Cabelos brancos, rugas, sobre quais, caiam lágrimas. Fraca, sensível. Doente. Há um longo tempo sentada. Sem atendimento.
Vermelhidão. Coceira. A pele repleta de bolinhas. O desespero que as alergias proporcionam. Era um senhor, magro e cansado. Não de sono, mas de tanto esperar.
No ventre uma vida. As dores da alegria. Mas que necessitam de cuidado. O difícil é tê-lo. Nove meses de espera. Horas para ser atendida.
O pequeno também sofre. Na fila, aguarda. No colo materno chora. No entanto, carece. Uma carência de socorro.
É isso o que vemos nos prontos socorros públicos. Vi sem querer enxergar. Senti, sem querer sofrer. Doeu sem que eu pudesse evitar,
Questionei Deus: Por que tanto sofrimento? Qual o motivo de tanta desigualdade?
Arrependi-me. A culpa não é Dele.
Culpa de quem?
Nossa.
De todos nós.
Culpo-me por não ter feito uma boa escolha. Ajudei a colocar no poder, insensíveis políticos.
Uma insensibilidade que me espanta e me causa repugnância.
Será que nem nessa hora, o coração de nossos nobres poderosos não bate? Não ressoa um pouquinho mais forte? Será que o poder é tanto, que são incapazes de exercer humildade? É incrível a incapacidade da alteridade...
Podia ser comigo. Podia ser com você.
Podia ser com nossos representantes. Mas estes, com tanta impunidade, sentem-se ilesos. Por sorte, não dependem do sistema público de saúde. O azar é o nosso. Sempre nosso.
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