terça-feira, 6 de abril de 2010

Precisamos de lentes

A Rede CBN iniciou nesta segunda-feira, a série de reportagens “Profissões invisíveis”, que retrata a cotidiano de profissionais que passam despercebidos em nosso cotidiano, mas que nem por isso, deixam de ser essenciais. Aliás pelo contrário, talvez a invisibilidade seja o segredo da importância. Ou quem sabe a indiferença seja um estímulo para fazer bem feito. O ato de fazer, não é elucidado pelo mostrar. Isso deve ficar claro.

Hoje fui pra faculdade e quantas pessoas por meu caminho não visualizei?

O motorista do ônibus, passa despercebido e raramente recebe um comprimento de bom dia. No entanto, é ele que nos leva. Leva e também nos traz.

Caminhando pelas ruas e calçadas da cidade, sempre há uma pedra no caminho, como já alertava Drummond. Fico imaginando, quantas pedras, entulhos e lixos não haveria se não fossem aquelas moças e rapazes, sob as vestes da transparência, que limpam nossos caminhos, tornando mais agradáveis, os nossos passos.

Também na invisibilidade passam-nos os pedreiros que vez ou outra fazem um reparo pelos caminhos que trilhamos. Eles concertam. Mas nós só enxergamos quando esta quebrado.

Vamos caminhando. Os problemas cegam-nos. O horário nos ensurdece.

As cordialidades se rareiam. A solidariedade se dilui. Somos egocêntricos capazes de enxergar o próprio umbigo. Nada mais.


Muitos passam por nós. Poucos ficam em nós.


Falta-nos lentes. Lentes de contato. Que permitam o contato. Lentes para perto. Que nos permita ficar perto. Lentes também para longe. Para ver lá de longe, aquele que padece. Lentes de sensibilidade. Que nos torne sensíveis para que, além de enxergar, possamos ver.

Um comentário:

  1. Faz tempo que não passo por aqui, só o domingão pra dar uma pausa na pauleira mesmo e permitir ler coisas não "utilitárias", ao menos de um ponto de vista imediato.

    Uma coisa que nos falavam nas minhas aulinhas de teatro, faz um tempinho já, era: "Quantas pessoas você realmente viu hoje?"

    Nos cruzamos com milhares de pessoas, mas em quantas reparamos? Tentamos entender sua situação, seus dramas, seus sonhos?

    Tinha dia que respondíamos chateados: "Ninguém!". Acho que hoje foi um desses dias, sorte que alguém me puxou a orelha agora.

    Aliás, aquele seu amigo de Manaus, está começando um blog também, ainda não está pronto, mas cobra ele que deve sair em algumas horas.

    Bjo

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