quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Microfone Aberto


Boris Casoy falou o que lhe veio a boca. A situação o traiu. A colocação foi das mais infelizes.
Nunca interessei-me, sem desprezo ou ironia, pelo o que Casoy achava ou deixa de achar. Satisfazia-me o profissionalismo do jornalista, os fatos que senhor Boris noticiava.
Da mesma forma, nunca quis saber a posição do jornalista perante os garis. No entanto, logo que tomei conhecimento, senti repugnância, pois não imaginava tamanho descaso. O profissional dissolvia-se no indivíduo. Uma dissolução triste. A água que dissolve o açúcar. O senhor sério, dissolvido pelo homem impregnado de preconceitos.

Somos livres para pensar, ao menos por enquanto. Cada um pensa o que quiser. Pensa e diz. Ou diz sem pensar.
Cinismo é pensar algo e dizer seu antônimo. Dissimulação. Traição.

Para Boris, a máscara caiu, porém o jornalista insisti em dançar ao som de marchinhas de Carnaval e nos pede desculpas. Desculpas? Peça Sensibilidade. Honestidade. E não esqueça de uma pitadinha de Respeito! O jornalista está precisando...
Casoy volta a vestir a fantasia. Mas, esta despido de credibilidade.
Culpa do sonoplasta? Não, culpa do Microfone Aberto...


Lúcia Hipólito também passou por apuros.
Falar ao vivo é um grande desafio. E falo isso, com a certeza de uma pessoa que todas as manhãs encara o microfone. As exigências são muitas: português correto, improviso rápido e muita dinâmica. Responsabilidade difícil de assumir. Se palavra dita é como leite derramado, ouso afirmar que palavra proferida em microfone é como leite, café, suco, refrigerante...

Lúcia estava confusa? O que aconteceu? Efeito do álcool? Ok, afinal quem nunca foi além da diversão e tomou um belo porre?
Ora, sejamos compreensíveis: Hipólito é jornalista e estes profissionais também se divertem. E são merecedores de tais, convenhamos.
O pecado foi a falta de cuidado da profissional. Trabalho, ofício. Lazer, diversão. Onde ganha-se o pão, não se come a carne, nem deve-se beber o vinho (anotem isso). O preço é o profissionalismo. Perde-o. E depois disso, nem São Longuinho é capaz de resgatar.

Mas vamos dar um desconto para Lúcia... Ela simplesmente falou na hora errada, no local errado, em um Microfone Aberto...


Ambos os casos surpreende-nos. Boris Casoy decepcionou. Lúcia Hipólito extravasou. No entanto, é extravasadamente decepcionante, o que disse, George Samuel.
O cônsul do Haiti, ao comentar sobre a tragédia no país disse que “estava sendo boa” pois, em suas palavras, o país “fica conhecido”, e se não bastasse essa consideração, complementa: “Acho que, de tanto mexer com macumba, não sei o que é aquilo. O africano em si tem maldição. Todo lugar que tem africano está fodido.”

Ao cônsul nada tenho a dizer, tamanho nojo que sinto por suas palavras. Porém, já que não sabe o que é macumba, sugiro que não fale sobre o que desconhece, e com maior sentimento digo que quem está f... é ele próprio. Os haitianos estão sofrendo, mas com toda solidariedade, orações e todo esforço mundial a situação será revertida. No caso de Samuel, não vejo reversão...
Embora seja tarde, da próxima vez George deve estar mais atento... Mais atento, ao Microfone Aberto...


Os casos aqui referidos são diferentes, mas se convergem em um microfone. Microfones abertos na televisão, no rádio... Porém, imaginem só se houvesse Microfone Aberto em nossas Instituições governamentais, nas reuniões políticas, nos encontros partidários... Imaginaram? Sinceramente, prefiro não imaginar...
Se a população já esta triste e desanimadoramente desiludida, como ficaríamos com as confissões de um microfone, lá de dentro das esferas governamentais? Decepcionados. Revoltados. Inconformados. Indignados.

Precisamos de Microfone Aberto para dar voz àquele que não tem. Ao pobre e excluído. Ao negro marginalizado. Ao homossexual que sofre discriminação. Voz a mulher que sofre e cala-se. O idoso que amargura e não tem força para reverter a situação. A criança que é abusada e sequer sabe o que esta sofrendo. Voz para aqueles que a usam para disseminar o bem. Para quem tem palavras que acrescentem e agreguem valores a nossa sociedade.
Estes merecem, microfones, bem abertos...

Nos outros casos, por favor, fechem os microfones!!

3 comentários:

  1. Lúcia,
    Belo artigo, Boris e Hipólito eu perdoo.
    Quanto ao consul do Haiti ele mostrou realmente o que grande parte do mundo pensa, só que teve coragem de dizer.
    Imagine o que o Lula e sua corja falam nos gabinetes. Dilma eu conheço e imagino o que ela diga, você ficaria bestificada com o palavreado desta mulher com as portas fechadas.

    ResponderExcluir
  2. Respondendo ao comentário anterior... a questão não é de perdoar, no caso, por exemplo, o Boris. Afinal, somos todos meros mortais, erramos.
    A questão é falar contra o preconceito. Não tem justificativa o que ele disse. Nada justifica isso...NADA.
    Ótimo artigo, Glau. Também falei algo sobre o assunto no meu blog. (Veja aqui http://www.latampost.blogspot.com/) Mesmo que no pretexto de agir contra o preconceito, não deve-se usar mais preconceito. Mas justificar o comportamento de Bóris, simplesmente NÃO é aceitável.

    ResponderExcluir
  3. Agradeço o comentário de vocês... Colocaram as devidas análises e isso é muito bacana e interessante!

    ResponderExcluir