quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Sempre tem um cavalete...

No meio do caminho tinha um cavalete
tinha um cavalete no meio do caminho
tinha um cavalete
no meio do caminho tinha um cavalete.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha um cavalete
tinha um cavalete no meio do caminho
no meio do caminho tinha um cavalete



Numa eleição em que nada pode e ao mesmo tempo tudo está podendo, vemos de tudo. Tudo.

Tem bicicleta com a foto do candidato que passa sobre faixa de pedestres enquanto estamos aguardando o sinal abrir. Tem rodinhas que empurram essas mesmas placas, e se misturam no trânsito. No nosso pouco caótico trânsito.

Tem candidato que aparece dançando, outro que surge cantado. Tem mulher bonita e mulher que ergue a bandeira do feminismo. Homem experiente e aqueles que nunca participaram de uma reunião de condomínio. Tem de tudo. Tudo.


Mas, sabe quando temos a sensação de que esta faltando algo... Sei que falta alguma coisa... Mas confesso-lhes que... Não tenho certeza do que tanto me faz falta... Mas me incomoda, pois falta... Faz muita falta...


Pensando na agonia dessa ausência aqui descrita, refleti e cheguei a conclusão de que o que falta é algo simples: Nessas eleições não estão fazendo POLÍTICA. Fazem aquela tal politicagem, a mais baixa conotação que um conceito pode ter.


Não vou voltar a criticar a falta de conteúdo e a banalização das eleições, porém relato aqui que em meu caminho sempre tem um cavalete. Aliás vários cavaletes. É incrível como estão em todos os locais, desde de canteiros principais até balões de cruzamentos.

E já que o assunto é a pedra do caminha, digo os cavaletes, aproveito para ressaltar que placa alguma vai influenciar meu voto. Porém, elas incomodam e também me intrigam: Quantas delas não estão atrapalhando a visibilidade no trânsito? Sem falar na poluição visual...

Vamos sair das cavernas, como já propunha Platão. Vamos sair desse mundo da matéria e partir para o mundo das ideias, exigindo dos partidos suas ideologias e dos candidatos, as propostas. Por favor, propostas e nada de promessas. Por favor, nos levem a sério. O sorriso será consequência.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Estamos rindo à toa?


Dizem que sorrir é sempre o melhor remédio. E que gargalhar proporciona mais prazer a vida. Concordo, mas fico pensando: Até quando vamos rir?
Confesso-lhes que dou risadas para não chorar, e tento encontrar descontração, onde na realidade só existe banalização.

Se "pior não fica", por que não usar argumentos e unir forças para que tudo fique bem melhor? Se eles querem e podem fazer, então por que até hoje não fizeram? São tantos os porquês...

Nesta situação, o máximo que conseguimos fazer é rir e comentar que “fulano”, aquela “figura” é candidato. Somos incapazes de falar que “ciclano” tem uma “proposta” interessante e que pode dar certo. Isso porque, não vemos propostas. Não encontramos ideias.

Vejo com angústia e desespero, nossa política se transformar em espetáculo, nossas instituições tornarem picadeiros e nossos representantes vestirem o nariz de palhaço.
Entristeço-me só de pensar que a política reflete seu povo, ou que o povo, nada mais é que o reflexo de sua política. Fico triste e temo ambas afirmações.

Sem acreditar em utopia, tenho a esperança de que tudo pode ser melhor. Junto com a espera, vem a saudade, da época em que na Grécia, lá nos primórdios da vida pública, política era simplesmente a “arte de bem governar”.