quarta-feira, 10 de março de 2010

Esqueçam a política!


Todos estão cientes das deficiências de nossa política. Falta-nos ética, transparência, responsabilidade e serviço. Aliás, quanta falta isso tudo nos faz.
Porém, ultimamente o que mais me indigna é a escassez de surpresas em nossa política. Há tempo nada mais nos surpreende. Não temos surpresas ruins, pois com estas já estamos acostumados, e mais infelizmente, também não somos agraciados com boas surpresas, já que essas são dissolvidas pelas anteriores.
Anseio por novidades nessa esfera. Repúdio rotinas. E exatamente nesse contexto que está nossa política. Estamos condenados a um ciclo vicioso, difícil de interromper. Um escândalo sucede o outro. E tudo isso acontece tão rápido, que já não lembramos qual deles precedeu o mais novo caso, envolvendo o Bancoop.

A política não nos surpreendi, talvez pelo fato de não ser feita para nós, o povo.

Não sinto-me representada ao ver tanta roubalheira e corrupção. Da mesma forma que não me identifico com a ironia e cinismo, por parte de muitos políticos. “Eles” não integram o “nós”, pois suas ações são sempre tomadas considerando o “eu”. E isso é realmente lamentável. Supera as barreiras do individualismo, sendo o mais triste exemplo de egoísmo.

Quero surpresas. Mas elas não vem. Quero mudanças. Mas estas estão difíceis de acontecer. A culpa é de quem? Talvez seja minha, que ao invés de estar lutando ativamente por elas, estou aqui, escrevendo este artigo, que pode sequer ser lido por alguém.

Embora não haja novidades em nossa política, há muito sofrimento em nossa sociedade.

Enquanto discute-se a questão Bancoop, brasileiros choram e padecem, frustrados com o sonho da casa própria.

Confesso a vocês que pouco me interessa saber quem está certo nessa história. Até porque, se não acabar pizza, o final será panetone. Não parabenizo a Veja pelo “furo”, tampouco coloco a “mão no fogo” pelo PT (aliás isso eu não faço mesmo!). O que faço, e isso com muito orgulho, é destacar os coadjuvantes desta história.

Esqueçam Vaccari. Ignorem o Lula e sua ministra. Rasguem a Veja dessa semana!

Prestem atenção no Sr. Oscar Costa. Magro, com aparência doentio, aos 53 anos, Oscar carrega consigo a desilusão da casa própria. Em 2000 confiou seu sonho de possuir imóvel a Bancoop, porém este “nunca saiu do chão”. Após anos de muitas brigas e protesto, Costa lamenta: “Há dois anos, recebi o diagnóstico de câncer de pulmão, o que me deixou sem forças para lutar. Perdi as esperanças.”

Pensem também na Tânia de Oliveira, casada com Heleno e mãe de Helena. O que para Tânia parecia uma grande oportunidade, revelou-lhe apenas sua inocência ao confiar “nessas instituições”. A família investiu no sonho da casa própria, tendo como cúmplice a Bancoop. Hoje, não têm casa. Nem os oitenta mil investidos no sonho.

Não se esqueçam também de Maria de Fátima Bonfim, dona de casa aposentada, que financiou seu imóvel com Bancoop, sempre honrando cada prestação. Realizou o sonho de ter sua casinha, porém hoje corre o risco de ser despejada, devido ação movida pela cooperativa. “Desde então, vivo o pesadelo de eles tirarem o meu único bem material. Durmo sob o efeito de calmantes.”, confessa a aposentada.

São estes os brasileiros. São com eles que me identifico. E tenho certeza, que com estes, jamais estaria perdendo tempo.
Ao que se refere a nossa política, fico pensado: Será que não é perda de tempo discutir com políticos, que no fundo no fundo, movem-se apenas por interesses próprios? Não estaria eu, compactuando com está chanchada institucional?
Não dá pra confiar. E nem a política atual é digna de confiança. Hoje há trocas de insultos, amanhã veremos protagonistas em cenas de abraços.

Enquanto isso a gente ri com malandragem. Ou chora, por não sermos nós, os malandros.

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