antiquada, e portanto substituída por artigos artificiais. Grama sintética é um exemplo... Pode uma coisa dessas?

A nossa sorte é que a natureza é persistente, tem garra e força. Com um olhar atento e sensível, encontramos plantinhas lutando pela vida em meio ao asfalto da cidade. E como contradição, nos deparamos com homens desistindo do vital, se entregando às drogas e marginalidade. Com um pouco de atenção vemos a importância das árvores, que além de nos fornecer sombra, muitas vezes nos fornece o pão, quero dizer, o fruto. Enquanto isso, o que nós, seres racionais ofertamos? Se nos atentarmos, vamos ver a força da formiguinha, capaz de carregar sobre si, folhas com triplo de seu tamanho. Paralelamente, vemos gente que se nega a encarar trabalhos mais árduos, se coloca na situação de vítima e contenta-se em receber auxílio do governo, afinal hoje é mais fácil “dar o peixe, do que ensinar a pescar.” Na natureza, também encontramos artistas. A aranha faz sua teia, o joão-de-barro sua casinha, os passarinhos e pombinhos, seus ninhos. E foi esta a arte que me encantou.

A experiência é simples. Desconecte-se dos problemas. Esqueça dinheiro. Apague da memória as responsabilidades. Limite-se a olhar ao seu redor.
Foi o que fiz hoje. De fato, tinha prova para estudar , script para revisar, textos para ler e faculdade para pagar. Porém, meu limite foi fitar as redondezas.
Texto nenhum proporcionaria-me tamanho bem estar e conhecimento. Script algum seria capaz de relatar aquela essência. Textos não descreveriam a emoção do momento. E nem todo dinheiro do mundo compraria aquela cena.

Pode parecer patético, mas eu nunca tinha visto pombinhos construindo seu ninho. Um casal, muito bonitinho, por sinal. O terreno era pequeno, mas a vontade de ter a casa própria vencia qualquer obstáculo. Enquanto um escolhia as melhores varetinhas, o outro as arrumava, numa arte construtora, quase musicalizada. As dificuldades não tardaram. Alguns galhos caiam, e a construção recomeçava. Juntos e unidos, o ninho ganhava a forma. E o sonho se concretizava. Dizem que a união faz a força. Este é o maior exemplo disso.

Infelizmente, a professora cobraria conteúdo na avaliação. Como editora, os scripts precisavam estar prontos. A leitura é indispensável, seja de um jornal ou livro. E a mensalidade da Universidade estava próxima do vencimento.
Meu olhar estático, tornou-se multifocal novamente. Os pombinhos continuaram na árdua, porém recompensadora tarefa. Voltei para minha realidade. As responsabilidades são inevitáveis, os problemas tem que ser resolvidos e o dinheiro faz parte de nossa sociedade capitalista.

Eu aqui, o Lula lá e os pombinhos no seu ninho. Será que já acabaram a construção? Será que desistiram? E se o vento ou a chuva destruir tudo? Ainda bem, que eles, diferente de nós, que dependemos de governos e instituições, são dependentes da natureza, e por elas prezam e respeitam. A natureza é um bem divino e nunca falha, faça chuva, faça sol. .

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Na minha época, PIG era porco em inglês...

Recebi algumas sugestões de postagens, bem como críticas de alguns textos já publicados aqui. As sugestões me norteiam e as críticas estimulam-me a defender com maior pertinência minha ideologia.

Sugeriram-me escrever sobre o PIG (Partido da Imprensa Golpista). Embora seja bem mais propício ler um artigo de Paulo Henrique Amorim sobre o assunto, ouso-me fazer algumas considerações.
Para os adeptos da denominação, veículos como Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo, Veja, Época e Rede Globo integram o Partido Golpista. Meu jornal é a Folha, minha revista a Época. Para mim pig é porco em inglês.
Evidentemente que cada meio de comunicação tem sua linha editorial e segue uma ideologia. Ninguém é obrigado a ler o Estado, ou assistir a Rede Globo. Lê e assisti aquele que se identifica. Na banca há outras opções, bem como no controle remoto.

A principal crítica sobre o PIG é, resumidamente, que está “imprensa golpista” maneja as informações, distorce, é parcial, com objetivo principal de derrubar o governo Lula.
Como futura jornalista sei da importância de um Jornalismo ético e de qualidade. Para muitos, a imparcialidade é utopia, até porque carregamos conosco características culturais, sociais, geográficas, repertórios, que nos fazem diferentes e nos permite visões críticas e distintas. No entanto, o Jornalismo em sua essência é aquele que, como ressaltado por Valter Sena (Confira o áudio abaixo), não carrega nas tintas e sempre ouve os dois lados. Este é o Jornalismo que acredito, este é o Jornalismo que prezo e que luto para elucidá-lo.
A notícia é o fato, o que aconteceu, isenta de adjetivos, livre de interpretações. Porém, o Jornalismo não resume-se à informação, tampouco a fiscalização. O Jornalismo mantém-se com crônicas, editorias, artigos e estes tem por essência a opinião daquele que escreve, é autoral. Adoro Jabor, Lya Luft, Torquato, Dines, Dimensteim, Eliane Cantanhêde, Roberto Romano e tantos outros. Leio porque gosto das considerações destes, seus pontos de vistas, análise pessoal. Quando quero informações sou cuidadosa na busca da fonte, procuro veículos de credibilidade, com agências noticiosas reconhecidas, e não há dúvida da credibilidade da Folha, da Veja, Época...

Lulistas, petistas, ou críticos da PIG podem e vão contestar a credibilidade dos veículos aqui citados, no entanto, proponho uma reflexão.
Semana passada, nosso querido presidente, concedeu uma entrevista à Folha de S. Paulo (inclusive, excelente matéria, tanto pela pertinência das questões levantadas pelo jornal, como pelas respostas do “cara”).
O ex-metalúrgico, capaz de colocar o Brasil como sede da Copa e das Olimpíadas, com 80% de popularidade, craque nas metáforas, carismático, que nunca sabe de nada, amigo de Chávez, de Sarney e de tantos outros nomes insuspeitos, não seria tão ingênuo, a ponto de conceder entrevista a um veículo sem credibilidade, que falte com a ética, que distorça informações ou maquie dados. Lula, mesmo estando acima do bem e do mau, não confiaria suas nobres palavras a um veículo que, para muitos, insiste em depredar o governo petista. O presidente, sob esta ótica, estaria aliando-se a inimigos. Se bem que, partindo de alguém capaz de fazer aliança com Judas, nada se duvida, nada se questiona. Apenas informa-se, apenas fiscaliza-se.

domingo, 1 de novembro de 2009

A insensibilidade sensacionalista


É difícil tocar o coração, sem apelar ao sensacionalismo. O documentário “Eles não vão a Daslu”, tocou meu coração, mas para muitos produziu apenas o efeito “sensacional” explorado pelos vídeos e pela TV. Ingenuidade de minha parte? Insensibilidade da parte deles? Difícil saber. A questão é que o filme retrata a realidade de dois catadores de lixos recicláveis. Curiosamente, essa semana, Lula se reuniu com um grupo de catadores, aproveitando a ocasião para criticar jornalistas, mas isso não vem ao caso.(Confira post “Ah, esse presidente...”).

Dona Eunice, 42 anos, representou uma dura realidade. Muitos filhos, baixa instrução, expressão facial sofrida, muita força nos pés e nas mãos. Frases curtas, palavras tímidas, porém suficientes para expressar a vida difícil que a senhora, ironicamente, desfruta: “Minha filha tem vergonha de mim.” No entanto, nas entrelinhas das frases há vestígios de esperança, e retratam que a felicidade não é utopia: “Fico alegre quando consigo encher meu carrinho.” E pensar que arrancar um sorriso muitas vezes é tão difícil...
Eunice, com toda simplicidade e humildade, demostrou minha fragilidade, impotência e alienação. O que posso fazer para reverter esta realidade? Como posso ajudar essa mãe batalhadora? Nestas situações sinto-me tão pequena, fraca e sem utilidade. Ajudo como posso, mas infelizmente não posso o tanto que Eunice necessita. O pior é que não se trata de um ou dois casos, é uma realidade que atinge muitas famílias. E o que mais me causa indignação é que, quem pode ajudar, tem o poder e recursos para isso, não o faz.

A catadora de lixo também despertou em mim um sentimento de culpa. Eunice, com olhar triste fitando seus filhos, disse: “O dia que a gente mais sofre é o Dia das Crianças, a Páscoa e o Natal”. Como assim, “mais sofre”?
O Dia das Crianças, não é quando os pequeninos ganham presentes? Na Páscoa não nos esbaldando em chocolate? E o Natal não é o momento que reunimos a família, trocamos mimos, brindamos, sempre regados à muita fartura? Questionei-me: “Onde há sofrimento nisso tudo?”. Infelizmente, de forma rápida, veio-me a resposta.
Sofre-se no dia 12 de outubro quando o salário é insuficiente para comprar uma boneca ou um carrinho. Há sofrimento na Páscoa quando a compra de um ovo de chocolate, compromete a aquisição do arroz e feijão para mês. Nos deparamos com sofrimento no Natal, quando a família esta desestruturada, os mimos são inacessíveis, os brindes supérfluos e o décimo terceiro é incapaz de suprir a fartura.

Não sei até que ponto, assistir essa história em uma tela de alta definição, no conforto do estofado, ao som de home theater, segurando um balde de pipoca, pode ser comovente. Muitos do que assistiram o documentário comigo não se sensibilizaram, e estou ciente de que não será este texto o fator sensibilizador. A história, de fato, não é novidade para ninguém, afinal, quantas donas Eunice não acordam antes do sol nascer para garantir o sustento dos filhos?
O problema é que conhecemos tais histórias, mas não as consideramos. Ouvimos sem escutar. Vemos sem enxergar. Encaramos-as como uma realidade distante, mas nunca nos preocupamos em perguntar se nosso vizinho precisa de algo. Somos reféns do comodismo e do conformismo. Podemos até derramar lágrimas de comoção, mas somos incapazes de abrir mão de regalias desnecessárias.

Enquanto nos banhamos em excessos, muitos sofrem com o insuficiente. Enquanto queremos um buquê de flores, muitos contentam-se com a rosa do jardim da praça. Enquanto somos egoístas, há aqueles que dividem um pão, em quantos pedaços forem necessários. Enquanto comemoramos, Eunice e seus filhos continuam sofrendo...

Tudo que escrevi não muda a realidade. As palavras, infelizmente, não têm essa façanha. Frases bonitas não matam fome, nem transformam sofrimento em comemoração. Sozinhos, não somos capazes de cultivar uma floresta, nem incapazes de plantar uma árvore. Não somos capazes de erradicar a pobreza, tampouco incapazes de partilhar um prato de comida.

A história do Rádio e o Jornalismo de Qualidade, por Valter Sena

Este trabalho foi realizado na disciplina de Planejamento em Jornalismo, e conta a história do Rádio, curiosidades sobre o veículo estudado, a CBN Campinas, e tem ainda uma entrevista exclusiva com o âncora da CBN Campinas, Valter Sena.
Fizemos uma espécie de programa radiofônico com informações, curiosidades, dicas, sugestões e esclarecimentos para alunos de jornalismo, jornalistas e para aqueles que prezam por um jornalismo ético e com credibilidade.

Infelizmente, não tenho recursos técnicos de alta qualidade, o que compromete um pouco o áudio. Espero que gostem e atentem-se a entrevista com Valter Sena.