sábado, 19 de junho de 2010

Como já dizia Saramago...


Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia.”

José Saramago expressa em uma frase aquilo que sinto desde quando nasci.

Sinto que pessoas tem aço e pedras, no lugar do coração. Pena, sinto destas. Mais infelicidade sinto, ao pensar que o ferro não se funde só com calor humano.


Não lhes desejo bom proveito, pois nada podem aproveitar, embora Saramago sai-se bem na ironia. A frieza é algo que me causa repugnância. Pra quer viver, se onde deveria pulsar, simplesmente bate? Bate forte. Bate sem dó.


Identifico-me com Saramago, pois como o dele, também fizeram meu coração de carne e hoje mesmo ele já sagrou. Sangrou quando vi um senhor simples, humilde e necessitado.

Ele foi falar comigo, logo de manhãzinha. Apresentou-se como cantor e pediu-me ajuda.

O coração sangra numa hora como esta. A incompreensão me ronda. Perguntamo-me o porque de tantas pessoas sofrerem, não terem condições de uma vida digna.

Nesta hora também me questiono e me revolto. Por que o poder esta nas mãos daqueles que não tem o coração de carne, que envolta-se no ferro?


Sinto-me tão atada, que a carne dentro mim, nada faz a não ser sangrar. O senhor que me comoveu, também emocionou-me, quando, cantou pra mim, uma música de sua composição. A letra era sobre o anjo da guarda e a esperança irradiava naquela canção.

O senhor precisava de ajuda, mas culpo-me e guardo comigo o ressentimento de não poder ter ajudado-o.


O sábio Saramago dizia que não precisamos ter pressa, mas sugeria que não perdêssemos tempo. Vamos manter calma, enquanto pensamos e também agimos. O mundo pode ser melhor, é só saber usar nosso tempo.


Saramago não foi apressado, só depois 50 anos se dedicou a literatura. Não teve pressa, mas soube como ninguém aproveitar o tempo. Depois da meia idade, fez sucesso com seus livros, emocionou, contrariou e presenteou as pessoas com suas palavras, embora, como o próprio já dizia, há coisas que as palavras não conseguem expressar.


Conforto-me pelo fato de que o ferro exposto a alta temperatura se fundi. Não vamos ter pressa, mas vamos seguir o exemplo de Saramago.

Vamos amar e sentir. Vamos tocar e acariciar. Vamos ter um tempo para gente e também aqueles que nos amam , pelos quais elucidamos a reciprocidade.


Saramago não se foi. Saramago continua em nossos sentimentos, em nossas conversas, na lembrança daquele bom livro, na recordação de um “grande cara”.

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