segunda-feira, 26 de abril de 2010
O Ensino Público feito por nós
O tema “Educação” sempre causa polêmica. Consensualmente a educação pública é ruim.
Não gosto de falar daquilo que não presenciei, tampouco daquilo que os outros me contam. Comento simplesmente as coisas que presencio, somente o que meus olhos conseguem ver.
Sobre a Educação nas escolas públicas ouso redigir algumas linhas. Numa escrita de alguém que viveu dentro de uma sala de aula com essa característica. Escrevo ainda com a ousadia de quem estudou 14 anos em escola particular e um único em escola estadual.
Foi no terceiro ano do Ensino Médio. Lá, os professores estavam desestimulados e faziam questão de passar em detalhes o caos do ensino público. Vi profissionais atados, incapazes de dar uma boa aula, por falta de material. As paredes que via estavam todas rachadas, a estrutura estava comprometida, mas nós continuávamos sob os incertos tetos. Nessa escola vi alunos sem sonhos, conformados com ideia de não serem competitivos num vestibular. Conversei com pessoas que não tiveram alicerce no Fundamental, mas insistiram em “tocar pra frente” a construção. Bastava bater um vento: Tudo desmoronaria.
Ao mesmo tempo enxergava professores com ânsia de ensinar e muita história para nos contar. Mas a decepção e desilusão ofuscava essa vontade. Também percebia que todos meus colegas de sala dormiam, e durante o sono, claro que sonhavam! Sonhos diversos, desde doutor até engenheiro. Todos era pretensiosos, mas o conformismo anulava a força para lutar.
Embora o prédio estivesse ameaçado, ao redor, as árvores brotava,m sujando o pátio da escola. Foi aí que percebi que o solo era fértil. Era só preparar o plantio.
Os materiais disponibilizados pelo Governo eram poucos, e quando algo vinha acrescer, ou estava desatualizado, ou não tinha para todo mundo.
Foi então que o Colégio abriu suas portas e professores empenhados começaram mediar palestras, indicar material e até mesmo nos emprestar. Integramos-nos e nos comprometemos. A reciprocidade elucidava a troca e a generosidade brotava em meio a desesperança e falta de recurso.
Sempre fui muito bem acolhida pelos professores e esforcei-me em colaborar com meus colegas de classe. Éramos parceiros na dificuldade. Não nos acomodamos. Pegamos livros, conversamos com pessoas. Ajudamos-nos um ao outro. O ensino melhorou. As perspectivas também.
No final do ano, todos estavam belos ao receber o canudo de formatura. Entre ternos e vestidos longos os olhos brilhavam. Refletiam o sonho, com a esperança de que iria se tornar realidade.
Se aqueles que deviam nos representar e nos auxiliar em nossas dificuldades não o fazem, sugiro que façamos nós.
Sobre Educação, indico a entrevista no CBN Total com Gabriel Chalita:
http://www.portalcbncampinas.com.br/noticias_interna.php?id=29191
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