sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Nacionalidade: Brasileiro

Ontem, (post abaixo) ressaltei a importância da população considerar os fatos de corrupção e farra nas nossas Instituições, para que tais escândalos não se resumem ao alvoroço momentâneo, e as punições apareçam. Não espero que a Justiça puna. Não exijo tanto esforço. Porém, torço para que nós, eleitores saibamos usar nossa principal arma: o voto.

Realmente, fico indignada com o descaso que muitos políticos têm sobre a população. O caso Sarney, foi um grande exemplo disso, demostrou o cinismo e a falta de consideração com o povo brasileiro. Fiz minha crítica. Estou em meu direito. E reafirmo: fui, sou e continuarei sendo a favor do #ForaSarney!
No entanto, sou capaz de reconhecer quando alguém que errou está certo. Inclusive, modéstia parte, encaro, esta minha “capacidade” de assumir quando um adversário foi melhor no jogo, como uma grande qualidade, ou até uma virtude, afinal criticar é muito fácil. Entregar seus próprios erros ou valorizar a atuação positiva do time oposto é bem mais difícil...
Pois bem, José Sarney, ontem criticado, hoje merece os parabéns pela coluna na Folha de S.Paulo. Soube elaborar uma bela frase, sobre um tema interessante. Um ponto favorável ao Sarney. Todavia, não vamos detalhar os pontos que o desfavorecem, até porque seria uma disputa desleal.

“O sonho racista dos século XXI do branqueamento da população cede ao forte sangue da miscigenação, cada vez mais presente no brasileiro.” Felizmente, o presidente do Senado (contra minha vontade, mas...) tem razão. Dados do IBGE comprovam que a população do Brasil tem maioria parda e negra.

A miscigenação é a obra de arte que homem e mulher realizam em parceria. Nós, brasileiros temos a honra de ter excelentes artistas. Nosso povo tem características próprias, e dentro da condição de filhos do Brasil, são caracterizados com particularidades.
Conhece-se o brasileiro pelo seu sorriso, alegria de viver, sua hospitalidade, acolhida, simpatia, o samba no pé, até porque, como disse Juan Arias, o Brasil tem “vocação inata à Felicidade”. Em contrapartida, dificilmente, o brasileiro é reconhecido pelos olhos azuis, pelos cabelos escorridos e pretos, ou simplesmente através da textura homogênica de uma pele negra. O brasileiro pode ser tudo isso, ou nada disso.
Aqui, Maria é filha de João, descendente de africanos, e de Carmem, filha de italianos. Casada com João bisneto de árabes. Maria é morena, e tem os olhos verdes. Seus filhos têm traços muçulmanos, porém o gosto italiano pela massa, está no sangue. Maria gosta mesmo é de comida japonesa. Já João é viciado em fast-foods. São todos brasileiros. E é exatamente esta essência do Brasil. Deve ser por isso que somos o povo mais feliz do mundo!

Muitos falam da nossa biodiversidade, nossas riquezas naturais, nosso clima, toda exuberância, marcada por diferentes tipos de solo, diversas plantações. Fomos presenteados com enorme variedade de plantas e animais, todos sabem. Porém, nosso maior presente é a variedade de cultura, de crença, de cor, de sotaque, de trejeitos, os quais devem ser valorizados e conservados. É essa a riqueza do povo brasileiro. É essa, a nossa “Identidade”.

Nas aulas de História, quando estudamos a colonização portuguesa no Brasil, destaca-se a dizimação das populações nativas, a agressividade dos portugueses. Uma barbaridade, não pode-se negar. Porém dificilmente reconhece-se pontos positivos.
Como fui presenteada com “dom” de ver “agulha em galinheiro”, vejo os colonos como os responsáveis pela miscigenação e lhes sou grata por contribuírem para a “formação” de um povo tão bonito e particular. Claro que a mestiçagem tem raízes não muito harmoniosas, muitas vezes reflexo da submissão de índias perante brancos, simples convivência, ou até imposta pela escravidão. É um passado de repressão, infelizmente irreversível. Mas, olhando aquele belo moreno de olhos verdes, ou negro com traços europeus ou quem sabe ,o loiro de cabelos cachados, vemos que um passado inglório, pode anteceder um belo presente (e aqui, entra uma reflexão: nosso presente pode ser o antecedente de um futuro de glória, mesmo com toda essa crise ética e toda essa hipocrisia. O Brasil tem jeito sim!).

Mais que a mistura de traços, fascina-me as diferenças ideológicas. Afinal é exatamente com elas que aprendemos, além de ser a responsável pela convivência em sociedade, a medida que somos dependentes um do outro, trocamos experiências, sabedorias, temos muito que aprender, e muito a ensinar. O ser humano se completa e a diversidade proporciona a socialização, na qual o homem depende e precisa do outro. Viver em comunidade é um grande desafio, mas isso nos dá força para lutar por um país digno de seu povo, além de encher-nos de orgulho ao dizer: “somos brasileiros”.

2 comentários:

  1. Essa menina vai longe!!! Só um porém Gláucia: Sarney sabe o que fala e, mais importante, por que fala! Ele sabe que muitos e muitos eleitores pertecem à classe dos 'miscigenados' (ele até aderiu ao "politicamente correto"!) Sarney não dá ponto dem só. No todo: mais um excelente artigo! Parabéns!!!

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  2. Mais uma vez obrigada =) Com certeza o Sarney sabe o que fala. Por isso mesmo o elogiei no artigo, os quais, inclusive adoro ler... A minha preocupação foi parecer contraditória, pois ontem "critiquei" sua atuação como presidente do Senado, e hoje fiz um texto concordando e achando bem colocadas suas palavras...
    Veluca... fico muito honrada em receber comentários de uma "cientista política" e agradeço as correções, são sempre bem-vindas. Valeu pela força =)

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