Hoje é dia do Ensino Médio no Brasil. Poderia publicar aqui dados, números que mostrem a realidade deste nível escolar. No entanto, a matemática é racional demais, e não tenho muita simpatia pelas áreas exatas. Falar da educação, é falar de pessoas, o que exige humanismo e uma pitada de emoção.
Para dar esse tom mais particular, divido com vocês a experiência que tive em 2008.
Sempre estudei em colégios particulares de Campinas, mas a instabilidade da vida fez com que, no último ano do Ensino Médio, conhecesse a realidade da Rede Pública de Ensino.
O primeiro dia foi de choro. Ficou explicita a realidade da escola, estando visível as dificuldades, os obstáculos e empecilhos, que nós, alunos de escolas públicas, enfrentaríamos. Vestibular parecia-nos uma ilusão, ou um belo, mas longínquo sonho. A solução seria estudar por conta. Dedicar de cabeça nos estudos. Porque depender do Governo, sabe como é...
Recebemos do Estado, parte do material escolar: pasta, canetas, lápis e cadernos. Para “incrementar” o conteúdo dos livros, as disciplinas ganhavam um jornal com conteúdo atrasado, e alguns exercícios, os quais continham muitos erros, ambiguidades e incompreensões. Passado o jornal, começamos a receber revistas de atualidade da Abril. Os exemplares chegavam a nós, após meses empacados nas bancas, tornando-se um grande livro de desatualidade, comprovando o atraso da rede pública.
Não tínhamos acesso a Internet e as instalações eram precárias, com risco inclusive, de desmoronar.
Preciso ressaltar que a escola pública que estudei, por privilégio, era referência na região de minha cidade, porém, naquele ano, o governo iniciou uma política de nivelação, e como é praxe em nosso país, nivelou-se por baixo.
Lá conheci as políticas que “beneficiam” a população menos favorecida. Infelizmente, não fiquei craque nos logarítimos, nem capaz de diferenciar as rochas, porém aprendi a superar dificuldades e encará-las de frente.
Tornei-me cidadã, com desejo de melhorar e com disposição para lutar. Naquela escola, de ensino inferior deixei minha contribuição, e tive colegas que contribuíram com parceria e reciprocidade. Participante da Comissão de Alunos, aproximei-me da política, enxerguei possibilidades, pressionei órgãos públicos e vi de perto muitas falcatruas.
Conheci uma nova juventude, que antes de prestar vestibular, precisava trabalhar. Jovens que poderiam não ganhar a vaga na Universidade, mas tinham um belo exemplo de vida para relatar. Moços e moças que conhecem as dificuldades e por isso valorizam momentos simples de calmaria. Sabem dos obstáculos e estão dispostos a superá-los.
Conheci professores, que embora não tenham recursos suficientes para dar uma boa aula, estavam sempre a disposição dos alunos, e na maneira do possível, ignoravam o cronograma chulo do governo, tornando as aulas mais dignas, e muito mais enriquecedoras.
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