sexta-feira, 30 de abril de 2010

Quanto tempo o tempo tem?


Dizem que “o tempo, perguntou pro tempo, quanto tempo o tempo tem.” Mas o que interessa na verdade, é quanto tempo ainda temos?

Somos reféns da hora, aprisionados na temporalidade. Dizem que a pressa é inimiga da perfeição. Mas como ser perfeito se temos pressa? Muita pressa.

As mulheres conseguem fazer duas coisas ao mesmo tempo. Os homens não. Mas precisamos fazer três coisas! Como podemos fazer?

Ah, como eu queríamos ter tempo...

Tempo de fazer aquilo que fazíamos quando o tempo era nosso amigo. Quando as tardes eram longas. E sol brilhava por muito tempo.

Ah, como eu queríamos ter tempo...

Mas estamos sempre “em cima da hora”. Totalmente "sem tempo".

Alguém pode me dizer por que o dia tem só 24 horas?

O problema é que o “tempo não pára”. Não pára e não nos deixar parar. Tempo pro almoço? Nem dá tempo de sentir fome!


Talvez não seja falta de tempo. Pode ser desorganização. Talvez não sejam as horas, mas sim como estamos usando cada minuto.

Perdemos tempo ao olhar no relógio. Desperdiçamos tempo dizendo que não temos tempo. E perdemos mais tempo, quando achamos que estamos perdendo tempo.


Ah como eu queríamos ter tempo...


Queria ter tempo para acabar esse texto. Tempo para pensar num fim perfeito. Gostaria de ter tempo para explicar minha briga contra o tempo. Mas é uma pena... São onze horas... tenho que correr...

Desculpe-me. Qualquer dia, arrumo um tempo.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

O Ensino Público feito por nós


O tema “Educação” sempre causa polêmica. Consensualmente a educação pública é ruim.

Não gosto de falar daquilo que não presenciei, tampouco daquilo que os outros me contam. Comento simplesmente as coisas que presencio, somente o que meus olhos conseguem ver.

Sobre a Educação nas escolas públicas ouso redigir algumas linhas. Numa escrita de alguém que viveu dentro de uma sala de aula com essa característica. Escrevo ainda com a ousadia de quem estudou 14 anos em escola particular e um único em escola estadual.


Foi no terceiro ano do Ensino Médio. Lá, os professores estavam desestimulados e faziam questão de passar em detalhes o caos do ensino público. Vi profissionais atados, incapazes de dar uma boa aula, por falta de material. As paredes que via estavam todas rachadas, a estrutura estava comprometida, mas nós continuávamos sob os incertos tetos. Nessa escola vi alunos sem sonhos, conformados com ideia de não serem competitivos num vestibular. Conversei com pessoas que não tiveram alicerce no Fundamental, mas insistiram em “tocar pra frente” a construção. Bastava bater um vento: Tudo desmoronaria.

Ao mesmo tempo enxergava professores com ânsia de ensinar e muita história para nos contar. Mas a decepção e desilusão ofuscava essa vontade. Também percebia que todos meus colegas de sala dormiam, e durante o sono, claro que sonhavam! Sonhos diversos, desde doutor até engenheiro. Todos era pretensiosos, mas o conformismo anulava a força para lutar.

Embora o prédio estivesse ameaçado, ao redor, as árvores brotava,m sujando o pátio da escola. Foi aí que percebi que o solo era fértil. Era só preparar o plantio.

Os materiais disponibilizados pelo Governo eram poucos, e quando algo vinha acrescer, ou estava desatualizado, ou não tinha para todo mundo.


Foi então que o Colégio abriu suas portas e professores empenhados começaram mediar palestras, indicar material e até mesmo nos emprestar. Integramos-nos e nos comprometemos. A reciprocidade elucidava a troca e a generosidade brotava em meio a desesperança e falta de recurso.

Sempre fui muito bem acolhida pelos professores e esforcei-me em colaborar com meus colegas de classe. Éramos parceiros na dificuldade. Não nos acomodamos. Pegamos livros, conversamos com pessoas. Ajudamos-nos um ao outro. O ensino melhorou. As perspectivas também.

No final do ano, todos estavam belos ao receber o canudo de formatura. Entre ternos e vestidos longos os olhos brilhavam. Refletiam o sonho, com a esperança de que iria se tornar realidade.

Se aqueles que deviam nos representar e nos auxiliar em nossas dificuldades não o fazem, sugiro que façamos nós.

Sobre Educação, indico a entrevista no CBN Total com Gabriel Chalita:

http://www.portalcbncampinas.com.br/noticias_interna.php?id=29191

terça-feira, 6 de abril de 2010

Precisamos de lentes

A Rede CBN iniciou nesta segunda-feira, a série de reportagens “Profissões invisíveis”, que retrata a cotidiano de profissionais que passam despercebidos em nosso cotidiano, mas que nem por isso, deixam de ser essenciais. Aliás pelo contrário, talvez a invisibilidade seja o segredo da importância. Ou quem sabe a indiferença seja um estímulo para fazer bem feito. O ato de fazer, não é elucidado pelo mostrar. Isso deve ficar claro.

Hoje fui pra faculdade e quantas pessoas por meu caminho não visualizei?

O motorista do ônibus, passa despercebido e raramente recebe um comprimento de bom dia. No entanto, é ele que nos leva. Leva e também nos traz.

Caminhando pelas ruas e calçadas da cidade, sempre há uma pedra no caminho, como já alertava Drummond. Fico imaginando, quantas pedras, entulhos e lixos não haveria se não fossem aquelas moças e rapazes, sob as vestes da transparência, que limpam nossos caminhos, tornando mais agradáveis, os nossos passos.

Também na invisibilidade passam-nos os pedreiros que vez ou outra fazem um reparo pelos caminhos que trilhamos. Eles concertam. Mas nós só enxergamos quando esta quebrado.

Vamos caminhando. Os problemas cegam-nos. O horário nos ensurdece.

As cordialidades se rareiam. A solidariedade se dilui. Somos egocêntricos capazes de enxergar o próprio umbigo. Nada mais.


Muitos passam por nós. Poucos ficam em nós.


Falta-nos lentes. Lentes de contato. Que permitam o contato. Lentes para perto. Que nos permita ficar perto. Lentes também para longe. Para ver lá de longe, aquele que padece. Lentes de sensibilidade. Que nos torne sensíveis para que, além de enxergar, possamos ver.

domingo, 4 de abril de 2010

O que fica da Páscoa


A época é de reflexão. O sabor de chocolate. O símbolo é o coelhinho. E o momento é feliz para aquele que compreende sua essência.
Jesus morreu. Por nós, foi sacrifício. Para nós, o exemplo. Sob a Cruz muita reflexão. Ao redor, muitos exemplos.

O Cristo foi julgado, como muitos em nossa sociedade o são. Do julgamento veio à condenação. Da mesma forma que hoje condenamos, nem sempre justamente. Nas proximidades da Cruz, Maria em pranto. Assim como, muitas mães choram. Choram com os filhos. Derramam lágrimas sem os filhos.

Os dias que precedem a Páscoa são de luto. Um luto de esperança. Dias santos que remetem o sofrimento, ao mesmo tempo que deles emergem a paciência. Uma paciência de ansiedade. A ansiedade da vinda. A esperança que Ele voltará.
É a certeza da ressurreição que nos oferece força para prosseguir. E é este o maior exemplo Daquele que “desceu à mansão dos mortos e ressuscitou ao terceiro dia”.

Do sofrimento, deve ficar apenas esperança. A esperança que dias melhores virão. Com a volta, o sofrimento alivia.
Afinal, as lágrimas de dor, são as mesmas que escorrem quando emocionamo-nos de felicidade.