sexta-feira, 16 de março de 2012

O problema são nossas respostas

A Câmara de Vereadores de Campinas aprovou um projeto de lei que proibe pedintes em semáforos.
Não vou entrar no mérito legal, nem pretendo ser moralista.
O fato é que no sinal tem gente que pede pra comprar droga. Quem tente ganhar um trocado através de uma apresentação artística. Há também os quem nem pedem e simplesmente levam. Todavia, acredito que haja sim - uma minoria, talvez - quem pede pra comer, pra comprar o remédio.

Hoje, fui abordada por um. Debaixo de chuva me protegia com vidros fechados do carro. Ele não.
Fechei o vidro numa chuva fraca. Não fechei por conta das gotas, devo ter fechado pra ele.
Podia me molhar, mas vê-lo se molhando não me fez bem.
Senhor. Cansado. Sem camisa.
Movimentos lentos. Acostumado apenas a esticar a mão.
Sem camisa.
Por que sem camisa?

Estava doente. Uma bolsa plástica fazia parte de seu corpo.
O apelo a mais na hora de pedir?
Pode ser, mas não podia ser.

Fechados nos carros. Alheios. Enquanto outros, expostos, vulneráveis.
Nos protegemos desta vulnerabilidade e acabamos vítimas dela.
Generalizamos.
Ao generalizar pensamos em tirar de lá.

Tirar quem? Não importa.
Por que? Os automóveis querem passagem.
Como? De qualquer jeito, desde que saiam.
Pra onde? Longe de nós.

Sabe, o difícil das perguntas não é respondê-las. O dolorido é saber que resposta pode vir tão fria, insensível e egoísta.

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