quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Imensidão Azul
O último Café da Abrange do ano de 2009 teve como tema as Redes Sociais, que se destacam principalmente no Estados Unidos e no Brasil, sendo que aqui, 25% do tempo gasto “online” é usada na visualização de perfis ou na configuração destes.
As redes sociais sempre existiram, sendo que a digitalização ampliou tal aspecto, seguida da desmaterialização, levantando a tendência ao relacionamento, contraposta à propriedade.
Com todo avanço tecnológico temos uma mudança geracional, que acarreta em mudanças comportamentais e sociais. As pessoas que nasceram junto com a Internet, começam a ingressar nas Universidades, o que leva à mudança a postura, inclusive em sala de aula, já que os professores acabam aprendendo com seus alunos, o que é interessante pois proporciona uma “troca” de saberes.
Essa juventude está inserida no mundo digital e caracteriza o mundo globalizado que exige rapidez, agilidade e interação, supridas pela Internet.
Junto com a instantaneidade e com a interação que o veículo permite, há uma produção enorme de notícias, num espaço em que todos podem participar, com discussões abertas, acesso a textos, livros, vídeos e imagens, de forma gratuita ou a preços ínfimos. O grande problema é que todo poderio da Internet não garante, muito menos elucida a credibilidade, o comprometimento com aquilo que é publicado, a responsabilidade dos autores, já que muitos, inclusive, escondem-se no anonimato, ou mentem sua identidade. É um ambiente perigoso, mas extremamente tentador. Como define Fábio Cipriani, é um Oceano que causa medo, tamanha sua extensão e “rapidez das águas”, porém o azul encanta e fascina.
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Na rede tudo é copiado, qualquer tipo de mídia, seja som ou imagem é propagando por um único meio. Nesta máquina de copiar o profissional de comunicação perde-se no oceano. O jornalista, enquanto intermediário morre sem ar, tamanho grau de oxigênio que toda população suga desta imensidão azul. Através da Internet todos surgem na intermediação de notícias, divulgação de fatos, como geradores de conteúdo, num ambiente sem controle do Estado, nem da imprensa. O canal que antes era de domínio dos jornalistas, abre-se para o mundo.
O profissional de jornalismo perde sua função de intermediar, bem como, recentemente, perdeu sua capacidade de formar opinião. Passa-se por uma situação desafiadora. A imprensa além de receber críticas de líderes governamentais e ser amordaçada com a censura, passa ter como concorrente a Internet.
Cogita-se o fim do jornal impresso, verifica-se declínio nas audiências televisivas e radiofônicas. O Jornalismo tradicional já não supre a demanda da sociedade, abrindo uma lacuna para o sucesso da Internet. É praticamente impossível fazer Jornalismo sem recorrer aos recursos eletrônicos. A rede digital veio para agregar agilidade à produção noticiosa. O grande receio é que tal complemento aos veículos tradicionais acabe substituindo estas velhas mídias.
A convergência digital é inevitável, enquanto o futuro da profissão jornalística é imprevisível.
Resolvi relatar essas considerações após a PEC que defende a exigência do diploma para jornalistas vencer seu primeiro round. Junto à vitória, o Google divulgou que vai limitar o acesso gratuito a notícias, que se dava através do Google News. Rupert Murdoch, dono do “Wall Street Journal” acusou o Google de “roubar” conteúdo jornalístico da mídia impressa. A empresa de tecnologia ganha dinheiro com publicidade, e ao se apropriar dos conteúdos de grandes jornais, não gasta um centavo na geração noticiosa.
Estes dois pontos foram noticiados hoje na Folha de S. Paulo e se um faz ressurgir a esperança de ser jornalista de formação, o outro afronta a Internet, que ao contrário do que se acredita, não será o centro do Universo, mas sim, terá que conviver com as outras mídias.
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