
“Nunca antes na história” eu fiz algo assim. Aproveito este espaço para analisarmos algumas frases do “cara”, proferidas em 2009. Luís Inácio Lula da Silva usa frases impactantes, metáforas e outras figuras de linguagem. É inegável a esperteza do presidente. O que causa dúvida é a esperteza, ou amenizando minha crítica, a lucidez dos 85% que aprovam Lula.
Seguem algumas citações:
- “Máquina pública é extraordinária, porém ineficiente.” - Ineficiência extraordinária?
- “Os empresários têm tanta obrigação de ser brasileiros e nacionalistas quanto eu.” - Claro, ser “lulista” também deve ser bom pré-requisito.
- “Se vocês não gostam de política, acham todo político ladrão, que não presta, não renunciem à política. Entrem vocês na política porque, quem sabe, o prefeito que vocês querem está dentro de vocês.” - Porém, não relutem, pois o presidente que vocês querem, claro que é Luís Inácio.
- “Nada é mais fácil do que atribuir aos outros a culpa por seus próprios problemas” - É presidente, assumir os próprios erros é difícil, melhor ficar no “não sei de nada”.
- “Quando está todo mundo no hospital, fica todo mundo mais humilde.” - Ainda bem que há males que vem para bem...
- “Eu acho que Chávez fez um gesto de gentileza. Só lamento que ele não tenha título de eleitor para votar na Dilma.” - E não é que o presidente é mesmo “amiguinho” do venezuelano.
- “A gente não tem que olhar quanto vai gastar, tem que olhar quanto a gente vai ganhar.” - A confiança do presidente é invejável, pena que ele coloca em risco 190 milhões de brasileiros.
- “Principal animal em extinção é o ser humano.” - Pois é, deve ser por isso a extinção da ética, credibilidade, comprometimento, transparência...
- “Esse negócio de Conselho de Segurança está como uma fruta madura[...] passando do ponto de colher e daqui a pouco ela cai.” - O presidente valorizou tanto uma cadeira no Conselho e agora cospe no prato?
- “O que é triste é isso, vai passando o tempo, as pessoas não falam, ficam mudas, e quando vai chegando perto das eleições as pessoas começam a preparar o discurso para campanha.” - O problema não é preparar o discurso, o grave é fazer campanha antes do tempo, e ter o cinismo de negar isso.
- “Sou amante da democracia e da liberdade de imprensa.” - Hum... preciso comentar?
- “A maior alegria que tenho é que leitores, ouvintes e telespectadores são os únicos censuradores que admito nos meios de comunicação.” - Agora está explicado a censura ao Estado. Apesar de filho do Sarney, Fernando Sarney é também leitor, ouvinte e telespectador.
- “Não acho que o papel da imprensa é fiscalizar. É informar.” - Escrevi um post sobre isto. (Confira abaixo: “Informação não fiscalizada”).
- “É preciso parar com essas mania de entender que só o presidente da República tem responsabilidade com Brasil. Os 190 milhões também têm.” - O Brasil é responsabilidade dos brasileiros, Lula tem toda razão. Mas o poder está nas mãos de poucos, a decisão é tomada por uma classe dominante. Podemos culpar os 190 milhões por isso?
- “A dona Lina é dona da sua consciência. A dona Dilma é dona de sua consciência.” - Lula da Silva é dono de sua consciência. Desta, estamos livres.
- “Eu gostaria de subir num palanque só. É difícil subir em dois. Se isso acontecer, há risco de eu não subir em nenhum.” - O ex-metalúrgico sem palanque, não é aquele ex-metalúrgico que conhecemos.
- “O eleitor destas pessoas (Sarney, Renan, Collor, Jader Baralho) é tão bom quanto ele.” - Não precisava ser tão agressivo senhor Presidente. O senhor, que é o senhor erra. O povo também comete equívocos. O problema é que os fazem na hora de votar. Mas isso é reversível.
- “Quando se chega à Presidência, a responsabilidade nas suas costa é de tal envergadura que você não tem direito de ser pequeno.” - Mas daí julgar-se acima do bem e do mal, já é um certo exagero, não?
“No próximo aniversário, eu, se Deus quiser, estarei comemorando a eleição dela [Dilma].” - O mais certo não seria estar comemorando o desenvolvimento do Brasil? A frase ficou individualista, impregnada de interesses próprios. E como ficam os “companheiros”?
As frases são tantas. Minhas indignações as sucedem.
Num recente post, comentei sobre a provável aliança entre Jesus e Judas (confira abaixo “Metaforicamente falando...”), que inclusive foi publicada na Carta do Leitor do Correio Popular, na terça-feira (28/10). Hoje, recebi uma crítica na mesma editoria do jornal, de um outro leitor. Fiquei surpresa com a repercussão e agradecida por tal. Os pontos de vistas diferentes enriquecem-nos.
As frases citadas acima me indignaram. Mas a citação noticiada hoje me decepcionou, causou-me repúdio. “A figura do chamado formador de opinião pública, que antes decidia as coisas neste país, já não decide mais[...]o povo não quer mais intermediário, este povo tem pensamento próprio”, disse o presidente num evento que reuniu catadores de lixo reciclável. A afirmação causou alvoroço, e um grupo de jornalista foi vaiado por três mil catadores.
O “cara” desmoralizou a figura do jornalista. Tal desmoralização ataca explicitamente a ética. Desmoralizar o Jornalismo é contrariar a democracia.
É assustador o nível de contradição de nosso presidente. De acordo com Lula, aqueles que antes deveriam informar, hoje não servem sequer como intermediários.
Os jornalistas têm o dever de transmitir a realidade, dar acesso à informação, que subentende a fiscalização e checagem da notícia. O Jornalismo é a ponte entre a sociedade e os poderes públicos.
O presidente está bem incomodado com a imprensa. E isto é bom sinal. Aliás, não poderia haver melhor elogio para os meios de comunicação, afinal, como citado em recente Editorial da Folha de S. Paulo: “Não haveria melhor forma de elogiar os meios de comunicação do que as indignações de tantas figuras insuspeitas.” Não sei porque, mas para mim, Lula é um tanto quanto “insuspeito”.