domingo, 17 de janeiro de 2010

Foi-se, mas não em vão


Zilda Arns, em vida, foi consagrada como grande missionária, um exemplo de militância. Após a morte chamaram-na de Padroeira, homenageada como mártir. A luz que rege. O sorriso que estimula. De lá do céu.

Relutei em redigir um artigo sobre a Dra. Zilda, pelo fato de que todas as palavras que pudessem ser deferidas a nobre senhora, já haviam sido proferidas ou escritas.

Médica pela ânsia de salvar. Pediatra que desenvolve e repassa todo seu conhecimento. Na Pastoral o grande incentivo. A solução. O impulso. A luta. Na família mundial uma mãe, mãe de todos, eu diria. Mãe que orienta. Que dá a vida pelo filho. Mãe que ama. Protege. Socorre. E também salva.
Mulher que enfrentou problemas sociais, comprovando que há possibilidade de reduzir o sofrimento. Dedicou-se de corpo e alma, na forma mais literal da expressão, à uma causa. Morreu por esta.

Foi um ser humano com coração. Coração forte. Coração bondoso. De amor. E muita determinação. Características estas, que comprovam que quando se quer, se consegue. A garra e disposição por lutar são os pré-requisitos para alcançar nossa utopia, seguir as trilhas de nossa esperança.

Zilda Arns partiu, mas não nos deixou. Foi-se, mas não em vão.

As pessoas são insubstituíveis. Zilda, imprescindível.

O Haiti precisa de ajuda. Chamem a Dra. Zilda. Ela pode ajudar. Chamem a Dra. Zilda...

Zilda Arns, como bem referiu-se Ruy Castro “deveria estar entre os que iriam para lá ajudar vítimas, não para ser uma delas.” O destino prega-nos peças. Surpresas. Tristes, muitas vezes. Inexplicáveis. Inaceitáveis. No entanto, este mesmo destino nos explica e sempre tem um objetivo. Demora-nos desvendar. É difícil entender... Um dia compreendemos. E vemos que tudo há um porquê, afinal “Deus escreve certo por linhas tortas”, não é isso?

Começo a perceber as artimanhas deste trágico destino... A quanto tempo não noticiava-se a Pastoral da Criança, ou divulgava-se o trabalho da Pastoral dos Idosos? Qual foi a última vez que fomos agraciados com exemplos de vida, capazes de elucidar a sensibilidade e solidariedade do ser humano? Fazia tempo... Embora Dra. Zilda estivesse aí, na luta. Sempre. Ajudando a viver...


Choramos com a perda. Sensibilizamos-nos com a causa abraçada pela doutora. Rezamos por seus familiares. Pedimos por aqueles que perderam a grande mãe. Agradecemos a passagem de Dra. Zilda Arns. Isso pouco, muito pouco...

Zilda Arns partiu, mas não nos deixou. Foi-se, mas não em vão.

A senhora, bela por dentro e por fora, descansa sobre as nuvens. No entanto, não descuida-se dos anjinhos lá do céu e continua a olhar pelos daqui da Terra. Morreu em sua missão, da mesma forma que passou toda sua vida. Sua jornada terrestre foi concluída, porém a missão continua.

Zilda deixou-nos todo alicerce e boa parte daquela construção. Telhar e realizar os acabamentos é nossa responsabilidade.

A senhora que encantava com o sorriso, surpreendia pela vontade e sensibilidade, desejava simplesmente ajudar. Foi uma pessoa capaz de interpretar passagens bíblicas e viver para seu próximo. A nós, mas do que saudade, resta-nos a compreensão das palavras e ações de Zilda Arns. A vida em caridade, pensando em nossos irmãos, será uma consequência.. A bela consequência, da passagem de Dra, Zilda, por aqui.

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