terça-feira, 12 de janeiro de 2010
Obra de Deus, Construção do Homem.
A professora Cecília Toledo, desde a primeira aula ministrada em minha classe, alertava-nos para importância de expandir o repertório através do conhecimento de novas culturas, novos lugares. Mais que enriquecer nossa “bagagem”, o conhecimento e descobrimento proporciona-nos um crescimento pessoal fantástico. Qualquer viagem, por mais curta que seja, nos reserva boas surpresas, embora as ruins não estejam descartadas.
Viagens proporcionam-nos relaxamento. É como se todos os problemas ficassem no aeroporto, na rodoviária, ou em casa.
O estresse fica. A percepção o substitui. Queremos vistar tudo, ir a todos os lugares. Pena que nem sempre o tempo é bondoso e acabamos deixando algumas coisas para o próximo passeio.
Além da percepção estamos mais interessados, mais sensíveis.
Recentemente, ousei-me a sair de férias, arriscando uma passagem pelas praias paulistas. Foram poucos dias. Quatro, considerando o percurso. Suficientes, no entanto, para aguçar o olhar, perceber detalhes, que a correria cotidiana não permite que sejam considerados.
Às margens das rodovias o cenário encanta. Descendo para o litoral, a paisagem sob nós recheia nossa ansiedade. Lindas árvores. Belos morros. A água que nos banha de vida. O céu, azul como mar. No lugar de árvores, avenidas. Sobre os morros, casas. Na água, desemboca-se esgoto. Nas nuvens, passam aviões.
O contraste é impressionante. É a arquitetura de Deus, competindo com o homem arquiteto.
A obra divina encanta pelas formas, pelas cores, pela diversidade. A vegetação brilha aos olhos com um degradê esverdeado. O céu ora clareia, ora escurece. Geralmente, o azul mescla-se com o fogo do sol, que logo se esfria com as lágrimas que caem. Por vezes vemos flores, cada qual tem em sua pétala um formato, uma coloração. Os tamanhos também variam lindamente na natureza. Plantinhas que somem em meio ao gramado. Ostentadoras plantações que irradiam vida. Montanhas fantasiam o relevo. Relevo de terra. Relevo de mata. Relevo de mar.
O design do homem, por sua vez, se impõe. Gigantesco. Surpreendente. O alto edifício parece arranhar o céu. Os vidros espelhados imitam as águas cristalinas. O asfalto destrói a flora, compromete a fauna. Os prédios são retangulares. As casas sempre têm telhados. Nos shoppings temos lojas, escadas rolantes e uns outros detalhes que os diferenciam. As ruas são sempre acinzentadas. Os tijolos sempre amarronzados. O homem é audacioso e vez ou outra ,supera-se. O prédio mais alto. O trem mais rápido. O colégio mais moderno. O televisor mais tecnológico.
A natureza de Deus é marcante. Prende a atenção. Atenta-nos e conosco permanece. Aquilo que Ele escupiu pode ser desfrutado por todos. É propriedade global, a grande riqueza de todos nós. Todos. Sem exceções.
A obra do homem passa. Passa e não fica. Não encanta, mas fascina. Não é de verdade, mas parece ser. É do homem. Porém, não é de todos. É uma obra, para poucos.
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