quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Filosofando a política...


O ano é eleitoral. A política está na pauta. A sociedade critica os políticos, no entanto, mal sabem qual a essência da política.
Se conhecessem os diálogos de Platão saberiam que todo governo tende a se degenerar e que a política é cíclica. Saberiam que o que rege um governo estável é a Verdade e o Bem.
Se seguíssemos Platão sairíamos da caverna e quebraríamos a ideia de senso comum (doxa). Talvez, saindo dessa alienação entraríamos no conhecimento verdadeiro (episteme). Quebraríamos uma barreira que nos prende às tradições. Quem sabe assim, o segundo turno destas eleições não repetiria a polarização entre PT e PSDB. Fora da caverna estaríamos prontos para a mudança, e não temeríamos tal.

É uma pena vivermos num pais em que poucos conhecem as obras aristotélicas, segundo as quais, o Estado é algo natural, sendo que as formas de governo se dividem em justas (governo voltado para a coletividade) e injustas (focado em interesses pessoais).
Nesta visão de Aristóteles, a democracia é considerada justa. No entanto, o Brasil como país democrático, contradiz o critério aristotélico, afinal quantos políticos em nossa democracia não pensam apenas em interesses particulares?
Muitos. E isso pode ser reflexo da própria politica proposta por Platão, até porque os governos se degeneram e nós brasileiros podemos estar vivenciando a degenera;ao de nossa democracia.

Ainda bem que tudo é cíclico, como retoma Políbio, base do helenismo. Este autor ainda acrescenta a Teoria de governo misto, idealizando um Estado com monarquia, aristocracia e democracia.
Porém, nesta realidade em que “frutas” se candidatam e “palhaços” aparecem no horário eleitoral, a filosofia nos parece utópica e idealista demais, num pais em que dinheiro publico é encontrado em malas e cuecas.

É essa nossa realidade. Triste, mas verdadeira.

O que nos consola é Maquiavel, que quebra com a filosofia e teologia, nos apresentando a Ciência Política. Para ele, o que importa é o “ser” e não o “vir a ser”. Até porque, o que adianta sonhar, se quando acordamos os craques da bola não estão no campo, mas tentam nos representar?
O que importa é a “verdade efetiva das coisas”. O conforto vem na obra “O Príncipe”, do próprio Maquiavel. Embora oscilemos entre estabilidade e caos, só o Príncipe pode nos ajudar.
Se hoje vivemos uma turbulência de corrupção, se outrora nosso Senado esteve em crise, a solução estaria no homem capaz de instaurar o Principado, burlando os tempos difíceis. Para isso precisamos de alguém com coragem e “virtú”.
Hoje, Dilma e Serra disputam o cargo de Príncipe, mas sem conquistar a Fortuna não serão dignos de tal.
A Fortuna de nossos tempos, não é a honra, a riqueza, o poder nem a coragem, sugerido por Maquiavel. Atualmente, a Fortuna é Verde. Resta-nos saber que seduzirá a deusa, não sei se boa como na época clássica, mas a deusa Marina.

O primeiro turno já foi. Tiririca é deputado, Romário é a “bola da vez”, Maluf foi bem votado e nós, brasileiros, continuamos pulando “cavaletes” e desviando de “santinhos”.

Sempre resta a esperança, que se reforça com o segundo turno.

Quem não leu Sócrates, sugiro que leia. Ele diz que temos que nos conhecer e problematizar a dúvida. Devemos questionar, questionar e questionar. Duvidar daquilo que nos é mostrado como verdade, colocando em xeque conceitos do senso comum.

Só tendo esta atitude chegaremos a verdade absoluta. E é esta verdade que nos levará ao Bem, como já propunha a teoria platônica.

Um comentário:

  1. ah! vou brigar aqui tb! hehe Mas sugerir a leitura de Gramsci sobre poder, hegemonia e democracia. Para ele, vivemos em equilíbrio instável e que é necessário uma vontade popular para superar este equilíbrio, que só interessa a quem está no poder. É necessário subverter a ordem.

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