quinta-feira, 30 de junho de 2011

É muito mais fácil fazer o mau. Já repararam?




É sempre mais fácil desviar, que encontrar o caminho certo.
Facilidade temos em destruir (as vezes basta um sopro), e dificuldade encontramos para construir (pode demorar anos).
Muito fácil gastar, o difícil é poupar dinheiro.
Machucar se faz com facilidade, mas curar, as vezes, não está sob nossa capacidade.
Já repararam como o texto de um drama nos convence, porém uma piada pode nos parecer patética demais? Sim, é muito mais fácil fazer chorar, do que rir.
Muito mais fácil desagradar do que ser agradável a todos.
Dizer eu te amo as vezes nos envergonha, no entanto demostrar indiferença não nos intimida.
Lembram da escola? Não era muito mais trabalhoso tirar a nota dez?
O vilão nunca cai na demagogia do mocinho.
Mentir machuca menos que falar a verdade, na grande maioria das vezes.
Como é fácil pisar, e como não gostamos de nos curvar.
Sujar não é muito mais fácil que manter limpo?
"Pegar" pode nos dar muito menos trabalho do que "conquistar".
O abandono é muito mais fácil que arriscar uma criação.
Descumprir não é tão difícil como manter-se "na linha".


A tristeza as vezes vem mais rápido que o sorriso. E pode até durar mais que a felicidade. Mas o que fica são os momentos felizes ou as pessoas que nos apoiaram nos momentos tristes. O que fica, no fundo, é o que foi de bom. Será que fica muito? Se optarmos pela facilidade, até nossas recordações estarão comprometidas. A gente se orgulha do passado difícil, aquilo que veio fácil tentamos esconder, já notaram isso?

Afirmar que encontrei, que construi, que poupei, curei, que fiz rir, que agradei, amei, me esforcei, fui bom pra mim para os outros, que fui honesto, que me redimi, que tornei límpio, e que consegui cumprir à risca, nos orgulha. Orgulho de ter vivido uma vida que valeu a pena, apesar da dificuldade. Uma vida difícil não é sinônimo de vida infeliz.
Há um provérbio chinês que nos diz: "Difícil é ganhar um amigo em uma hora; fácil é ofendê-lo em um minuto."


Disse certa vez Vladimir Maiakóvski: "Não é difícil morrer nesta vida: Viver é muito mais difícil."

O que vocês preferem?

terça-feira, 21 de junho de 2011

Ficção ou Realidade?


Peço licença aos leitores, peço desculpas aos grandes críticos da arte. Neste post, faço minha primeira "Crítica de Arte", e por ser primeira peço compreensão e se possível ajuda de todos. Faço uma crítica da novela "Morde e Assopra" e ouso compará-la com momento político que Campinas passa em seu alto escalão. (Estou aberta a críticas, sugestões e elogios. Espero que "segunda", "terceira"... sejam melhores. Obrigada.)


Campinas passa por uma crise no alto escalão do Executivo da cidade. Empresários, Secretários e Diretores da empresa de fornecimento de água da cidade, a Sanasa, estão sendo investigados pelo Ministério Público, sobre supostas irregularidades em licitações entre a Prefeitura e a empresa . Para alguns a “Casa Caiu” na prefeitura de Campinas. Caiu para o prefeito, Hélio de Oliveira Santos, e para a primeira-dama, Rosely Nassim Jorge Santos.

Sem querer prever o final da novela, mas sabendo que todos os finais desta forma de entretenimento são previsíveis, na obra atual de Walcyr Carrasco, “Morde e Assopra”, a tendência é seguir este caminho. Uma primeira-dama que faz tudo por dinheiro, desde cortar a merenda das crianças, até oferecer propina para quem estivesse na licitação se assemelha às acusações que caem sobre Rosely e o final, na melhor das hipóteses só poderia ser esse. “Primeira-dama de Campinas está foragida” estampa as notícias da realidade. Assim, seria o final feliz da trama.

A atriz Elisabeth Savalla, interpreta a mulher do prefeito Isaias, (interpretado por Ary Fontoura) Minerva, uma sociality esnobe, com ar de superioridade e arrogância. A trama na casa do prefeito se resume a exageradas cenas caricatas, numa caricatura que se aproxima ao choro das novelas mexicanas, mas que, no entanto, veio a calhar com a realidade campineira.

Se a ficção copia a realidade, ou vice-versa não se tem um consenso, mas o fato é que a realidade de Campinas parece ficcional demais para ser verdade, e a ficção de Walcyr Carrasco á fantástica ao extremo para ter algo de real. No entanto, ambas afirmações se mostram incorretas. Em Campinas, o que era de pedra se desmoronou e na novela o que é fruto de imaginação, concretizou-se. Se não bastasse a semelhança física entre Minerva e Rosely (faces enrugadas, coberta por botox e mau humor estampado no rosto), ao que sugerem as investigações, a primeira-dama da novela e a da metrópole têm o mesmo instinto, a mesma força, a mesma coragem e a mesma ousadia. Talvez, tenham os mesmo objetivos.

Rosely é investigada no “Caso da Sanasa” como a “chefe” da quadrilha que fraudava licitações. O prefeito de Campinas diz que não sabe nada, nunca viu nada e confia piamente na inocência de sua mulher. Na novela, Minerva ainda não é investigada, mas a cumplicidade com seu marido assemelha-se ao que aparenta ser o relacionamento entre Hélio e Nassim. Minerva manda em Isaias. Em Campinas, Hélio parece ser mandado por Rosely. Ou tenta parecer que assim o é.

A novela que peca pelos clichês, utopias e efeitos ultrapassados, outrora usados em Jurasic Park, acertou no exagero, que na verdade nada tem de exagerado. Apelou para o riso, embasado numa crítica política. Criou uma história, que se tivesse começado depois, poderia ter sido inspirada no Executivo campineiro.

Walcyr Carrasco apostou na história, mas não quis arriscar na atriz. Elizabeth Savalla, uma das divas globais já foi Jezebel de Canto e Mello, em “Chocolate com Pimenta” (2003), Agnes em “Alma Gêmea” (2005), Rebeca em “Sete Pecados” (2007), e a popular Socorro de “Caras & Bocas’ (2009), todas do autor Carrasco. A começar pelos títulos das novelas, o Walcyr, embora de excelente texto literário, não inova e cai nas redundâncias e frases de senso comum, metáforas chulas e popularescas, que servem bem para o entretenimento da novela, mas deixam a desejar quando o assunto é arte.

Numa história em que se mistura robôs futurísticos, com dinossauros pré-históricos, a parte política se sobressai, já que permite a identificação entre o telespectador. O que se vê na ficção é o retrato da corrupção dos bastidores de Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, e de qualquer outro lugar que exista dinheiro, oportunismo e politicagem.

Faz-se a crítica desta sociedade corrupta, porém, como o instrumento da mensagem não passa de um programa diversional, não há espaço e talvez nem interesse de despertar o senso crítico do expectador, que sentado no sofá, simplesmente ri das piadas, já manjadas, mas que servem para passar o tempo, e dar graça àquilo, que, com perdão do trocadilho, não passa da nossa desgraça. A política da novela reflete a política da sociedade, que por sua vez é reflexo de sua sociedade.