sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Ah, esse Presidente...


“Nunca antes na história” eu fiz algo assim. Aproveito este espaço para analisarmos algumas frases do “cara”, proferidas em 2009. Luís Inácio Lula da Silva usa frases impactantes, metáforas e outras figuras de linguagem. É inegável a esperteza do presidente. O que causa dúvida é a esperteza, ou amenizando minha crítica, a lucidez dos 85% que aprovam Lula.

Seguem algumas citações:

- “Máquina pública é extraordinária, porém ineficiente.” - Ineficiência extraordinária?
- “Os empresários têm tanta obrigação de ser brasileiros e nacionalistas quanto eu.” - Claro, ser “lulista” também deve ser bom pré-requisito.
- “Se vocês não gostam de política, acham todo político ladrão, que não presta, não renunciem à política. Entrem vocês na política porque, quem sabe, o prefeito que vocês querem está dentro de vocês.” - Porém, não relutem, pois o presidente que vocês querem, claro que é Luís Inácio.
- “Nada é mais fácil do que atribuir aos outros a culpa por seus próprios problemas” - É presidente, assumir os próprios erros é difícil, melhor ficar no “não sei de nada”.
- “Quando está todo mundo no hospital, fica todo mundo mais humilde.” - Ainda bem que há males que vem para bem...
- “Eu acho que Chávez fez um gesto de gentileza. Só lamento que ele não tenha título de eleitor para votar na Dilma.” - E não é que o presidente é mesmo “amiguinho” do venezuelano.
- “A gente não tem que olhar quanto vai gastar, tem que olhar quanto a gente vai ganhar.” - A confiança do presidente é invejável, pena que ele coloca em risco 190 milhões de brasileiros.
- “Principal animal em extinção é o ser humano.” - Pois é, deve ser por isso a extinção da ética, credibilidade, comprometimento, transparência...
- “Esse negócio de Conselho de Segurança está como uma fruta madura[...] passando do ponto de colher e daqui a pouco ela cai.” - O presidente valorizou tanto uma cadeira no Conselho e agora cospe no prato?
- “O que é triste é isso, vai passando o tempo, as pessoas não falam, ficam mudas, e quando vai chegando perto das eleições as pessoas começam a preparar o discurso para campanha.” - O problema não é preparar o discurso, o grave é fazer campanha antes do tempo, e ter o cinismo de negar isso.
- “Sou amante da democracia e da liberdade de imprensa.” - Hum... preciso comentar?
- “A maior alegria que tenho é que leitores, ouvintes e telespectadores são os únicos censuradores que admito nos meios de comunicação.” - Agora está explicado a censura ao Estado. Apesar de filho do Sarney, Fernando Sarney é também leitor, ouvinte e telespectador.
- “Não acho que o papel da imprensa é fiscalizar. É informar.” - Escrevi um post sobre isto. (Confira abaixo: “Informação não fiscalizada”).
- “É preciso parar com essas mania de entender que só o presidente da República tem responsabilidade com Brasil. Os 190 milhões também têm.” - O Brasil é responsabilidade dos brasileiros, Lula tem toda razão. Mas o poder está nas mãos de poucos, a decisão é tomada por uma classe dominante. Podemos culpar os 190 milhões por isso?
- “A dona Lina é dona da sua consciência. A dona Dilma é dona de sua consciência.” - Lula da Silva é dono de sua consciência. Desta, estamos livres.
- “Eu gostaria de subir num palanque só. É difícil subir em dois. Se isso acontecer, há risco de eu não subir em nenhum.” - O ex-metalúrgico sem palanque, não é aquele ex-metalúrgico que conhecemos.
- “O eleitor destas pessoas (Sarney, Renan, Collor, Jader Baralho) é tão bom quanto ele.” - Não precisava ser tão agressivo senhor Presidente. O senhor, que é o senhor erra. O povo também comete equívocos. O problema é que os fazem na hora de votar. Mas isso é reversível.
- “Quando se chega à Presidência, a responsabilidade nas suas costa é de tal envergadura que você não tem direito de ser pequeno.” - Mas daí julgar-se acima do bem e do mal, já é um certo exagero, não?
“No próximo aniversário, eu, se Deus quiser, estarei comemorando a eleição dela [Dilma].” - O mais certo não seria estar comemorando o desenvolvimento do Brasil? A frase ficou individualista, impregnada de interesses próprios. E como ficam os “companheiros”?

As frases são tantas. Minhas indignações as sucedem.

Num recente post, comentei sobre a provável aliança entre Jesus e Judas (confira abaixo “Metaforicamente falando...”), que inclusive foi publicada na Carta do Leitor do Correio Popular, na terça-feira (28/10). Hoje, recebi uma crítica na mesma editoria do jornal, de um outro leitor. Fiquei surpresa com a repercussão e agradecida por tal. Os pontos de vistas diferentes enriquecem-nos.

As frases citadas acima me indignaram. Mas a citação noticiada hoje me decepcionou, causou-me repúdio. “A figura do chamado formador de opinião pública, que antes decidia as coisas neste país, já não decide mais[...]o povo não quer mais intermediário, este povo tem pensamento próprio”, disse o presidente num evento que reuniu catadores de lixo reciclável. A afirmação causou alvoroço, e um grupo de jornalista foi vaiado por três mil catadores.
O “cara” desmoralizou a figura do jornalista. Tal desmoralização ataca explicitamente a ética. Desmoralizar o Jornalismo é contrariar a democracia.
É assustador o nível de contradição de nosso presidente. De acordo com Lula, aqueles que antes deveriam informar, hoje não servem sequer como intermediários.
Os jornalistas têm o dever de transmitir a realidade, dar acesso à informação, que subentende a fiscalização e checagem da notícia. O Jornalismo é a ponte entre a sociedade e os poderes públicos.

O presidente está bem incomodado com a imprensa. E isto é bom sinal. Aliás, não poderia haver melhor elogio para os meios de comunicação, afinal, como citado em recente Editorial da Folha de S. Paulo: “Não haveria melhor forma de elogiar os meios de comunicação do que as indignações de tantas figuras insuspeitas.” Não sei porque, mas para mim, Lula é um tanto quanto “insuspeito”.

13 comentários:

  1. isso nao é imprensa,é um partido.o partido da imprensa golpista,que quer derrubar o lula de qualquer jeito.visitem o site do Paulo Henrique Amorim,Nassif,Azenha e vcs entenderão...

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  2. Primeiro, seria interessante que o "Anônimo" se identificasse, o debate teria mais credibilidade. Porém, se a crítica de PIG cai sobre meu artigo, acho que o Sr(a). Anônimo não entendeu. As frases reproduzidas foram ditas pelo próprio presidente. Eu simplesmente as interpretei. Como temos mundos, culturas e repertórios diferentes, as interpretações são distintas. Mais que criticar, enquadrando na PIG, seria interessante comentar seu ponto de vista, e quem sabe reinterpretar as frases...

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  3. E quantas vezes a imprensa desmoralizou não só o atual presidente Lula, mas a democracia brasileira de maneira geral, ao ajudar a eleger marajás, ocultar as "Diretas Já", apoiar o Golpe de 1964, inventar notícias e opiniões inexistentes de pessoas influentes a cada eleição? Acredito que o Lula ficou calado muito tempo, ficou sete anos sendo agredido sem responder à altura. Não entendia o por quê do silêncio, mas o certo é que agora ele resolveu quebra-lo. E na verdade isso é o melhor para a democracia. Briga em que apenas um bate não é briga, é covardia. E ainda acho que nosso presidente está correto ao dizer que os eleitores não precisam de intermediarios, referindo-se aos jornalistas. Não é dever dos veículos de imprensa ser cabo eleitoral de partido e/ou candidato nenhum. E infelizmente é isso que acontece. Jornalismo imparcial é utopia, mas defender um lado faltando com a verdade é anti-ética.

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  4. uma imprensa que contribui financeiramente para campanha política mostra que tem rabo preso com esse político, logo se esse político fizer algo errado eles nao iram falar nada. Seria por causa disso que a dona Veja do sr. Civita não fala nada do gov. Serra, já q o sr. Civita contribuiu pro sr. vice-governador Alberto Goldman qdo foi candidato à Câmara?

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  5. Ainda bem que somos livres para dizer o que bem entendemos. Lula, mais do que ninguém está em seu direito. Com a liberdade de imprensa, tão defendida pelo presidente, os veículos de comunicação também são livres e ninguém é obrigado a lê-los. Se não concordo com a linha editorial de determinado veículo, simplesmente não o leio, pois o mesmo não atenderá minhas expectativas. Dizem que a mídia quer derrubar Lula, mas esta mesma mídia, publica contra PSDB a má qualidade do Ensino no Estado de SP, por exemplo. A mídia noticia, informa. Lula disse essas frases, e a Folha publicou..O q há de anti-ético nisso??
    O Jornalismo de qualidade é de fato o que ouve os dois lados, e não carrega para nenhum deles. É este jornalismo que prezo e tenho certeza que Brazão e Moreira também. Para Bruno a imparcialidade jornalística é utopia. Pode até ser. O que podemos fazer é seguir conselho de Marina Silva e transceder as utopias, sempre prezando o jornalismo que acreditamos e vamos fazer.
    Sem intermediários, as informações e notícias não chegam à população. Sem intermediários, eu, Brazão e Moreira somos futuros desempregados e a democracia corre sérios riscos...

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  6. Publicar é uma coisa. Como publicar é outra. A SSP divulgou sexta-feira os dados da violência em SP. Resultados assustadores, aumentos significativos em TODOS os tipos de crime. Folha e Estadão quase esconderam essas informações entre os classificados. E por isso que questiono os intermediários. Eu, enquanto defensor da democracia, não me sinto de forma alguma bem intermediado por um veículo historicamente apoiador da repressão militar e das oligarquias. Papel de jornalista não é intermediar, é informar e fiscalizar. Intermédio me lembra lobby e não gosto da forma como ele praticado no Brasil.

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  7. Como disse o Casa: Papel de jornalista não é intermediar, é informar e fiscalizar. Intermédio me lembra lobby....(que é proibido no Brasil #Absurdo)
    Sou contra esse negócio de "formadores de opinião".. o povo deve formar a sua própria opinião...

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  8. Intermediar, para mim, é servir como ponte. Intermediários possibilitam que a população tenha acesso ao que está acontecendo. Não adianta ter informação e fiscalização, se o povo não tiver acesso a elas.
    Quem muito teme esses intermediários, com certeza algo têm para esconder.
    Intermediário é simplesmente o que estabelece comunicação entre pessoas. O lobby sem dúvida é um absurdo, mas acho que não vem ao assunto.
    Devemos sim, zelar pelos intermediários de qualidade e credibilidade. A função deste é crucial.
    Lula também é um formador de opinião, não vejo o que há de errado nisso. Todos temos capacidade de ser formadores. E é nossa bagagem cultura, conhecimentos que vai fazer-nos acreditar, desacreditar, concordar ou desaprovar o que o formador de opinião nos coloca...

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  9. foi com a idéia de intermediar e de formar opiniões que o diploma caiu, prá que diploma se não tem capacidade de entender, quer intermediar, formar opinião, isso me parece mais trabalho para cabo eleitoral.

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  10. Acho que é o diploma, não a garantia, mas o que dá credibilidade e capacidade para entender, intermediar e formar opinião. Sr. Anônimo com certeza não frequentou uma faculdade de Jornalismo, por isso, sugiro que não falar daquilo que desconhece. Temos aulas voltados para ética, planejamento e técnicas, tudo para um Jornalismo de qualidade, se os alguns alunos não seguem a risca, eles mesmo estão perdendo.
    Jornalismo é difícil de fazer, posso garantir-lhe.
    Quem não é formador de opinião é passivo na sociedade, assimila por osmose... Quem dera todos fossem formadores de opinião... Não entendo a comparação com cabo eleitoral, me desculpe.
    Di franco foi certeiro: "Lula manifesta crescente desconforto com aquilo que é rotineiro em qualquer democracia: o necessário contrapoder exercido pela imprensa".

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  11. Foi exatamente o que eu disse, cara politiqueira, vc não está apta a interpretação política, e não sou eu quem falo, são as suas escritas que te condenam, começando pela metáfora que tentou interpretar, para ser intermediária e formadora de opinião que não leva a nada,não precisade fazer faculdade de jornalismo, foi exatamente isso que escrevi, mas como vc prefere fazer suas interpretações..não tenho dúvidas nenhuma quanto ao curso de jornalismo, realmente a proposta de ensino é muito rica, principalmente ética, falando nisso já que vc disse que faz o curso pq não aproveita e aprende ética, assim vc aprende o que é debate, diferente de ataque, o que vc fez com comentário anterior.

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  12. Meu caro Anônimo, se tem alguém errado aqui, este é você. Antonio Brazão e Bruno Moreira se identificaram e assim sim nós temos um debate limpo, já que é o que o senhor defende. Eu penso desta forma, ninguém vai. Para mim não existe certo ou errado, apenas ideologias diferentes. O que você tratou como ataque, foi simplesmente uma sugestão... "Me assustam os comentários que qualquer um pode ali postar, sem dar seu nome, escrevendo as coisas mais disparatadas ou violentas" (Lya Luft)
    Eu tenho coragem de dizer o que penso através de minha identidade. Se o senhor precisa se esconder atrás do anonimato, sinto pena... Aliás, sempre estou aberta ao debate, mas se para o senhor não passo de uma politiqueira, sugiro que mude de blog, mude de fonte, pois nada terei a acrescentar-lhe.
    Em momento algum faltei com a ética. O que ataca a ética é manter-se na "capa repulsiva do anonimato".

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  13. Anonimato não dá. Quem quer discutir precisa dar a cara pra bater.

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