sábado, 10 de março de 2012

Um medo recíproco

Desde pequenos, a gente se comporta pra não ficar de castigo e estuda pra evitar a recuperação.
As normas são seguidas pra evitar ser demitido. Evita-se conversas, pois têm potencial para virar árduas discussões.
Vive-se perante a intimidação...

Não cumprimentamos o jovem vizinho por ele ser usuário de drogas. Desconfiamos do outro por parecer psicopata e nos olhar fixo demais.
Ignoramos o porteiro porque sequer sabemos de onde ele veio. Sequer vemos a faxineira do prédio.
Não damos esmolas por receio.
Os vidros estão sempre fechados.
A visita só entra em casa depois de atravessar vários portões.
Até o barulho provocado pelo vento nos assusta.

Desconfiamos até, daqueles que que mais amamos - afinal, até eles nos decepcionam, nos traem.
Não é da sombra que nasce a desconfiança. É de nosso corpo, de nossa própria mente. Nós mesmos não nos conhecemos em determinadas situações. A gente não se reconhece mais.

Os olhares evitam fitar outros olhos.
As mãos não se tocam - corre-se o risco de se agredirem.
É gente com medo de gente...

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